2 comments | quinta-feira, junho 23, 2005

Ouvem-se por aí expressões completamente idiotas, típicas de um certo tipo de jornalismo moderno (creio estar à vontade para dizer isto).
Dois exemplos:

a) "Portugal enviou para as terras do Preste João dez toneladas de ajuda humanitária".

b) "O incêndio na serra dos mamilos estava a ser combatido por um meio aéreo".

1 comments | quarta-feira, junho 15, 2005

A cidade do Porto tem sido, ao longo dos séculos, campo de combates, de resistência e de irreverência. Não a deslustra em nada ter numa rua o nome de Álvaro Cunhal, do resistente Álvaro Cunhal. A onda de reacções a esse própósito que por aí anda é, na minha opinião, infantil e medíocre.

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Não te doas do meu silêncio.
Estou cansado de todas as palavras.
Não sabes que te amo?
Pousa a mão na minha testa:
Captarás, numa palpitação inefável,
O sentido da única palavra essencial
- Amor.

Manuel Bandeira

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Tenho aqui vindo, pois, mas sem blogar. Há homenagens que estão por fazer, pensamentos por traduzir em palavras, Há cansaço, concentração noutras tarefas. Tenho nos ouvidos o Requiem de Mozart (Herbert von Karajan, Berliner Philharmoniker), não por atravessarmos uma semana de morte e funerais. É porque a cabeça também precisa de requiescere, mesmo que não seja eternamente.

10 comments | terça-feira, junho 07, 2005

Isto não é má vontade. Nem bairrismo. Mas hoje ouvi, no programa matinal de notícias da RTP, algo que me deixou banzado, ainda por cima numa rubrica intitulada "Bom Português". Não foi calinada, admito, mas foi novidade para estes ouvidos. Falavam do quê (q, 17.ª letra do alfabeto) e chamaram-lhe "quê de nove". Percebi à primeira, há para ali uma parecença gráfica, q = 9... Mas, convenhamos, "quê de nove" é algo como "ésse de cinco" (S = 5) ou "éle de um" (l = 1). Bem sei que são coisas que se dizem aos meninos, para aprender a distinguir as letras (desnecessário, diga-se, pois a única confusão possível seria com a letra C, que se lê cê). Também eu aprendi dessa maneira, mas era "quê de haste" ou "quê de cauda". "Quê de quá-quá" (arghhh!...) já ouvi muitas vezes, "quê de nove" é que nunca, até porque a letra em causa não aparece na palavra nove. Presumo que seja um expediente lisboeta, que nem provoca um espanto assim tão grande. Afinal, a simplificação verbal em voga na capital faz com que, por exemplo, cabide sirva para designar cabide e cruzeta, que, como muitos saberão, são coisas completamente diferentes.

0 comments | sexta-feira, junho 03, 2005

Se eu fosse mais encorpado, ao abrir os braços, tocaria ambos os muros que ladeiam a Rua da Boa Viagem. Por ela desço, por vezes, em busca do frescor da beira-rio, por ela subo de novo, mais a custo, para regressar ao ponto de partida onde o pópó ficou espojado ao sol. Um dia destes, nessa nesga campestre em plena cidade, cruzei-me com um varredor da Câmara, ou cruzou-se ele comigo. Teve de desviar o carrinho com balde, não cabíamos todos. Nesse momento, nem ele nem eu. Dissemos de uma só vez, sem pensar, “bom dia!”. Há uns anos, nos confins nordestinos de Rio de Onor, uma senhora fazia-me queixa de forasteiros como eu: “O pior é quando passam e não dão as boas horas...”. Numa rua do Porto, em caminhos ditos “do Romântico”, dois desconhecidos, em sentidos contrários, tiveram a noção do Outro, o respeito pelo semelhante que parecia confinado, e mal, a essas terras onde aparece gente grosseira, que não sabe dar as boas horas.

0 comments | quinta-feira, junho 02, 2005

Antes que pensem que isto vai outra vez hibernar por larga temporada, digo que não. Mas é verdade que as ideias estão em greve. Cansaço e bastantes horas de sono perdidas, ainda por cima sem ser na má vida, são obstáculos que tentarei ultrapassar o mais depressa possível.