Baía do Seixal
Fronteiras. Linhas que traçamos na vida, por todos os lados. Que nos travam ou, num arrebatamento, cruzamos em busca da interdição que ali inventámos. Traços invisíveis. Horizontais, verticais, oblíquos. Firmes rectas ou esquivas curvas, que se distanciam quando nos aprestamos a tocá-las. Dividem o bem do mal, certo, mas também o cinzento do pleno luminoso. Não devemos cruzar as primeiras, somos impelidos a pular sobre as segundas. E convencemo-nos de que o outro lado é o nosso lado, porque ali soubemos como existir se torna um verbo refulgente. Nessa nova terminologia gramatical, em que os verbos podem ser refulgentes, baços ou plúmbeos, é claro que só queremos os que brilham. Tão claro como precisarmos de conhecer os outros para fazer a distinção. Nada de novo. Nada de nada. Apenas o curso das vidas, em que a noite é o certificado do dia.
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