1 comments | domingo, abril 30, 2006

Isto é altamente arriscado. Não importa. Não me importam todos os rótulos postos aos irmãos Gibb, a partir de determinada altura. Povoaram a minha infância com algumas canções muito bonitas, e ainda hoje, passados estes anos, há coisas dos Bee Gees que me tocam de uma maneira especial. Antes de optarem pela voz de falsete, os moços da Ilha de Man cantavam como poucos, e isso, sim, é algo que importa. Amanhã é o Primeiro de Maio, Dia do Trabalhador, e desejo que no Cantante se ouça o tema "First of May", extraído do álbum Odessa, de 1969. Foi, também, usado na banda sonora de Melody (1971), um belíssimo filme sobre o amor entre duas crianças, com argumento original de um jovem que então dava os primeiros passos no cinema, Alan Parker de sua graça. Só ouve quem quiser, claro, mas ali fica, também com dedicatória a alguém para quem o dia 1 de Maio é muito especial.

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Rua dos Clérigos, Porto

Lê-se na frente do autocarro, que passeia turistas pela cidade esventrada, o "Porto vintage" que dá título a este post. Como certamente sabem, a designação vintage, no que ao Vinho do Porto respeita, reporta-se à colheita de um ano específico, que é assim declarada por ter qualidade excepcional. Ora, o que os passageiros deste veículo vêem não é um vintage, mas um Porto a martelo (leia-se camartelo, leia-se martelo pneumático, leiam-se os martelinhos que os calceteiros usam na dita requalificação do centro da cidade). Mas nem está aqui em causa o mau aspecto das obras que se arrastam, uma rotina que já flui no nosso sangue, e a imagem que os estrangeiros levam para as respectivas estranjas. Quero apenas apontar uma outra face da incompetência pública, a que releva do esquecimento a que os peões são sistematicamente votados. Quem sai a pé da Praça da Liberdade em direcção à Rua dos Clérigos, ou vice-versa, circula no exíguo espaço destinado aos veículos, vendo de soslaio os rabos de pavão que os operários vão desenhando no que um dia voltará a ser o passeio. O tema nem suscita grande reflexão. Está mal feito, é um desrespeito pelos cidadãos, é um perigo.

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Rua dos Clérigos, Porto

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Rua dos Clérigos, Porto

Foto de POS
Rua dos Clérigos, Porto

As fotos, feitas em hora de pouco movimento, são, creio, elucidativas.

Mas não ficamos por aqui. A ideia não é discutir a essência da dita requalificação, mas, simplesmente, questionar a metodologia aplicada. A escultura que simboliza a abundância, da autoria de Henrique Moreira, clarifica a minha perplexidade. Os cubos de granito do pavimento, saídos das cabeças de Álvaro Siza e Eduardo Souto de Moura, já rodeiam a escultura de uma forma que aparenta ser definitiva. Ora, dá-se a circunstância de o plinto assentar no que agora parece ser uma sapata de granito, afinal de contas a dura pedra que foi partida quando ali se rasgou a avenida, agora um afloramento resultante do rebaixamento que as obras em curso provocaram. Vai ficar assim? Suponho que não, seria uma imbecilidade. Então, por que diabo não usaram a cabeça quando deviam, pondo a estátua ao nível adequado, antes de avançarem com a pavimentação?

Em plano recuado, uma casa cega, surda e muda.

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Avenida dos Aliados, Porto

0 comments | sexta-feira, abril 28, 2006

Num passado bem recente, embora já esquecido, houve algumas criaturas, habitantes dos mais lodosos corredores do poder local, que quase atingiram orgasmos múltiplos enquanto assistiam ao triste desfecho de "O Comércio do Porto". Serão os mesmos que usam um espaço público e pago com o nosso dinheiro, o site da Câmara Municipal do Porto (não "linco" montureiras opinativas), para lançar ataques sistemáticos e doentios ao "Jornal de Notícias". Uma garotice preocupante, porquanto estão empenhados em destruir aquela que é a única voz do Porto para Portugal. Não terão sorte, mas dão que pensar. Está ali a metáfora de um país onde os medíocres presumem ter inteligência e, muitas vezes, são aplaudidos por isso.

0 comments | terça-feira, abril 25, 2006

A TVI, ao pôr no ar uma entrevista a Carlos Silvino da Silva, a.k.a. Bibi, está a promover um processo alternativo do escândalo Casa Pia. Vale tudo, e ele está a dizer de tudo, o que não é, necessariamente, dizer tudo. É de vomitar. Portugal inteiro vai voltar a vestir a toga e sentenciar, sem apelo nem agravo, todos os nomes que o senhor está para ali a debitar. Não sei se a justiça falha ou deixa de falhar, mas ainda acredito que só os tribunais a podem administrar.

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Praça de D. João I, Porto (todas as fotos)

Pensei, inicialmente, que o título deste post seria "Sempre", surgindo como continuidade da data, este 25 de Abril que hoje vivemos. Pensei, também, que nada escreveria, esperançoso na eloquência das imagens que viesse a obter, nas comemorações populares de mais um aniversário da Revolução dos Cravos. Mudei de ideias. Não sei porquê, não fotografei sorrisos, e até por lá vi muitos. Mas a sensação que me ficou, porventura errada, é a de que o 25 de Abril surge como uma espécie de festa dos desvalidos, além da partidarização a que estas comemorações sempre parecem ficar reduzidas. Dada a importância do 25 de Abril, para o que hoje somos e queremos ser, na enorme diversidade e incoerência do que queremos ser, seria bonito que todos participassem, e talvez isso diluisse a partidarização que alguns contestam. Mas não é assim. Estava bom tempo, suponho que as esplanadas estivessem concorridas. Tenho a certeza, sem lá ter ido, de que os centros comerciais estiveram a abarrotar. Na rua vi muita gente, mas não toda a gente. Além dos santos populares, que actuam a níveis locais, não há qualquer data que nos mobilize, que represente o desejo de um bem comum. O 25 de Abril, cuja essência nada tem a ver com esquerdas ou direitas, poderia significar essa mobilização, mas só serve para pôr a nu a imobilidade dos que, porque ausentes, preferem estar do outro lado de uma barricada que eles próprios ergueram.

5 comments | sábado, abril 22, 2006


E vai ser, de certo modo, sem palavras. Está ganho e isso é que interessa. Há coisas a dizer, há sempre, mas ficam para depois. Se calhar, nem isso. Pode ser que fiquem na gaveta. A festa está na rua. Vou espreitar.

3 comments | sábado, abril 15, 2006

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Dá-nos escala, o mar. Situa-nos na nossa real dimensão, partículas convencidas de que a vontade própria lhes dá individualidade no universo. Somos, nessa panorâmica cósmica, tão relevantes, individualmente, como cada gota de água contida no oceano, mas julgamos combater essa pequenez em todos os movimentos do pensamento, todas as reviravoltas da imaginação. E não deixa de ser curioso que, quando nos sentimos mais insignificantes, busquemos no mar, que nos reduz, a energia que possa devolver-nos a sensação de grandeza.
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Nota: no Cantante ouve-se, agora, "Wise up", de Aimee Mann, retirado da banda sonora de Magnolia, um dos meus filmes de culto. Apenas porque me parece ligar bem com estas imagens.

0 comments | quinta-feira, abril 13, 2006

Na caixa de comentários do post anterior, explico por que apaguei uma outra nota, que lá havia sido deixada por um leitor da FdV. Aí explico o que aí era necessário explicar, creio que com clareza. Sinto-me, porém, na obrigação de esclarecer outras questões. Em primeiro lugar, o hip-hop nada me diz, como tantas outras coisas nada me dizem. Como eu nada direi a muita gente. Creio que o vandalismo não será a única expressão dessa dita cultura urbana ou suburbana, o mesmo aplicando-se aos graffitti. Considero deplorável o que é feito em espaços que são de todos, mais ainda quando se trata de património classificado ou de interesse público. E os exemplos que aqui vou dando, mais do que para denunciar quem os faz, acto que considero caso de polícia, servem para criticar a apática incompetência dos que devem zelar por esse património, designadamente o município do Porto. Ou seja, nada do que aqui coloco tem relação com cores de pele, nacionalidades, religiões, etc., etc... Era o que me faltava, estar aqui a aturar alienados, mas é verdade que escrever um blogue é, de certo modo, andar à chuva.

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Rua do Barão de Nova Sintra, Porto

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Numa livraria, vejo o livro de João Pedro George exposto em lugar de destaque, rodeado pela obra completa de Margarida Rebelo Pinto. Será que os livros da best-selling escrevinhadora vão interpor uma providência cautelar?

5 comments | quarta-feira, abril 12, 2006

Foto de POS

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Ribeira, Porto (todas as fotos)

Haverá quem veja nisto uma fatalidade urbana, quiçá pouco relevante. Há, por certo, pois já tive disso ecos numa caixa de comentários. Discordo. A Câmara do Porto, admito, não contrata os artistas que, de balde de tinta ou spray em punho, traçam o grafismo alternativo da cidade. Mas não limpa, não actua de imediato, não faz o que lhe compete. Estes pequenos exemplos, mais alguns, estão na Ribeira, em plena zona classificada como Património da Humanidade. Não escapam os pilares da ponte pênsil, a recentemente restaurada Ponte de Luiz I, o chafariz que o cubo de José Rodrigues tornou emblemático ou, até, o chão, recuperado há tão pouco tempo no âmbito do Polis. Por falar em Polis, das lojinhas junto aos restos da ponte pênsil apenas uma está a funcionar, as outras, como foi recentemente noticiado, transformaram-se em salas de chuto.

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"Der schlechteste Analphabet ist der politische Analphabet, er hört nicht, sprücht nicht, und nimmt an den politischen Ereignissen nicht teil. Er könt nicht die Kosten für Lebensmitteln, den Preis der Bohne, vom Fisch, vom Mehl, von der Miete, von den Schuhen und der Medizin, alles hängt von politischen Entscheidungen ab. Der politische Analphabet ist so dumm, daß er stolz die Brust aufblast, und sagt daß er Politik haßt. Der Schwachsinnige weiß nicht, daß von seine politische Unwissenheit herkomnt die Prostituierte, das verlassene Kind, und die schlechtesten Diebe von allem, der schlechte Politiker, verderben und Lakai der nationalen und multinationalen Firmen."


O Analfabeto Político

O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa nos
acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão,
do peixe, da farinha, da renda de casa, do sapato
e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha
e incha o peito dizendo que odeia a política.
Não sabe o imbecil que da sua ignorância política
nasce a prostituta, o menor abandonado,
o assaltante e o pior dos bandidos,
que é o político vigarista, reles, o corrupto
e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.


Bertolt Brecht

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Nota - Ando por cá, mas com outras preocupações. Não me tem dado para blogar. Como sempre, é coisa passageira.

3 comments | sábado, abril 08, 2006

Comêmozios!

2 comments | quarta-feira, abril 05, 2006


Actualizo a FdV com uma imagem do fenómeno desportivo, captada esta noite, e mudo a música no Cantante. Só para que não digam que este blogue não sai da cepa torta.

6 comments | segunda-feira, abril 03, 2006

Direitos reservados
1969

Sorrindo, o menino de dois anos não pensou, de certeza, que um marmanjola tentaria rever-se nele, no dia em que completasse trinta e nove. E assim acontece...