2 comments | segunda-feira, abril 30, 2007

Se eu andasse bem disposto, ter-me-ia rido a bom rir do que foram a ascensão e a queda blogosféricas de "um dos mais importantes defensores da liberdade que Portugal conheceu nas últimas décadas". Não pelo homem em si, a quem nunca achei graça (bendita a hora em que me baldei à iniciativa de um director que, já lá vão quinze anos, decidiu pôr-me num trio que dele beberia a sapiência das coisas económicas). O engraçado, mesmo, foi ver os que lhe dedicaram desmesuradas loas, no início, a terem agora de transformar o ídolo numa outra pessoa, perversa metamorfose daquele a quem tão prontamente haviam erguido um pedestal. Mesmo sem andar bem disposto, sorrio.

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Foto de POS


"Labirintos do desejo", sinuosidades do pincel sobre a tela ou do pintor em vinte anos de vida artística, no que às artes plásticas respeita, naturalmente. Mais uma mostra do Agostinho Santos, também ele cliente da FdV, desta feita repartida por dois espaços de Vila Nova de Gaia (o Agostinho é daqueles gaienses, não tantos, suponho eu, que dizem ser da melhor terra do mundo, quando mais não são do que do outro lado do Porto). Assim, cá fica a recomendação: pintura nas Galerias Diogo de Macedo (junto à Casa-museu Teixeira Lopes) e desenhos na Casa Barbot (Casa da Cultura). Até 27 de Maio.

0 comments | sexta-feira, abril 27, 2007



My death waits like a Bible truth
At the funeral of my youth
Oh, weep loud for that and the passing time


David Bowie revisitando Brel.

0 comments | quarta-feira, abril 25, 2007

«O que é nosso


«Há 33 anos, de súbito, o mundo abriu-se, e o horror, que parecia irremediável e sempiterno, desmoronou-se de um momento para o outro sob os nossos olhos, deixando à vista o tamanho, desmesurado como nunca, da esperança. Foram breves e deslumbradas horas, e talvez tenha valido a pena ter vivido só por elas. Nunca, como nesse dia, estivemos tão próximos uns dos outros nem fomos tão frágeis e tão vulneráveis. Como sonâmbulos, tacteávamos convulsamente o mundo e a vida à nossa volta (o mesmo mundo de sempre, inesperadamente límpido e primeiro!), tropeçando nos nossos próprios sentimentos, sem percebermos se estávamos dentro se fora de nós. E só tínhamos uma palavra desconhecida para o que os nossos olhos viam e o nosso coração sobressaltadamente experimentava: "liberdade". Murmurávamo-la para nós mesmos e gritávamo-la uns para os outros como quem revela um segredo longo tempo reprimido, descobrindo alvoroçadamente algo novo e espantoso: não tínhamos medo. Depressa, porém, a dúvida e a suspeita saíram da sombra e se interpuseram entre nós, apropriando-se da única coisa que tínhamos, uma imatura palavra, para no-la vender de novo, devidamente embrulhada e a prestações. 33 anos depois ainda estamos a pagar (e a quem!, e por que preço!) o que é nosso. »


Manuel António Pina


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Gostei tanto desta crónica do Pina que, atendendo a que nem todos os leitores da FdV passam os olhos pelo JN, aqui a reproduzo, linkando-a devidamente.

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Foto de POS
Porto, 25 de Abril de 2006

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Se a conquista da Liberdade, há trinta e três anos, me obriga a reconhecer a legitimidade democrática do executivo municipal do Porto, é, também, certo que me concede o direito de considerar pacóvio e estúpido o eleitorado que sufragou tal gente. Do tradicional discurso dos políticos ou dos analistas, quando toca a analisar resultados eleitorais, releva quase sempre a ideia de que os eleitores, massa amorfa e heterógénea, podem ser entendidos como um corpo coerente, que, pelo sentido do voto, transmite sempre mensagens tidas não apenas por descodificáveis, mas até por claras, inequívocas ou reveladoras. Evidentemente, nenhum político pode fugir às regras do jogo, mas todos, na travessia dos dias, nos cruzamos com gente estúpida. Haverá algum motivo para que essas pessoas ignaras e desinteressadas se tornem iluminadas no momento de votar? Creio que não, apenas na eleição papal existe a intervenção directa do Espírito Santo.


Mas não é de ânimo leve que se chama nomes a essa entidade abstracta e volúvel que, conforme as conveniências, é vulgarmente designada por maioria ou apenas por fatia do eleitorado. Há que explicá-lo, o que não é difícil. Só a ignorância pode justificar (assim o creio pela fé que mantenho na capacidade humana de construir um mundo melhor) a eleição de pessoas de dúbia honestidade intelectual. E hoje, Dia da Liberdade, feriado nacional, os que distribuem o pasquim municipal trabalharam, assim o encontrei na minha caixa do correio. E hoje, Dia da Liberdade, vi novamente que os autores do dito pasquim o continuam a usar, sem ponta de decoro, para praticar más acções. E - que querem? - fiquei lixado.


Não faço link para a coisa, insisto sempre em dizê-lo, mas está disponível, em pdf, no nefando site do município. A páginas 16 e 17, a revista "Porto sempre" dedica-se a analisar a alegada decadência da Imprensa escrita, fazendo-o de forma superficial, tendenciosa e procurando servir aquela que tem sido a estratégia da Câmara, da satisfeita indiferença com que testemunhou o fim de "O Comércio do Porto" à forma com que tem lidado com todos os jornais, num misto de vitimização e ataque descontrolado, designadamente aquele em que trabalho.


Uma vez mais, tenho de destacar que um boletim municipal não é o lugar para dar à estampa reflexões superficiais e apócrifas sobre o futuro da Imprensa. Tento perceber quem os poderá ter redigido, mas a ficha técnica não é esclarecedora e, atendendo à sofrível escrita, sou levado a pensar que a prosa terá jorrado de alguma pena de estagiário ou de aprendiz de feiticeiro. Conclusão pouco nítida, admito, até porque a condição de aprendiz de feiticeiro é, tantas vezes, uma ineludível forma de ser, que nem a aquisição de títulos pomposos pode disfarçar. Ou seja, não sei quem escreveu o referido rol de superficialidades, cuja falta de subtileza apenas serve para clarificar os objectivos, meramente políticos.


Como burro velho é que não aprende línguas, há ali certos tiques de antanho que me levam, todavia, a acreditar que há mão enrugada por trás do arrazoado. Basta citar uma frase, inaceitável em jornalismo sério, intolerável em meios académicos sérios: "A angústia generalizada, nomeadamente na classe jornalística, tem levado os investigadores e académicos das melhores escolas a proporem medidas drásticas contra os prevaricadores das boas práticas do jornalismo moderno...".


"Angústia generalizada"? "Melhores escolas"? "Medidas drásticas"? "Boas práticas do jornalismo moderno"?... Quem escreve estas coisas poderá servir para a produção de panfletos, mas não tem qualquer credibilidade. E um boletim municipal não pode servir para dar guarida a tão primários plumitivos. Ou seja, parece que pode, mas porque essa massa anódina, a que alguns chamam maioria, deu legitimidade a quem, pelo menos, não se importa.


Porém - hélas! -, a não ser que sobre a nossa cidade voe algum arcanjo distribuidor da inteligência, polvilhando os ares com pós de perlimpimpim neuronal, existe sempre o risco de que a mesma malta seja reeleita. E não saímos disto.

0 comments | segunda-feira, abril 23, 2007




David Bowie com "Five years", acompanhado pelos Arcade Fire.

0 comments | domingo, abril 22, 2007

Meus deuses! Ao que chegam os apoiantes portugueses de Nicolas Sarkozy, uma versão polida (quando não lhe dá para chamar "racaille" às pessoas) de Jean-Marie Le Pen. Como quem vai à segunda volta é Ségolène Royal, já estão a resvalar para o machismo mais saloio só porque se trata de uma mulher, erguendo os fantasmas do feminismo e outras coisas disparatadas. Que eu me lembre, mas a memória pode sempre atraiçoar-me, não fizeram o mesmo quando Angela Merkel se tornou chanceler da Alemanha. Será por uma questão política ou, apenas, porque Ségolène é jeitosa? (ora bolas, também eu resvalei para o machismo!...)

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A taxa de participação nas eleições presidenciais francesas está estimada em cerca de 84%. Um exemplo de empenho cívico que bem poderia ser seguido pelos portugueses. O problema é que devem estar todos a preparar-se para ver a bola (eu também queria, mas não posso).

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"Os pequenos vagabundos" ("Les galapiats"), via Blasfémias.

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Ali do outro lado da rua, mesmo em frente aqui à fábrica, há um estabelecimento amaldiçoado. De restauração, entenda-se. Sempre que abre com nova gerência, é da praxe adivinhar quanto tempo demorará a falir. Há tempos, reabriu com novo conceito, rodízio de pizzas e massas, coisa nova aqui na terra, mas já experimentada noutras paragens. Lá jantei ontem com dois outros operários. Casa cheia, coisa invulgar. Comida sofrível. Como é habitual, a prática da casa consiste em empaturrar rapidamente os clientes (com massas, no caso), para que sejam céleres na desistência. Mas a lista é um tratado, em especial no que às rodelas respeita: pizzas de tripas à moda do Porto, de bife com batatas fritas ou de cheeseburger estão lá; ou de mousse de chocolate, de pêssegos com chantilly e de quindim, entre tantas outras opções surrealistas. Não nos foi servida pizza de tripas, de rojões ou de sardinha assada. Apenas os triviais cogumelos, queijo e fiambre, frango ou linguiça toscana. Mas ficou claro que a inovação não tem limites, pelo menos no que toca a rechear pizzas. E que o restaurante não falirá novamente por falta de ideias, embora o excesso destas também possa ter indigestas consequências.

0 comments | sábado, abril 21, 2007




Moulin Rouge, once again, sung and written in a foreign language*, porque sim, porque há sempre mais beleza nas juras de amor do que nas coisas fastidiosamente sérias que entusiasmam este nosso submundo dos blogues.


* soubesse eu línguas...

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No seguimento do post anterior: e não é que há por aí palermas* a discutir se o acesso às armas deverá ser, em Portugal, tão fácil como nos EUA?


* Legitimamente palermas, é certo. Excessivamente, também.

1 comments | sexta-feira, abril 20, 2007

Os blogues são, de algum modo, estandartes da liberdade de expressão, e é esta uma montra do estado geral de imbecilidade de um povo, quero eu dizer de uma putativa elite pensante. Circular pela blogosfera mostra-nos a espantosa quantidade de pessoas para quem ser contra George Walker Bush é ser anti-americano, para quem a bárbara invasão do Iraque ainda faz sentido, para quem o massacre da passada segunda-feira, na Virginia Tech, nada tem a ver com a facilidade com que se compram armas de fogo ao abrigo da lei. Arre, se há espirito nacionalista nalgum lado é nos Estados Unidos: têm para dar e vender e ignoram os defensores encarniçados de aquém-mar. Nós é que temos de aturar esses defensores. Mesmo que os não leiamos, sabemos da existência deles e isso é aturá-los.

0 comments | quinta-feira, abril 19, 2007




"Right and wrong", sempre uma escolha íntima, sempre uma convicção. Algo diferente de ir com a carneirada, o que, sendo de esquerda, sempre me impediu de ser comunista. De ser o que quer que seja, em verdade. Além de tentar ser eu próprio, o que já é desafio espantoso para qualquer ser humano. Fora isso, as saudades do fenomenal "Big World" de Joe Jackson, algo como ter menos vinte anos no pêlo.

1 comments | quarta-feira, abril 18, 2007

Traço no blogue a linha que assinala o fim do mundo conhecido. Daqui para a frente, dragões. E busco refúgio num post sobre nada, combino palavras sem especial cuidado, procuro um filme que possa transmitir algo - basta o gosto da partilha -, despejo fotos como se a alguém interessasse. Sempre recolhendo o pé que quer aventurar-se nesse território de monstros marinhos, olhando-os de frente, aplacando as chamas que lhes jorram das ventas, suavizando-lhes a fúria, cativando-os, a eles me juntando no desbravar de mares ignotos. Sempre recolhendo o pé, curvando o corpo, recatando a alma, na expectativa de ver aplanadas as ondas do oceano conhecido, bravas em demasia para tão timorato navegante. Um dia, o menino em mim há-de erguer-se e desafiar os ventos, desprezar as tormentas, quebrar as vagas. Um dia. Outro dia.

2 comments | terça-feira, abril 17, 2007

Queiram ou não os que, em Portugal, têm passado os últimos anos a defender as políticas de George W. Bush, porque são incapazes de dar outra forma ao culto pró-americano - como se um tão grande país fosse apenas feito de rednecks -, queiram ou não, dizia eu, a América deste lamentável presidente é a América das armas. Da guerra baseada em mentiras, da promoção e destituição de ditadores consoante o rumo dos ventos, dos massacres em escolas. Não por Bush ser responsável por actos de loucura como a matança de 32 pessoas na Virginia, mas porque foi eleito pelas armas e porque as usou para ser eleito.


A América das armas é um dos resultados mais perniciosos do Liberalismo, conquanto doutrina mais do que ideário. É a América da Segunda Emenda setecentista - "Sendo necessária uma milícia bem regulada para a segurança de um Estado livre, o direito de o Povo possuir e portar armas não será infringido." -, que, mediante boa dose de perversão, entende a posse de armas de fogo (de todos os calibres, feitios e capacidades de repetição) como saudável paradigma das liberdades individuais, da propriedade privada e de todos esses valores que baixam à categoria de disparate a partir do momento em que são transformados em dogmas.


E Bush é um produto da América das armas, pouco interessando o arsenal que guardará no rancho texano. Foi apoiado pela National Rifle Association, mudou a lei para ser apoiado pela National Rifle Association, foi patrocinado pela National Rifle Association. E a National Rifle Association (repita-se à saciedade o nome do diabo) é o poderoso lóbi das armas, da defesa pelos próprios meios, da liberdade individual para disparar, no pressuposto ideológico de que a cada um, e não ao Estado, compete zelar pela própria segurança.


A América de Bush - e de todos os que o precederam, pois apenas Clinton mexeu no assunto e sem ir muito a fundo - é o sítio onde comprar uma pistola, uma carabina ou uma metralhadora é tão fácil como ir ali buscar um par de sapatos. É a América primitiva que, queiram ou não os detractores do cineasta, tão bem foi mostrada por Michael Moore em "Bowling for Columbine". É a América que garante ter um conceito próprio de Liberdade que deseja impor ao Mundo, assim o é desde Thomas Jefferson.


Este blogue não existe para divulgar violência, pelo que opto por não difundir um filme que me mostraram, no YouTube, retratando um alegre bando de "rednecks" que se divertem com toda a sorte de metralhadoras, numa animada tarde ao ar livre. E a ensinar crianças - crianças bem pequenas - a disparar essas máquinas de morte (se forem lá e fizerem uma busca por "Virginia Machine Gun Shoot" não há que enganar).


Deixei lá um comentário que rezava assim: "Disgusting! To be a law-abiding citizen isn't enough when we're talking about primitive laws that allow civilians to have fun with killing machines. You should be ashamed of your Second Amendment...".


Fui censurado, e o rapaz escreveu-me, deixando esta entre outras pérolas: "How can a people be restricted from owning firearms and still call themselves free?".



A América de Bush é o mundo de Bush, nada mais do que o culto da morte com a desculpa da supremacia moral.

1 comments | sexta-feira, abril 13, 2007




Momento Vasco Granja na FdV, com uma abordagem de Chuck Jones a Wagner. O argumento tradicional: Elmer Fudd "hunting uabbits", Bugs Bunny pouco entusiasmado com a ideia.

0 comments | quinta-feira, abril 12, 2007

Até o milhafre chorou...

0 comments | quarta-feira, abril 11, 2007

Nenhuma surpresa em relação à entrevista de José Sócrates, quero dizer em relação a esse tema saloio que tem entretido a nação. Que país, este, discutindo suposições como certezas, para que nada sobre, depois, além da sensação de tempo perdido.

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Quando tendemos a complicar, e também eu sou dessas graças, há momentos em que nos aventuramos a aflorar a linha da insanidade, sedentos de uma espécie de adrenalina que fere e seduz, corrosiva mas inelutável. A paz existe no momento em que, espreitado o abismo, voltamos a tocar o chão firme da serenidade, a valorizar as pequenas e as grandes coisas pelo que são e pelo que delas desfrutamos. Grande ou pequena, a vida pode mostrar-se abismo, mas também aconchego, e não é o precipício que queremos guardar no coração. "Starstuff" que somos, como disse Carl Sagan, nada melhor podemos do que procurar agir em harmonia com o resto de nós, isto é, tudo o resto. E harmonioso é o círculo da vida, feliz ali, triste acolá, mas maior do que tudo o que sonhamos, ambicionamos, experimentamos, construímos ou destruímos. E alheio, justamente porque maior, às transformações, boas e más, que lhe queremos imprimir.


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Este "Circle of life", cena de abertura do filme da Disney "The Lion King", é também, em parte, dedicado à Joana, matemática portuense "exilada" em Londres (apenas a conheço dos blogues) que hoje apresentou ao mundo o descendente Filipe. Reforçando os parabéns e desejando o que sempre se deseja, porque mais não é possível: felicidades.

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As agendas de hoje têm hora marcada para revelações, a propósito de uma polémica feita à medida da mentalidade do país. O que se souber hoje, o que se vier a saber depois, seja sobre o primeiro-ministro ou sobre a investigação ao currículo do dito, dar-nos-á que pensar. Mas a verdade é já uma evidência. Tanto para os políticos como para o atarantado povo, o que importa é a dignidade do tratamento, o ser ou não ser. Os conhecimentos de engenharia são irrelevantes para governar um país, mas aquelas três letras - eng - fazem toda a diferença. Tão parolo é o que se preocupa mais com a aparência do que com a qualificação como o que se desilude porque "fulano, afinal, nem engenheiro é". E aí temos a esmagadora maioria da população.

2 comments | segunda-feira, abril 09, 2007

Junte-se Simulação Sabrosa a Utensílio Baptista e obtenha-se um ponto isento de investigações policiais.

0 comments | domingo, abril 08, 2007




Os blogues fazem-se destas coisas. Ao ficar deleitado, aqui, com o tema "Gloria", de Van Morrison (no palco com John Lee Hooker), fui que nem doido ao YouTube procurar a versão do Patti Smith Group, muito mais do que um mero "cover", originalmente editada no álbum "Horses". Era mais adequado à postagem que Patti tivesse escolhido esta canção para para o álbum "Easter", também formidável, atendendo à vertente pascal presente no título deste post. Mas também não tem grande importância. Ao vivo, no Saturday Night Live.

0 comments | sábado, abril 07, 2007

Não escrevi aqui sobre o brilhante cartaz dos Gato Fedorento, porque toda a gente em toda a parte o fez e porque não necessita de legendas. Mas a atitude generalizada de menorizar os lampejos da extrema direita portuguesa preocupa-me. Porque a maior fragilidade da democracia é a certeza da democracia.


A propósito do episódio dos outdoors em Lisboa, soube-se que o mais notório dos quatro humoristas, Ricardo Araújo Pereira, foi alvo de ameaças várias, designadamente num fórum nacionalista na Internet. Até eu, desconhecido que sou, já fui visado num desses fóruns disparatados (soube-o há tempos, dois anos depois), por causa de um trabalho jornalístico que fiz sobre naturalizações, a que então dei o título "A nova raça lusitana", para cúmulo, na óptica dessa gente, ilustrado com uma grande foto de Francis Obikwelu. "Este é um dos que adoraria me cruzar numa rua a qualquer hora partir lhe os dentes", "Não podemos matá-los. Não podemos espancá-los até ao estado de coma. Não lhes podemos tocar" ou "Realmente é de bradar aos ceus a subserviencia desta gentalha, a necessidade da bajulacao a corja judaica e seus acefalos vermelhos que domina os meios de comunicacao do mundo inteiro" são alguns dos mimos que me foram destinados, pondo de parte as tiradas mais piadéticas, como quando um me recomendou que deixasse o "crack"...


É evidente que o humor é uma excelente arma contra estas pessoas que promovem a iniquidade, o racismo, a xenofobia, o ódio... Mas isso não pode significar que se desvalorize o fenómeno, todos os dias potenciado pelo descontentamento em que os portugueses vivem.


Há dias, vi na "SIC Notícias" parte de um documentário sobre a extrema direita e os neonazis na Rússia. Evidentemente, as diferenças são muitas, pois nem o descontentamento nem a ilusão de superioridade sobre os restantes são assim tão fortes entre nós. Porém, é importante que se saiba que, por exemplo, uma menina de oito anos foi assassinada com 11 facadas, apenas por ser filha de imigrantes da Ásia Central. É chocante - e dá que pensar - ouvir um estudante africano, em S. Petersburgo, a dizer: "Quando saímos, levamos sempre connosco o nosso caixão". É esclarecedor quando um tipo que diz ser professor universitário, de aspecto aparentemente arejado, diz que simpatiza com as ideias dos nacionalistas, amaldiçoando a "invasão" de imigrantes. É arrepiante ver as imagens de espancamentos e até de homicídios que essa rapaziada difunde na Internet, ou vê-los a praticar tiro ao alvo, com armas de guerra, contra estrelas de David. É revelador ver que o líder de uma plataforma qualquer de ultranacionalistas é uma espécie de clone do tipo do PNR português, com barbicha tirada a papel químico.


Não existe por cá o medo que se vive na Rússia, mas isso não significa que se olhe o problema com ligeireza. O desencanto com as instituições, o cinto sempre cada vez mais apertado e a vontade de mudar, dê para onde der, vão crescendo. E é sobre esses fenómenos que pairam os abutres.

0 comments | quinta-feira, abril 05, 2007

Em forma de agradecimento aos que assinalaram o 14 600.º dia aqui do rapaz, os dois sinónimos de música brasileira do meu léxico cantam no feminino. Chico Buarque e Caetano Veloso interpretam "Com açúcar, com afeto" e "Esse cara" (o itálico no primeiro título é meu, porque afecto é que é e quero lá saber dos acordos ortográficos).



0 comments | quarta-feira, abril 04, 2007

Foto de POS


Voo sobre as águas, pairando, paro no instante congelado de uma recordação. Posso mais do que as gaivotas, que não param refasteladas no sonho. Mas quem sou eu para dizer que as gaivotas não sonham, que não vêem a plenitude plasmada na planura? Apenas posso saber que parei sobre o Douro, à boleia das asas abertas. Que vi o meu sorriso espelhado no rio que o céu pintava. Que sonhei. E que acordei na margem, olhando o relógio e saindo desenfreado para a correria da rotina. Para almoçar, pelo menos.


Foto de POS

10 comments | terça-feira, abril 03, 2007

Respeitável público, meninos e meninas, senhoras e senhores,


Vocês andam por aí, não há que eludir a questão, lá está o sitemeter a dizê-lo. Por isso, a tasca vai continuando. Mas, há que reconhecer, são leitores muito passivos. Então há um desmiolado que, sem mais nem menos, tira o nome do blogue e põe ali um número qualquer e ninguém lhe pergunta se tem tomado os comprimidos? Ninguém lhe sugere uma ida a águas para o Cartaxo, como fez o António Silva no fim de um desses filmes que todos vimos cento e duzentas vezes? Ninguém o manda ir plantar alcachofras para as Berlengas?...


Dos leitores, apenas alguns dos que contactam directamente com o artista tiveram o bom senso de lhe perguntar se lhe faltava alguma aduela. E só um percebeu do que se tratava logo à primeira...


Enfim, no momento em que o presidente do Conselho de Administração, director, redactor e repórter fotográfico desta espelunca completa 14 600 dias de vida, a Fonte das Virtudes recupera o nome, mostra-se de cara renovada e convida-vos a dançar o can-can com esta cena do filme "Moulin Rouge" de Baz Luhrmann (a famosa galopada de Jacques Offenbach revisitada).


Um grande abraço a todos. Muito obrigado por passarem aqui, apesar das sistemáticas intermitências.


0 comments | segunda-feira, abril 02, 2007

Foto de POS
Da minha varanda, olhando o Ocidente


Falta pouco para que o Sol se ponha.


(futuramente, mais novidades)

0 comments | domingo, abril 01, 2007




Ainda é 1 de Abril, supostamente um dia divertido, que se assinala com uma divertida interpretação (está bem, alegro-me com estas coisas, talvez seja um pouco "nerd"...), pelo barítono americano Thomas Hampson, da ária "Largo al factotum", de "Il barbiere di Siviglia", de Gioacchino Rossini.


P.S. - Sim, houve futebol... lá empatámos, porque a segunda parte foi a cagarolice (boa palavra) do costume, assim nos está a habituar o mister Jesualdo...

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Foto de POS
S. Pedro de Rates, 2006


... que tenho de ir ali ver a bola.


(mais tarde decidirei se houve ou não jogo)