4 comments | quinta-feira, novembro 30, 2006

... é aqui que se vomita?

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Foto de POS

Foto de POS
Rua do Ouro, Porto

Enquanto passa no "Porto Canal" uma entrevista que até ver não passa de chachada, reproduzo aqui a iconografia do entrevistado.

Foi uma boa ideia renovar as placas toponímicas, o resultado foi miserável. Agitando como estandarte a autoria de Armando Alves (tal como sucedeu com a dupla Siza/Souto de Moura, na Avenida dos Aliados), as novas placas foram apresentadas como o milagroso ovo de Colombo. Mas não passam de uma aberração, ao nível do design, porque o tipo de letra utilizado e respectiva condensação dificultam a leitura, e estas placas existem para serem lidas, em especial por forasteiros, quantas vezes de dentro de automóveis. Inicialmente, fizeram-nas mais pequenas: aí é que nada se lia, tiveram de subir o orçamento para as engordar um pouco.

Na segunda foto, dois aspectos: um espaço da Câmara para que as pessoas olhem para um carro antigo (nem dos mais antigos, um carocha como tantos que por aí há); o logótipo do município alterado no anterior mandato, tendo o símbolo do poder municipal - os Paços do Concelho - dado lugar a uma coisa muito mal feitinha com a Torre dos Clérigos... lá por a torre ser "ex-libris" da cidade, não significa que um edifício religioso possa simbolizar o poder laico... quando alguém com um pouco de tino chegar à Câmara, lá terá de mudar tudo outra vez.

0 comments | quarta-feira, novembro 29, 2006



"Asturias", de Isaac Albéniz, pelo guitarrista australiano John Williams.

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Já que se gaba de ser um fenómeno de audiências, o absurdo site da Câmara Municipal do Porto passou a ser, também, tribuna para as causas da empresa Metro do Porto, no estilo "lone ranger" que caracteriza, em geral, os textículos ali publicados. Claro que isto anda tudo ligado, os municípios e o metro, pelo bem e pelo mal, mas compete à inteligência fazer a separação nos momentos em que esta é exigível. Sendo que a Câmara não está listada no regime comercial como agência noticiosa, talvez ali haja matéria passível de ser inspeccionada...

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Percursos de vidas cheias, reflexões importantes sobre o que somos e para onde vamos, gente que fala com entusiasmo e pertinência... Ritmo, inteligência, saber, humildade... Vi apenas os programas com José da Silva Lopes e com Jorge Silva Melo, também me disseram que o de Adriano Moreira foi excelente. "O Portugal de..." (RTP) é do melhor que se tem feito em televisão, neste país. A atestá-lo, a circunstância de ir para o ar entre a uma e as duas da manhã...

0 comments | terça-feira, novembro 28, 2006

Há um gajo que se chama Papa e está na Turquia. Estive a aturá-lo até agora (salvo seja!), pelo que não me apetece blogar. Vou mas é comer.

0 comments | segunda-feira, novembro 27, 2006

Foto de POS
Baía do Seixal

Fronteiras. Linhas que traçamos na vida, por todos os lados. Que nos travam ou, num arrebatamento, cruzamos em busca da interdição que ali inventámos. Traços invisíveis. Horizontais, verticais, oblíquos. Firmes rectas ou esquivas curvas, que se distanciam quando nos aprestamos a tocá-las. Dividem o bem do mal, certo, mas também o cinzento do pleno luminoso. Não devemos cruzar as primeiras, somos impelidos a pular sobre as segundas. E convencemo-nos de que o outro lado é o nosso lado, porque ali soubemos como existir se torna um verbo refulgente. Nessa nova terminologia gramatical, em que os verbos podem ser refulgentes, baços ou plúmbeos, é claro que só queremos os que brilham. Tão claro como precisarmos de conhecer os outros para fazer a distinção. Nada de novo. Nada de nada. Apenas o curso das vidas, em que a noite é o certificado do dia.

2 comments | sábado, novembro 25, 2006





Talvez isto não resulte muito bem. Não importa. A ideia, mais do que ficar de olhos em bico a olhar para as imagens, fracas imagens, é absorver, nota por nota, letra por letra, a música. Clicando na tecla "play", "Les jours tristes", de Yann Tiersen, condimentada pela voz de Neil Hannon (The Divine Comedy). Um espanto.

It's hard, hard not to sit on your hands
And bury your head in the sand
Hard not to make other plans
and claim that you've done all you can all along
And life must go on

It's hard, hard to stand up for what's right
And bring home the bacon each night
Hard not to break down and cry
When every idea that you've tried has been wrong
But you must carry on

It's hard but you know it's worth the fight
'cause you know you've got the truth on your side
When the accusations fly, hold tight
Don't be afraid of what they'll say
Who cares what cowards think, anyway
They will understand one day, one day

It's hard, hard when you're here all alone
And everyone else has gone home
Harder to know right from wrong
When all objectivity's gone
And it's gone
But you still carry on

'cause you, you are the only one left
And you've got to clean up this mess
You know you'll end up like the rest
Bitter and twisted, unless
You stay strong and you carry on

It's hard but you know it's worth the fight
'cause you know you've got the truth on your side
When the accusations fly, hold tight
And don't be afraid of what they'll say
Who cares what cowards think, anyway
They will understand one day, one day.

1 comments | terça-feira, novembro 21, 2006

Foto de POS
Cantareira, Porto

Pois dois. Sem resposta, em Moscovo. Podiam ser mais, mas até calha bem com o par de garrafões na foto. Seja como for, o Portinho jogou à bola. Sem espinhas. Até dá vontade de ser optimista e linkar este mágico post do não sei pra mais, mágico porque faz desaparecer essa outra cidade com que nos cruzamos todos os dias. Às vezes, precisamos destas conscientes ilusões. Para respirar. E a vitória do FCP deu-me vontade de respirar.

* ou será que é tinto?

1 comments | segunda-feira, novembro 20, 2006



A kind and steady heart can make a grey sky blue,
And a task that seems impossible, is quite possible for you.
A kind and steady heart, is sure to see you through.
It may not seem like very much right now,
But it’ll do, it’ll do.

When you find yourself in the middle of a storm,
And you’re tired and cold and wet,
And you’re looking for a place that’s cosy and warm,
You’ll make it; if you never forget!

A kind and steady heart, can conquer doubt and fear.
A little courage goes a long, long way,
Gets you a little bit further down the road each day,
And before you know it, you’ll hear someone say,
"That’ll do, Babe, that’ll do."

A kind and steady heart, is sure to see you through.
A little courage goes a long, long way,
Gets you a little bit further down the road each day,
And before you know it, you’ll hear someone say,
"That’ll do, that’ll do, that’ll do, Babe, that’ll do".

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E aqui fica o grande, grande Peter Gabriel, na cerimónia dos Óscares de 1998 (uma aparição que surpreendeu muita gente), a cantar "That'll do", letra e música de Randy Newman (lá está ele, naturalmente). A canção não ganhou o prémio. Mantém-se, assim imaculada e linda.

nota: peço desculpa pela qualidade da imagem... já o tipo que pôs isto no YouTube fez o mesmo.

0 comments | domingo, novembro 19, 2006

Pela noite dentro, e porque a vida está difícil, as televisões fazem saldos, o que torna o espaço publicitário acessível a uma colorida variedade de cromos. Retive um, o "vidente António Monteiro, especialista em produtos naturais". Filmado à beira-mar, olhos no infinito e colarinhos espraiados à largura dos ombros, o homem era, em si, um tratado. Mas fixei-me mais no conteúdo: "vidente especialista em produtos naturais" representa eclectismo, ou o homem é apenas um comerciante de cogumelos silvestres?

0 comments | sábado, novembro 18, 2006

Foto de POS

Com um abraço ao Manuel António Pina, em dia de aniversário natalício.

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"Caixa dos Jornalistas – um património a defender

"Preocupados com uma nova tentativa de encerramento da Caixa de Previdência e Abono de Família dos Jornalistas (CPAFJ), os jornalistas declaram:

"1. A CPAFJ faz parte do património dos jornalistas, não como um privilégio de classe, mas como um patamar de qualidade e de direitos que, não sendo o melhor que se poderia desejar, deveria constituir uma referência para todos os trabalhadores, pois a qualidade no apoio social e na saúde deve nivelar-se sempre por cima e nunca por baixo.

"2. Criada em 1943, a CPAFJ reconhece a especificidade e importância de uma actividade constitucionalmente consagrada como estruturante do Estado democrático e tem constituído, há décadas, um factor de coesão, estabilidade e estímulo para uma classe que desempenha um papel social insubstituível.

"3. O facto de os jornalistas disporem de um subsistema de Saúde significa que o Estado tem em conta, há décadas, as especificidades da nossa profissão, designadamente jornadas intensas e prolongadas e informalidade de horários, com fortes impactos na saúde e na qualidade de vida destes profissionais, como demonstra a significativa prevalência de stress e de doenças do foro cardíaco, desgaste rápido e até morte precoce. Esta situação agravou-se nos últimos anos, com a crescente precariedade, um extraordinário aumento dos níveis de exigência, polivalência e de disponibilidade.

"4. O subsistema de saúde dos jornalistas tem sido ciclicamente posto em causa, por alegado elitismo e por ser pretensamente gravoso para o orçamento da Saúde. Mas a verdade é que, não obstante os níveis de comparticipação nas suas despesas serem superiores aos concedidos à generalidade dos trabalhadores, não só se tem pago a si próprio como tem contribuído para o orçamento geral da Segurança Social.

"5. A existência da CPAFJ volta agora a ser posta em causa, com o Governo a pretender eliminar uma instituição paradigmática que, tendo algumas dificuldades de funcionamento, está longe de esgotar as suas potencialidades e virtualidades, podendo e devendo adaptar-se às novas realidades de uma classe em permanente mutação e com novos problemas, fruto das profundas alterações registadas no sector da comunicação social.

"6. Os jornalistas signatários manifestam-se empenhados na defesa da sua Caixa e estão disponíveis para bater-se por ela."

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Manifesto disponível, para subscrição, em http://jornalistas.online.pt

1 comments | sexta-feira, novembro 17, 2006



Ora aqui vai mais um filmezito. O YouTube é perfeito para inventar posts, quando não sai mais nada. Mas vale a pena. A ária "Amor ti vieta", da ópera Fedora, de Umberto Giordano, já passou pela FdV, mas sem imagens. Vemos aqui uma representação no mítico Alla Scala, em Milão, com Mirella Freni e Plácido Domingo. De tal forma a interpretação do tenor espanhol (ou mexicano, se a formação valer como o nascimento) é avassaladora, que, ocorrendo a meio do segundo acto, o público foi incapaz de parar de aplaudir. É curioso procurar o olhar cúmplice entre os dois, no final, quando ele não pode levantar-se para agradecer e ela não pode felicitá-lo abertamente, embora seja claro que o faz em surdina.

0 comments | quinta-feira, novembro 16, 2006

"O referendo ao aborto é, provavelmente, uma das mais insidiosas manifestações do despotismo da multidão sobre a individualidade humana que Portugal conheceu desde que vive em democracia."

Esta purulência demagógica foi escrita, há pouco, por "um dos mais importantes defensores da Liberdade que Portugal conheceu nas últimas décadas". Pelos vistos, é apologista da liberdade condicionada, formatada, não pela multidão mas pelo Estado. Ou seja, ser liberal pode significar, portanto, dar uns golpes de rins, comer uns sapos como os que Cunhal deglutiu quando apelou ao voto em Soares. Nada de novo, já assim foi nos idos de oitocentos, quando os liberais tinham razão de ser e se fizeram poder...

Por se arrogar doutrinador, "um dos mais importantes defensores da Liberdade que Portugal conheceu nas últimas décadas" tem o arrojo de sugerir que o resultado deste referendo condiciona a dita "individualidade humana", usando da mais rebuscada argumentação que já vi, baseada no pressuposto (nojento pressuposto, de resto) de que à despenalização corresponde a vulgarização, daí advindo uma cadeia de malefícios que resultará na implosão da espécie humana (dedução minha, talvez abusiva, feita porque não quero discutir o conceito de individualidade ali posto por "um dos mais importantes defensores da Liberdade que Portugal conheceu nas últimas décadas").

Para filho do racionalismo, "um dos mais importantes defensores da Liberdade que Portugal conheceu nas últimas décadas" é demasiado profético.

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O que me incomoda mesmo é que gente como "um dos mais importantes defensores da Liberdade que Portugal conheceu nas últimas décadas", reduzindo todas as questões a uma doutrina que, afinal, quer impor aos restantes (meta típica dos neo-conservadores, que queriam espalhar a democracia, no sentido americano do termo, a todo o mundo, mesmo à força da bomba e ao ritmo da metralhadora), tenha possibilidade de, influenciando os crentes, manter Portugal ao sabor da vergonha e do atraso legislativo.

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Ao mesmo tempo, Aníbal Silva e Pedro Lopes estão a ser entrevistados, mas em estações televisivas separadas, como convém. À pergunta essencial, a única que interessa, nenhum deles responderá, mas seremos em breve esclarecidos: qual dos dois tem mais share?

0 comments | quarta-feira, novembro 15, 2006

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Já foi aprovada, pelo Tribunal Constitucional, a pergunta. É a mesma de 1998: "Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?".

Há tempos, já deixei aqui explicado que voto Sim. Faltou-me dizer, como o faço agora, que a Assembleia da República teria absoluta competência para legislar nesta matéria. Não estou aqui a colar a quaisquer discursos partidários, é mesmo isso que penso. Da outra vez, António Guterres escorregou (escorregou com o gosto da própria ortodoxia católica, pelo que não foi propriamente uma escorregadela) na casca de banana lançada por Marcelo Rebelo de Sousa. O resultado não foi vinculativo. A escolha de José Sócrates - dar ao povo a liberdade de querer agora o que então não quis - é a que qualquer político faria. Parece-me que, mais do que por convicção relativa ao funcionamento da democracia e das instituições, escolhe a alternativa que, dê para onde der, não comprometerá em futuros escrutínios eleitorais.

Corremos um sério risco de que tudo fique na mesma. Além de outros factores de manipulação da vontade popular, com a acção da Igreja à cabeça, a pergunta deixa muitas dúvidas. Num país em que a iliteracia impera (tenho uma cada vez maior noção desse triste facto), não faltará quem, ao pensar que está errado mandar mulheres para a cadeia, não concorde com isso da "despenalização"...

A propósito de perguntas e respostas, há anos, ao entrevistar um dos mais mediáticos padres portugueses, que não padece de tais limitações interpretativas, também lhe lancei uma interrogação manhosa:

_ Confunde despenalização do aborto com liberalização do aborto?

_ Não confundo. Não confundo... _ respondeu, abanando a cabeça e lançando ao chão um olhar de tímida vergonha.

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0 comments | terça-feira, novembro 14, 2006

Os dois cromos que hoje estiveram a trabalhar comigo, este e este, andam empenhados na discussão do sexo dos anjos. Mais lhes valeria debater as de pretos e brancos, de dimensões falo (olha, falo... e sem querer), conversa que seria mais adequada à liça onde se movem. É tudo pacífico, entenda-se, mas deu-lhes para andar aqui a teimar se as questões raciais são ou não adequadas para enquadrar determinadas problemáticas, deles mais próximas, de origem angolana ambos são. Eu é que não tenho pachorra para os ouvir, como não tenho pachorra para a evocação universal do racismo, pois como o Paulo diz, mais coisa, menos coisa, é mundo onde não caibo. Um assume-se angolano, o outro também mas não tanto... Já os mandei para lá, para Angola, só para não me azucrinarem o juízo com essa conversa da treta. Esta portugalidade espalhada pelo mundo é complicada, mais nuns sítios do que noutros. Em Caracas, por exemplo, o galo de Barcelos brilha bem alto. Há uma candidata à presidência (mero folclore, claro) cujo nome fala mais alto do que qualquer tratado de cooperação: Venezuela Portuguesa da Silva. Sim, chama-se Venezuela Portuguesa da Silva, porque o pai, emigrante de Aveiro, amava a Venezuela, quis perpetuar na filha a consciência das lusas origens e, azar dos azares, tinha Silva por apelido.

0 comments | segunda-feira, novembro 13, 2006

Se a falência do estado liberal se traduziu em arbitrariedades da mais diversa índole, se redundou em níveis de pobreza para os quais o salário mínimo foi uma possível panaceia, por que insistem os liberais no país das maravilhas onde o salário mínimo, porquanto "interferência" do Estado, é entrave ao livre funcionamento do mercado, do qual resultará a humana felicidade?... Acreditam eles que, realmente, os mais humildes trabalhadores (se falo em "explorados" ainda me chamam nomes) conseguirão todos vencer pela via do mérito? Ou acreditarão eles nessa ideia malthusiana de que os pobres o são por culpa própria? Ou serão eles privilegiados que se estão nas tintas para o destino dos outros, no pressuposto de que trilham eles mesmos o caminho do mérito individual e, claro, estão nas boas graças dos que os avaliam?...

0 comments | sábado, novembro 11, 2006

"Li o discurso em espanhol, como previsto, com razoável pronúncia - e acho que o texto era bom. Não era um mero discurso de circunstância - continha uma ideia."

Ah! Uma ideia... Valente! Terá valido ao mais celebrado arquitecto do jornalismo português o frete de ir a Madrid receber o prémio Luca de Tena, das mãos do próprio rei Juan Carlos. Estará tudo no livro em que José António Saraiva partilha, na densa trama de 412 páginas, as experiências de director de jornais e companheiro de políticos à mesa. Na semana passada, por exemplo, soubemos que não gosta de salmão nem de espargos. Eu não gosto de polvo, mas ninguém quer saber disso. Nem tenho ideias. Como esta ideia de promover o próprio livro à grande, com sete doses de pré-publicação, no jornal de que é director. Perfeito. A ideia do discurso já não sei qual era, mas está lá, algures, entre o Mercedes com motorista e o quarto no hotel Ritz.

* sofrível adaptação de "The belly of an architect", título de um filme de Peter Greenaway.

0 comments | sexta-feira, novembro 10, 2006

Foto de POS
Na minha rua

... só arranjei vinho, se bem que aquela garrafa da foto já deva estar vazia há muito tempo. Faltam as castanhas, que podem ser Castanea alnifolia, Castanea crenata, Castanea dentata, Castanea henryi, Castanea mollissima, Castanea ozarkensis, Castanea pumila, Castanea sativa e Castanea seguinii. Ao que parece, aquelas a que chamamos "quentes e boas" são as Castanea sativa. Venham elas!

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Se há um livro sagrado da bimbalhada, é, sem concorrência, o "Guinness Book of Records". Vai daí, esta jogada do benfica, que conquistou o direito de ser listado como o clube do mundo com mais associados, é perfeitamente adequada. O filme que se segue demonstra o que quero dizer.



Cheguei a esta pérola através do blasfemo JCD, que, embora lagarto e liberal recalcitrante, tem um fino sentido de humor.

1 comments | quinta-feira, novembro 09, 2006



Não existe o melhor filme de sempre nem o melhor nada de sempre. Não gosto quando as pessoas falam no filme das respectivas vidas, ou acenam com o livro que os transformou nos seres que são. A nossa construção é mais complexa. Mas posso dizer - já aqui o escrevi - que este Magnolia (1999), de Paul Thomas Anderson, é um dos meus filmes de culto. Espero que apreciem a cena em que as personagens cantam sobre "Wise up", de Aimée Mann. A canção, belíssima, termina com a sentença "give up", mas não se trata de desistência. É o momento em que todas as vidas bateram no fundo. A redenção virá depois. No fim, a chuva pára, subitamente. Ainda vemos isso. Segue-se uma inaudita, improvável e purificadora chuva de sapos. Depois, o mundo terá de ser um lugar diferente. Para estas pessoas, só poderia ficar melhor, mesmo que pouco.

Pela ordem em que cantam, os actores são: Melora Walters, John C. Reilly, Philip Baker Hall, William H. Macy, Philip Seymour Hoffman, Jason Robards, Julianne Moore, Tom Cruise e Jeremy Blackman.

0 comments | terça-feira, novembro 07, 2006

Ou eu não me fiz entender, ou o João Miranda não quis entender. Certo é que não entendeu , pelo que vou escrever mais devagar. O momento histórico é um conceito da historiografia, pelo que, por definição, nada desculpa, uma vez que a História não existe para desculpar ou culpabilizar. Algo que não se aplica, claro, ao uso panfletário da História, de que nos deu amostra no seu post inspirado na morte de Mussolini.

Mas, se quer pôr as coisas nesses termos, é evidente que os princípios se alteram em conformidade com os momentos históricos, excepto quando se tem uma fé inquebrantável, seja na transcendência ou na ideologia (sim, eu sei que há essa vertente mística do Liberalismo, assente no entendimento de determinados princípios como definitivos e, simultaneamente, primordiais...). Os princípios devem ser sempre assumidos por quem os tem e, no caso em apreço, expresso através dos devidos canais diplomáticos, mas, como referi, “sem isso significar ingerência em estados soberanos”, pelo que não será adequado invadir o Iraque para impedir a execução de Saddam. Acreditar em princípios universais – os nossos – não passa de primevo etnocentrismo. Que rejeito.

De resto, quer-me parecer que faz uma grande confusão. Falar em momentos históricos não pressupõe, em nada, assumir que há um progresso da barbárie para a civilização. Pelo contrário, é algo que serve para relativizar as diferenças, no sentido de tentar compreendê-las, com alguma humildade, que outra maneira não existe. Claro que vivemos, o João e eu, em momentos históricos diferentes. Eu estou no Porto, em Portugal, estado-membro da União Europeia, em 2006. Pelo menos, penso que sim, mas nunca se sabe...

3 comments | segunda-feira, novembro 06, 2006

Já ia desligar esta engenhoca, mas há sempre motivos, numa volta final pelos blogues, para ficar irritado. João Miranda (Blasfémias) esforçado teorizador blogosférico do Liberalismo, foi buscar a execução e exposição do corpo de Benito Mussolini, em 1945, só porque Itália apelou a que não seja cumprida a sentença de execução de Saddam Hussein. Escreve sobre "ilusão de superioridade moral" e fala em circunstâncias idênticas. A questão da superioridade moral é disparatada, não se aplica, e todos os estados da União Europeia têm obrigação de condenar a pena de morte (não apenas quando aplicada a um ex-presidente, mas todos os dias, em muitos países), sem isso significar ingerência em estados soberanos. Quando escreve "circunstâncias idênticas" fá-lo por um de dois motivos - ignorância ou esperteza saloia -, pois falamos de dois tempos históricos absolutamente distintos (antes que apelem à proximidade cronológica, noto que, hoje mesmo, há no mundo momentos históricos absolutamente distintos, apesar de sincrónicos). Mas o que mais me choca é que os mesmos que, aquando do problema com os cartoons dinamarqueses, pugnaram pela superioridade civilizacional do Ocidente, possam agora ter o desplante de criticar a pretensa "superioridade moral" dos que se manifestam contra as execuções.

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Realmente, quem ganha mais do que o presidente da República tem de ser muito prolífico, para justificar o ordenado...

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Georges Bizet, Carmen, prelúdio (Sächsische Staatskapelle Dresden, Giuseppe Sinopoli)


Sobre isto da cultura e das cidades, é interessante, além desta deliciosa interpretação do prelúdio da Carmen, ver como a ópera mobiliza uma cidade. Claro que a cidade alemã de Dresden, alcunhada de "Florença do Elba", tem um passado diferente do Porto. A atestá-lo, neste filme, está o edifício da Semperoper, casa-talismã para as estreias de Richard Strauss, onde também houve a première de óperas de Richard Wagner, como "Tannhäuser" ou "O holandês voador". Vêem-no, de relance, como foi reaberto em 1985, reconstruído depois do tremendo e controverso bombardeamento da cidade pela Royal Air Force, em Fevereiro de 1945. Conheci-o em Agosto de 2002, fortemente danificado pelas transbordantes águas do Elba (reabriu em Dezembro desse ano, em mais uma mostra do que é a espantosa capacidade que aquela gente tem de se reerguer).

Dresden, capital da Saxónia, é uma cidade que, em termos de dimensão, pode ser comparada ao Porto. Escondida, de algum modo, enquanto fez parte da RDA, renasceu de forma quase milagrosa após a reunificação. Dirão, porventura, que foi pelo poder do marco. Também foi. Mas esta recuperação de esplendor não seria possível sem o empenho do poder local (conheci um "öberburgermeister" que nada tinha de Rui Rio) e o entusiasmo de toda a gente. A Staatskapelle Dresden, que vemos no filme, é uma orquestra que faz parte da identidade colectiva. Reconduzi-la ao estatuto internacional que lhe era devido foi um desígnio da cidade (e do estado da Saxónia), entre muitos outros relacionados com as actividades culturais.

Finalizando, para explicar por que pus "um músico" em título, este post é também homenagem a Giuseppe Sinopoli, o italiano que foi maestro titular da Staatskapelle Dresden entre 1992 e 2001, ano em que morreu, de ataque cardíaco, quando regia, em Berlim, uma representação da Aida, de Verdi. Sinopoli, notabilizado, por exemplo, pelas interpretações de Richard Strauss, era, também, psiquiatra, e foi sepultado no dia em que deveria ter concluído a licenciatura em Arqueologia, que lhe foi postumamente concedida. Um homem especial, com certeza, além de ser uma delícia ver o entusiasmo que demonstrava ao comando de uma orquestra sinfónica. Os primeiros segundos deste filme são elucidativos.

2 comments | domingo, novembro 05, 2006

O blogue A Baixa do Porto tem, entre muitos outros, o mérito de constituir um bom indicador das formas de pensar a cidade, aberto que está a todas as tendências, opiniões, ideologias e por aí fora. Ao passar por lá há pouco, desejoso de ver as reacções à medida de Rui Rio aflorada no post anterior, dei de caras com alguns equívocos, entre eles um que me faz particular espécie: o conceito de sociedade civil.

Diz o Tiago Azevedo Fernandes, meritório dinamizador desse espaço, que "é a sociedade civil que tem de resolver os seus problemas, até porque da Administração Pública já não há muito a esperar". Ora, uma das características que melhor diferenciam a humana espécie, no seio da Criação, é a capacidade de complicar. Ou seja, estaríamos bem servidos se nos limitássemos a destrinçar entre civis e militares, mas há que ir sempre acrescentando elementos (simples ruído, tantas vezes) à nossa conceptualização, o que leva ao aparecimento de coisas que toda a gente aceita, mesmo sem saber o que significam, como a bendita "sociedade civil". Esse conceito é errado, neste contexto, porque o contraponto ao poder público é a iniciativa privada, não a "sociedade civil" (anónima? por quotas? cotada em bolsa?...). Mais errado ainda, muito mais errado ainda, sublinho, porque os poderes eleitos são a dita sociedade civil. São, insisto, servidores de toda a sociedade que os elegeu, entendendo-se aí os que neles e contra eles votaram.

O Tiago fala em "Administração Pública", mas os titulares de órgãos políticos não fazem parte da Administração Pública. Tutelam-na, é certo, mas são muito mais do que isso. Ao alimentar a tese de que a dita "sociedade civil" tem de tomar em mãos as tarefas em que a dita "Administração Pública" falha, está a aceitar, implicitamente, que Rui Rio faz muito bem em querer ser um mero gestor. Ora, isto põe em causa toda a natureza do nosso sistema político, na medida em que o eleitorado, grosso modo, nada sabe de gestão, pelo que seria de melhor juízo contratar presidentes de câmara, ao invés de os eleger.

Os apoios (chamem-lhes subsídios, se querem alinhar nessa ideia de que toda a gente que faz algo só sabe andar de mão estendida) fazem parte das competências que o conjunto dos cidadãos delega nos eleitos, sejam locais ou nacionais. Os favorecimentos de clientelas ou a corrupção são problemas laterais, que têm de ser combatidos com seriedade e competência. Cortar o mal pela raiz, acabando com os subsídios (e não estamos a falar apenas de actividades culturais, que, pelos vistos, são vistas como inúteis por muita gente), não é mais do que a assunção da própria incompetência.

Rui Rio admitiu, portanto, que é incompetente. Nada que não soubéssemos.

0 comments | sábado, novembro 04, 2006

Rui Fernando da Silva Rio, presidente da Câmara Municipal do Porto com maioria absoluta, sentou-se e determinou. Determinou com firmeza, diria eu com determinação. Até com o alívio dos justos, como quando o ciclo da natureza determina (lá está) que as almoçaradas não são totalmente absorvidas pelo organismo, antes reconduzidas ao mágico círculo da vida, com ou sem estações de tratamento de permeio. Determinou que, a partir de 1 de Janeiro de 2007, o município nada mais subsidiará, a fundo perdido, com algumas excepções, de que destaco as "situações altamente excepcionais de caracter (sic) exclusivamente social que deverão ser alvo de análise casuística", apenas por ser uma espécie de frase-tipo dos demagogos. Rui Rio sentou-se e determinou, porque é um homem de acção, em especial quando se senta para determinar. Faça ou não coisas inteligentes, justas ou injustas, boas ou más para a cidade, tem uma imagem de marca: o presidente determinou, está determinado. O despacho de Sua Excelência está disponível no site da Câmara Municipal do Porto, para o qual, como saberão os leitores mais atentos, não faço link, por não andar aqui para promover espaços de propaganda pagos com dinheiros públicos (será adequado dizer que são subsidiados?...). É fácil encontrá-lo, não há que enganar, escrito e ilustrado que está com o habitual cunho kitch de quem ali trabalha. Sobre o dito despacho de Sua Excelência registo, apenas, que era absolutamente dispensável a introdução moralizadora com que somos brindados, porquanto o tempo consagrado à leitura é precioso de mais para ser gasto com essas coisas. Quando se sentou, Rui Rio deveria ter sido mais espartano na determinação. Não havia necessidade. Com estas e com outras prodigiosas determinações, cabe ao eleitorado encher o autoclismo de água e esperar, pacientemente, o momento de puxar a corda.

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Parei cinco minutos, esta manhã, a ver um programa televisivo para adolescentes. Discutiam-se as diferenças entre "agora ou nunca" e "tudo ou nada". Serei normal?

0 comments | sexta-feira, novembro 03, 2006

Estamos em 2006. Daqui a cem anos, para não ir muito longe, seremos vistos como primitivos por todos aqueles - a maioria, sempre a maioria - que não souberem beber da história o maior ensinamento, isto é, entender que cada época é o que haveria de ter sido porque assim era e ponto final. Ou seja, nunca se pode julgar o passado, muito menos à luz do presente. Porém, olhando este nosso presente à luz do passado em que assentamos (e já vem do medievo Bernardo de Chartres a ideia de que "somos como anões aos ombros de gigantes"), espanta-me, pelo que tenho ouvido e lido a propósito da questão do aborto, que haja tanta gente incapaz de compreender que a moral que julgam cristã é, afinal de contas, mera doutrina de eclesiásticos sedentos de poder, construída ao longo de séculos.

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Foto de POS
Amora, Seixal

Num feio dormitório de Lisboa, um conceito de apartamento que, felizmente, não foi adoptado nestas terras portuenses: as caves.

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Têm todas as liberdades menos uma, a espontaneidade. Isso impede-os de sentir. Quando confrontados com um problema, nunca questionam o que acham do assunto, mas traçam complexas formulações para explicar o que, enquanto liberais, devem achar do assunto. Resumidamente, não são livres, instrumentalizados que foram pela ideologia da liberdade (individual, claro).

0 comments | quarta-feira, novembro 01, 2006

Foto de POS
Estádio do Dragão, 2006