0 comments | terça-feira, novembro 07, 2006

Ou eu não me fiz entender, ou o João Miranda não quis entender. Certo é que não entendeu , pelo que vou escrever mais devagar. O momento histórico é um conceito da historiografia, pelo que, por definição, nada desculpa, uma vez que a História não existe para desculpar ou culpabilizar. Algo que não se aplica, claro, ao uso panfletário da História, de que nos deu amostra no seu post inspirado na morte de Mussolini.

Mas, se quer pôr as coisas nesses termos, é evidente que os princípios se alteram em conformidade com os momentos históricos, excepto quando se tem uma fé inquebrantável, seja na transcendência ou na ideologia (sim, eu sei que há essa vertente mística do Liberalismo, assente no entendimento de determinados princípios como definitivos e, simultaneamente, primordiais...). Os princípios devem ser sempre assumidos por quem os tem e, no caso em apreço, expresso através dos devidos canais diplomáticos, mas, como referi, “sem isso significar ingerência em estados soberanos”, pelo que não será adequado invadir o Iraque para impedir a execução de Saddam. Acreditar em princípios universais – os nossos – não passa de primevo etnocentrismo. Que rejeito.

De resto, quer-me parecer que faz uma grande confusão. Falar em momentos históricos não pressupõe, em nada, assumir que há um progresso da barbárie para a civilização. Pelo contrário, é algo que serve para relativizar as diferenças, no sentido de tentar compreendê-las, com alguma humildade, que outra maneira não existe. Claro que vivemos, o João e eu, em momentos históricos diferentes. Eu estou no Porto, em Portugal, estado-membro da União Europeia, em 2006. Pelo menos, penso que sim, mas nunca se sabe...