4 comments | domingo, abril 30, 2006

Foto de POS
Rua dos Clérigos, Porto

Lê-se na frente do autocarro, que passeia turistas pela cidade esventrada, o "Porto vintage" que dá título a este post. Como certamente sabem, a designação vintage, no que ao Vinho do Porto respeita, reporta-se à colheita de um ano específico, que é assim declarada por ter qualidade excepcional. Ora, o que os passageiros deste veículo vêem não é um vintage, mas um Porto a martelo (leia-se camartelo, leia-se martelo pneumático, leiam-se os martelinhos que os calceteiros usam na dita requalificação do centro da cidade). Mas nem está aqui em causa o mau aspecto das obras que se arrastam, uma rotina que já flui no nosso sangue, e a imagem que os estrangeiros levam para as respectivas estranjas. Quero apenas apontar uma outra face da incompetência pública, a que releva do esquecimento a que os peões são sistematicamente votados. Quem sai a pé da Praça da Liberdade em direcção à Rua dos Clérigos, ou vice-versa, circula no exíguo espaço destinado aos veículos, vendo de soslaio os rabos de pavão que os operários vão desenhando no que um dia voltará a ser o passeio. O tema nem suscita grande reflexão. Está mal feito, é um desrespeito pelos cidadãos, é um perigo.

Foto de POS
Rua dos Clérigos, Porto

Foto de POS
Rua dos Clérigos, Porto

Foto de POS
Rua dos Clérigos, Porto

As fotos, feitas em hora de pouco movimento, são, creio, elucidativas.

Mas não ficamos por aqui. A ideia não é discutir a essência da dita requalificação, mas, simplesmente, questionar a metodologia aplicada. A escultura que simboliza a abundância, da autoria de Henrique Moreira, clarifica a minha perplexidade. Os cubos de granito do pavimento, saídos das cabeças de Álvaro Siza e Eduardo Souto de Moura, já rodeiam a escultura de uma forma que aparenta ser definitiva. Ora, dá-se a circunstância de o plinto assentar no que agora parece ser uma sapata de granito, afinal de contas a dura pedra que foi partida quando ali se rasgou a avenida, agora um afloramento resultante do rebaixamento que as obras em curso provocaram. Vai ficar assim? Suponho que não, seria uma imbecilidade. Então, por que diabo não usaram a cabeça quando deviam, pondo a estátua ao nível adequado, antes de avançarem com a pavimentação?

Em plano recuado, uma casa cega, surda e muda.

Foto de POS
Avenida dos Aliados, Porto

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

A base ficava tapada pelo canteiro que rodeava a escultura. Agora terá que se encontrar uma solução para disfarçar a base do monumento, que foi feita para estar tapada.

José Manuel

01:42

 
Anonymous Anónimo said...

Colocam-se uns vasinhos de flores.
Hã? Não é "voa" ideia? Não acham?
.....
Caro POS, aproveito para lhe comunicar que publiquei justamente esta foto lá no sítio. Não resisti...(espero que nao se importe;-)

19:14

 
Blogger POS said...

Claro que não, Manuela. Disponha :-)

19:47

 
Blogger Pedro said...

essa rua dos clérigos não tinha sido "arranjada" nos tempos da Porto 2001???

00:44

 

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