Rui Fernando da Silva Rio, presidente da Câmara Municipal do Porto com maioria absoluta, sentou-se e determinou. Determinou com firmeza, diria eu com determinação. Até com o alívio dos justos, como quando o ciclo da natureza determina (lá está) que as almoçaradas não são totalmente absorvidas pelo organismo, antes reconduzidas ao mágico círculo da vida, com ou sem estações de tratamento de permeio. Determinou que, a partir de 1 de Janeiro de 2007, o município nada mais subsidiará, a fundo perdido, com algumas excepções, de que destaco as "situações altamente excepcionais de caracter (sic) exclusivamente social que deverão ser alvo de análise casuística", apenas por ser uma espécie de frase-tipo dos demagogos. Rui Rio sentou-se e determinou, porque é um homem de acção, em especial quando se senta para determinar. Faça ou não coisas inteligentes, justas ou injustas, boas ou más para a cidade, tem uma imagem de marca: o presidente determinou, está determinado. O despacho de Sua Excelência está disponível no site da Câmara Municipal do Porto, para o qual, como saberão os leitores mais atentos, não faço link, por não andar aqui para promover espaços de propaganda pagos com dinheiros públicos (será adequado dizer que são subsidiados?...). É fácil encontrá-lo, não há que enganar, escrito e ilustrado que está com o habitual cunho kitch de quem ali trabalha. Sobre o dito despacho de Sua Excelência registo, apenas, que era absolutamente dispensável a introdução moralizadora com que somos brindados, porquanto o tempo consagrado à leitura é precioso de mais para ser gasto com essas coisas. Quando se sentou, Rui Rio deveria ter sido mais espartano na determinação. Não havia necessidade. Com estas e com outras prodigiosas determinações, cabe ao eleitorado encher o autoclismo de água e esperar, pacientemente, o momento de puxar a corda.
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