0 comments | sexta-feira, agosto 31, 2007

Esta canção já uma vez esteve na FdV, mas gosto tanto dela que aqui a ponho novamente, não apenas para dar uso às engrenagens do blogue, mas porque me apetece mesmo. A televisão também está sempre a repetir filmes e séries...





David Bowie, Slip away


Oogie waits for just another day
Drags his bones to see the Yankees play
Bones Boy talks and flickers gray
Oh, they slip away


Once a time they nearly might have been
Bones and Oogie on a silver screen
No one knew what they could do
Except for me and you
They slip away
They slip away


Don't forget to keep your head warm
Twinkle twinkle Uncle Floyd
Watching all the world and war torn
How I wonder where you are


Sailing over Coney Island
Twinkle twinkle Uncle Floyd
We were dumb but you were fun, boy
How I wonder where you are
Oo-oo


Oogie knew there's never ever time
Some of us will always stay behind
Down in space it's always 1982
The joke we always knew
Oo-oo
What's-a matter with you

C'mon, let's go
Slip away
Oo-oo

0 comments | quinta-feira, agosto 30, 2007



Exclusivo FdV: Dick Dastardly e Mutley em treinos para as "wacky races" portuenses.

0 comments | sábado, agosto 25, 2007

Diz o site mais manhoso de Portugal que "a Câmara do Porto vai apurar responsabilidades no caso da acumulação de lixo na cidade, detectada na última semana". Ora, a acumulação de lixo é um problema tão velho como a cidade, e, se a mudança de mentalidades das pessoas que sujam é um processo moroso, de séculos, compete às autoridades ir tratando, em continuidade, do assunto. Se amanhã tiver tempo, ou seja, se acordar cedo, talvez dê uma volta por sítios que eu cá sei para mostrar como o Porto dominical se mostra aos turistas, que, pelo que tenho visto, são este ano mais do que muitos.


"A Câmara do Porto vai apurar responsabilidades", à boa maneira portuguesa. Num sítio decente, a primeira coisa a fazer seria limpar, e o processo de apuramento de responsabilidades correria em paralelo, sem parangonas mas com eficácia. Mas estamos a falar de um município português, ainda por cima deste Porto despovoado e desmiolado.


Enquanto houver corridas de automóveis e piruetas aeronáuticas, aquela chusma fica contente e não faltam observadores deleitados. Isso de o centro histórico do Porto ainda ser património da Humanidade é coisa despicienda, que a nada obriga. Até ao dia em que os senhores da UNESCO se lembrem de nos tirar da lista. E a verdade é que - fora todo o resto - os monumentos são mais fiáveis na atracção de estrangeiros do que as corridas de calhambeques e os avatares de Dick Dastardly voando sobre o Douro.


Deixo mais um exemplo de incúria, captado num breve passeio matinal que tantos visitantes também fazerm: subi à Sé e desci à Ribeira (Rua das Aldas, Rua da Pena Ventosa, Largo do Colégio, Rua de Sant'Ana, Rua da Bainharia, Rua dos Mercadores...), passando, obviamente, pela igreja de S. Lourenço (estupidamente chamada de "dos Grilos" em placas indicativas), originalmente associada ao colégio dos jesuítas, onde funciona o seminário maior da diocese portucalense. É um monumento importante, as imagens mostram, sem palavras, como está o lado poente do templo.


Foto de POS


Foto de POS


Foto de POS


Foto de POS

0 comments | sexta-feira, agosto 24, 2007

... reparei agora que estamos a 24 de Agosto, pelo que seria de bom tom este blogue portuense honrar a memória da revolução liberal de 1820. Está honrada.

0 comments | quarta-feira, agosto 22, 2007

Isto da silly season tem tudo a ver com os blogues, ou, de algum modo, pega-se. Nesta vossa baiuca, pelo menos, é quase nula a vontade de escrever algo que aparente ter interesse, pelo que o melhor é estar quieto à espera de melhores dias. Fico, aqui, pelo teste de uma nova forma de alojar sons e outras bagatelas, porque vi aqui e gostei do aspecto. Fiz upload de uma música do Frank Zappa porque... enfim, porque calhou, um pouco como sucedeu a esse insigne futebolista que, certo dia, confessou ter chutado com o pé que tinha mais à mão.





Frank Zappa, Love of my life

0 comments | sexta-feira, agosto 17, 2007

Estava moi-même, ontem, posto em sossego, ou não tanto assim, porque me saracoteava na cadeira, impelido pelo que os auriculares injectavam cá para dentro, quando passou o meu amigo Paulo Felizes, inquirindo o que eu ouvia. Respondi-lhe "música de cotas" e mostrei-lhe o que abaixo reproduzo, ao que ele (um verdadeiro mausoléu, se comparado com a minha arejada juventude) assentiu. Descaradamente.





O tema é, evidentemente, "Layla", com co-autoria de Eric Clapton, quando integrava o projecto Derek and the Dominos, no início dessa longínqua década de 1970. É das canções mais marcantes e inconfundíveis do músico britânico, que no filme atrás surge acompanhado por gente como Jimmy Page, Jeff Beck, Bill Wyman, Charlie Watts ou Steve Winwood. A interpretação é de 1983, no londrino Royal Albert Hall, onde se realizaram dois concertos de apoio ao combate à esclerose múltipla e em homenagem a Ronnie Lane (dos Small Faces e dos Faces), que veio a ser vitimado pela doença, em 1997. A interpretação é memorável, mas hesitei em pô-la aqui, por o som não ser grande coisa. Em alternativa, portanto, deixo um Clapton mais entradote (1999, no Madison Square Garden, em Nova Iorque), mostrando que "Layla" não pára de mexer e extraindo um solo fabuloso da sua Fender Stratocaster.


0 comments | quinta-feira, agosto 16, 2007

Salvas muito poucas excepções, este blogue é feito de pequenos ímpetos. Escrever, reler muito na diagonal e publicar. A palavra é pouco trabalhada, a sintaxe é o que sai, as ideias podem parecer confusas. Para que um texto envergonhe menos, tem de estar um pedaço em pousio, só depois podendo ser relido. Repetindo o processo algumas vezes, sempre algumas arestas surgem afiadas, a pedir o devido desbaste, com grosa, lima ou fina lixa de água. Isto para dizer que, aqui chegado hoje, abri o blogue e vi, no último post, uma construção de tal modo estapafúrdia que até tremi enquanto a corrigia (mentira, isto é só para dramatizar a coisa). Fica aqui o pedido de desculpa endereçado aos excelsos leitores, se é que alguém realmente se demora nesta choça.

0 comments | domingo, agosto 12, 2007

Outra maneira que não esta seria impensável, aqui, para homenagear Miguel Torga, nascido há cem anos entre fragas, dores e cavadores. Porque o poeta - nunca senão como poeta se assumiu na vida literária - foi um pioneiro dos blogues, nesse Diário que foi publicando, ao longo de sessenta e um anos e dezasseis volumes. Daí que este assomo de blogue tenha optado, sem minucioso e atempado planeamento, por assinalar a data através da reprodução de alguns posts saídos do punho desse transmutado Adolfo Correia da Rocha.


Ao todo, seis posts desta Fonte das Virtudes, despidos da ambição com que Torga, num projecto que a longevidade permitiu concretizar, traçou os seis dias de "A criação do mundo". Mas seis posts com alguma relevância, este redigido, os cinco primeiros copiados.


Os quatro primeiros posts estão explicados, três foram escritos noutros dias 12 de Agosto, do alvor ao crepúsculo do poeta, o outro, a propósito de Antero de Quental, mostra o que Torga pensou sobre isto dos centenários.


O quinto é a reprodução de um poema dado à estampa no "Diário", que, sem mais, poderá parecer uma escolha bizarra. Mas tem uma razão de ser, na medida em que foi um dos meus primeiros, se não o primeiro, contactos com Miguel Torga. Além dos textos dos "Bichos" que lia com o meu Pai, esta História Antiga fazia parte de um dos meus livros de leitura da escola primária, e, um dia, eu e mais um ou dois colegas fomos postos a lê-lo, como jograis, numa festa de Natal. Mais do que o episódio bíblico da matança dos inocentes, a única leitura ao alcance dos meninos da primária, devemos agora reparar no que significou, em 1937, escrever estes versos, sintoma de uma esperança em justiça que tarda mas não falha.


E acabo este sexto post de homenagem a Miguel Torga com um pequeno episódio que me é chegado, suficiente para ver que o grande escritor era, também, um homem como qualquer outro, particularmente agarrado a coisas mundanas, como aquilo com que se compram melões e outras refeições.


Na segunda metade da década de 1940, o meu Pai, estudante de Românicas em Coimbra, fez parte, entre outras coisas, da Sociedade Filantrópica Académica, organismo que prestava apoios a estudantes carenciados, como a concessão de bolsas, entre outros. Ora, houve uma ocasião em que a Filantrópica conseguiu levar a Coimbra a companhia do Teatro Nacional, que levava à cena uma peça de Miguel Torga, provavelmente "Mar". Dados os objectivos do espectáculo os rapazes que o organizavam foram ao consultório do dr. Adolfo Rocha, otorrinolaringologista, pedir-lhe que renunciasse aos direitos de autor da representação que caberiam ao alter-ego Miguel Torga, algo a que ele prontamente anuiu.


Ora, deu-se, afinal, o caso de Torga cobrar mesmo os direitos de autor, porque deixar escapar dinheiro talvez fosse coisa que lhe doesse. Mas, depois, arrependeu-se, e, durante alguns tempos, quando o meu pai, um garoto de Letras, entrava na Confeitaria Central, Miguel Torga, já então um consagrado a nível nacional, mergulhava sempre a cabeça nas golas do casaco.


Na rua, a mesma coisa. Enterrava o chapéu, levantava as golas, mudava de passeio e estugava o passo. Um outro estudante, numa dessas situações, encontrou a metáfora adequada:


- Lá vai um porco-espinho a corta-mato!

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«Coimbra, 12 de Outubro de 1937


«HISTÓRIA ANTIGA


«Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava, e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.


«E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da Nação.


«Mas,
Por acaso ou milagre aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.»


in Diário I

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«Coimbra, 12 de Agosto de 1993 - Oitenta e seis anos. Mas os amigos adiaram a comemoração para depois de amanhã. E a mim tanto me faz. Chegar a esta idade era bonito se fosse em plenitude física e mental. Mas, assim inválido por fora e por dentro, sobrevivo, todos os dias me são iguais, porque em todos dou apenas o triste espectáculo de uma teimosia vital insólita, que só espanta e causa pena.»


in Diário XVI

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«Lavadores, 12 de Agosto de 1946 - Trinta e nove anos. Meia vida passada, se isto se for aguentando, tomba daqui, tomba dali. E tudo por fazer! Comecei tarde, sem nenhuma preparação, e com defeitos horríveis, que tenho ido limando pouco a pouco, mas que resistem como fortalezas. Nasci afirmativo de mais, puritano de mais, uno de mais, apesar de uma timidez confrangedora, duma aceitação natural da volúpia e duma dispersão aflitiva a cada instante. Tenho medo dum polícia e sou capaz de enfrentar um exército; passo a vida a praticar virtudes que proíbo terminantemente aos outros; escrevo um poema, a dar uma consulta. De maneira que nunca consegui encarar aquele equilíbrio criador onde julgo existir o pomar das grandes obras. Debato-me entre forças contraditórias, e ao cabo de cada livro sinto-me insatisfeito e culpado como um pecador que não cumpriu bem a sua penitência. Não tenho ambições fora da arte, e, dentro dela, só desejo conquistar a glória de a ter servido humilde e totalmente; mas não consegui ainda dar-lhe tudo, jogar a vida e a morte por ela. Para isso era preciso calcar aos pés o homem civil que sou, e não posso. Necessito de ter as minhas contas em dia como qualquer mortal honrado, e afligem-me os assuntos do mundo como casos pessoais. Também tenho afectos. E a trama de deveres e apegos, embora redima um homem do seu egoísmo nativo, rouba-lhe força criadora. Abandono tudo para correr a casa de um amigo que está com dor de dentes, e passo uma noite em claro porque operei um doente, e ele pode ter uma hemorragia. Mas a minha fraqueza maior é não poder desprezar ninguém, mesmo os próprios inimigos. São meus semelhantes, apesar de tudo, e eu não consigo descrer do homem, seja ele como for. Em vez de os esquecer, trago-os no pensamento. Sofro por eles. A minha grande alegria é admirar os outros, e procuro encontrar em cada um as linhas positivas do seu caminho. Afinal somos todos elos de uma grande corrente, e é pelos ferrugentos que ela pode quebrar. Aflijo-me, solidário com a sua humanidade, que gostava de ver mais generosa, sem reparar que o tempo desaparece, alheio às razões que impedem a semente de germinar.


«E tudo por fazer!


«Mas quê! Quando devia estar a ler os clássicos, andava a capinar café; quando me apetece escrever, estou a curar anginas; e quando é preciso salvar o artista, ponho-me a salvar o homem.»


in Diário III

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«Termas de S. Vicente, 12 de Agosto de 1938 - Estas romarias de Portugal! E eu que faço hoje trinta e um anos! Porque no fundo tenho passado a vida a arranjar coragem para me atirar a um baile destes e suar duma vez o lirismo que me envenena. Mas completo hoje trinta e um anos. Agora, só mesmo fazendo um filho depressa e delegando nele.»


in Diário I

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«Coimbra, 16 de Abril de 1942 - Centenário de Antero. De fazer chorar as pedras. Que destino, o dos poucos grandes homens que aqui nascem! Em vida, é o calvário que sabemos: Camões a morrer de miséria, D. Francisco Manuel numa enxovia, Herculano sem forças diante de tanto lodo, Camilo a cavar romances com a fome com que o povo cava leiras, Soares dos Reis a matar-se de desespero e Gomes Leal a servir de bobo a Lisboa. Depois de mortos é a descida solene ao esquecimento, com a eterna lápide, o discurso oficial, e uma mocidade dessorada, de boca aberta, a assistir.»


in Diário II

1 comments | sexta-feira, agosto 10, 2007

Björn Rune Borg, um dos mais notáveis desportistas de sempre, coleccionou rótulos. Tenho por certo que foi o maior tenista de todos os tempos e poderia explicá-lo (as cinco vitórias consecutivas na relva de Wimbledon, sendo ele um jogador do pó de tijolo; os seis triunfos nos internacionais de França; a superioridade técnica em praticamente todos os capítulos do jogo, num tempo em que o ténis era muito menos tecnologia e poder físico; o carisma; a circunstância de ter sido o primeiro ídolo universal na modalidade...), mas, retomemos o fio condutor dos rótulos, foi também o "Iceborg", a primeira "pop-star" do ténis, "um deus", como hoje continua a dizer o sucessor John McEnroe... Borg foi, resumindo, um dos meus grande ídolos do desporto, e só a perda patológica da memória me fará esquecer a mítica final de Wimbledon de 1980, em que bateu John McEnroe por 8-6 no quinto "set", jogado depois da épica quarta partida em que desperdiçou sete match-points, ao cabo de um inigualável "tie-breaker" que McEnroe venceu por 16-14 . Ora, Björn esteve agora em Portugal, a jogar a prova algarvia do circuito de veteranos, e as transmissões da RTP-N fizeram-me recuar a esses tempos em que havia heróis. Só porque vi Borg, o mais velho do quadro (está com 51 anos) a regressar aos "courts", onde não era visto desde 2002, ainda a demonstrar tanta dessa classe frente a jogadores bem mais novos, como o brasileiro Fernando Meligeni, um catraio de 36 anos, ou o austríaco Thomas Muster, um fedelho que terá a minha idade daqui a dois meses. O sueco perdeu com ambos - havia antes ganho ao equatoriano Andrés Gomez -, mas eu recuperei, nesses momentos, esse cada vez mais perdido prazer de ver jogar ténis.

0 comments | quinta-feira, agosto 09, 2007




Leo Sayer, quem se lembra?, num exercício de autoparódia, superiormente acompanhado à bateria, pelo virtuoso Animal, e ao banjo, por um marreta qualquer.

1 comments | quarta-feira, agosto 08, 2007

Foto de POS



A estátua do ardina, na Praça da Liberdade, junto aos Congregados, ostenta uma dúplice incorrecção política. Vende o "Jornal de Notícias", algo que, hoje, não agradaria aos do outro extremo da avenida, e fuma como uma chaminé, embora sempre o mesmo cigarro. Hoje, provavelmente, levantar-se-ia um coro estridente de vozes purificadoras, exigindo, eventualmente, que o homem trincasse antes uma palhinha. Assim foi feito com o cowboy que dispara mais rápido do que a própria sombra, como aqui se documenta, o que me leva a declarar solenemente: cresci a ver o Lucky Luke de cigarro na boca e, escrevo-o enquanto acendo um, posso garantir que em nada o boneco de Morris me influenciou, já que a estupidez própria manda bem mais do que um herói de banda desenhada.

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Preocupada com o perigo de ser considerada um blogue desfasado da actualidade, a FdV enviou uma equipa de reportagem ao novo oásis consumista do Grande Porto, o Ikea de Matosinhos, i.e. de Leça da Palmeira (por que diabo tenho, tantas vezes, ouvido chamar Ikea de Lisboa à loja de Alfragide, freguesia da Amadora, antiga Porcalhota?...). Apesar de movido por interesses estritamente pessoais, o repórter entendeu aqui deixar duas notas merecedoras de relevo.


Primeira nota: os suecos mostram aquilo que a região quer mostrar, designadamente através do aeroporto de Pedras Rubras, e outros anseiam por impedir, ou seja, que o Porto e envolvente estão em condições de assumir um papel central no Noroeste peninsular; não engana a quantidade de espanhóis que cruzam a fronteira para ir à loja Ikea que lhes fica mais próxima;


Segunda nota: simples fait-divers, típico de um parolo que nunca tinha posto pé em estabelecimento de tal companhia - contrariamente ao que sucede nas comuns lojas de móveis, não há livros de faz-de-conta nas estantes, mas centenas ou milhares de volumes verdadeiros, novinhos em folha, com encadernações mais ou menos apelativas, coloridas e refulgentes... mas todos suecos, em sueco, sobre temas que nem se chega a saber se são suecos, a não ser que se saibam alguns rudimentos de Sueco; se é uma imagem de marca, tudo bem, mas se, assim, pensam que estão isentos de roubos, incorrem num equívoco já que, das duas, uma:
a) o tuga não rouba livros;
b) se o tuga rouba livros é para encher a estante, pelo que uns volumes em sueco até dão no olho, um pouco como aquela etiqueta da Gucci, que ninguém diria ter sido cosida numa garagem de Barcelos.

2 comments | terça-feira, agosto 07, 2007




Um dia destes vi - mais vale tarde do que nunca - "Syriana", um filme que, como "Babel" e outros, mostra a precariedade de preconceitos a que, por vezes, não conseguimos fugir. Mostra-a da forma mais simples que há, isto é, complexificando pela via da diversidade. Passe o forçado oximoro da simplicidade complexa, o que se verifica é que, de forma despretensiosa, tentando mostrar os vários lados de uma mesma história, é difícil situar a razão, pois todos a têm de alguma forma, na medida em que agem na convicção, eventualmente fanática, de estarem a praticar o bem. Não se trata de branquear fanatismos, seja o dos terroristas (intolerável) ou o dos barões do petróleo, cuja ganância é também pautada por uma espécie de religiosidade patriótica, comparável ao conceito de islamismo (o Islão político). Trata-se, apenas, de termos em conta as diferenças, para que possamos perceber que nem sempre o que vemos com clareza é, de facto, nítido.


Em homenagem a George Clooney, que com "Syriana" ganhou o Oscar, deixo aqui a tia do dito, Rosemary Clooney, cantando "Blues in the night".