0 comments | terça-feira, fevereiro 28, 2006

Foto de POS
Rua do Ouro, Porto

Estivessem as águas geladas e nelas buscaria calor. Descia sempre ao Douro, quando lhe chovia por dentro e as veias levavam ao corpo o frio da alma. Bebia memória no que via, transeunte entre os que se transformavam em paisagem, fisgados sem perceber nos anzóis da rotina. Meia hora de passeio e a jornada podia prosseguir, estimulada pelo salitre do mar lá adiante, a meia dúzia de braçadas, embalada pelos voos de sonho a par das gaivotas. Naquele dia, ziguezagueando entre canas deixadas ao acaso, sentiu-se também paisagem, efémera como o sol a espreitar entre as nuvens. Lacrimejou um sorriso, cumprindo-se na rotina que o abraçara suavemente.

0 comments | segunda-feira, fevereiro 27, 2006

"I'm going to fac", ou de como a língua francesa pode ser traiçoeira, em especial quando um jovem parisiense vai estudar para Barcelona. A frase, graçola do filme "A residência espanhola", que há dias revi, parcialmente, na televisão, serve, aqui, para acompanhar mais uma mudança no Cantante. No dito filme, ouve-se, algumas vezes, esta valsa Opus 64, n.º 2, de Fryderyk Chopin. De que eu gosto. Ali fica, numa interpretação de Vladimir Ashkenazy.

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Pedro e Jorge, a long, long time ago

Antes que façam apreciações, devo deixar claro que o mais jeitoso dos dois é o que, à vossa esquerda (where else?), mantém os pés nos pedais, não o outro, que apenas se aguenta graças ao golpe baixo de apoiar o pé direito numa das rodas traseiras do triciclo. Já não sei de onde vieram as camisolas, se da Nazaré ou de Sesimbra, mas quentinhas eram, de certeza. Apropriadas para estes dias de frio em que apenas nos falta a neve (a última vez que nevou no Porto, que eu me lembre, foi, justamente, por alturas do Carnaval). Como isto de ser irmão mais novo significa herdar as tralhas do outro, foi na bicicleta aqui mostrada que eu aprendi a pedalar. Já o triciclo, como o aspecto pré-industrial está mesmo a dizer, tinha sido dele...

11 comments | quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Por que torci pelo Barcelona, que há pouco deu 2-1 ao Chelsea, em Londres:

a) Porque a Catalunha não é Espanha.

b) Porque Deco é portista e portuense de adopção, o que não sucede com nenhum dos portugueses assalariados de Abramovich.

c) Porque os comentadores televisivos, maioritariamente antiportistas, transformaram Mourinho num totem que veneram despudoradamente, depois de, nos tempos em que ele trabalhava cá, lhe chamarem tudo, de arrogante para baixo.

d) Porque Inglaterra é o país que mais prejudicou Portugal, ao longo da história (prejudicar mesmo), à sombra dessa mistificação que é a mais antiga aliança do Mundo.

e) Porque o futebol do Barça é muito mais bonito.

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Há descontentamento, em determinados sectores da blogosfera (ainda não tinha aplicado este lugar-comum à blogosfera)... Alto, vou reformular, com uma das expressões que mais me irritam, quando aplicadas (frequentemente) à comunicação social: Alguma blogosfera anda descontente com a inclusão de música nos blogues. Devo dizer que concordo em absoluto quando a música corre automaticamente, mal se abre a página. Quando isso me acontece, fecho logo a janela. Não é o caso na FdV, nem me parece que a isso se deva alguma lentidão a abrir esta vossa tasca. As músicas não estão alohjadas no Blogger, o que vêem no Cantante, ou nalguns posts por aí abaixo, são apenas comandos que põem a tocar o que noutro sítio está. Parece-me evidente, apesar de ser meio info-excluído. Ponho a música porque acho piada e porque, de cada vez que mudo a selecção musical, pretendo com isso dizer algo. A FdV não é um blogue melómano nem um espaço de divulgação, e a selecção não é, necessariamente, uma montra do meu gosto. A lentidão que possa haver deve-se, eventualmente, à inclusão de fotografias, e disso é que este blogue não prescinde. As fotos fazem parte do conceito editorial cá da espelunca.

0 comments | terça-feira, fevereiro 21, 2006

Ainda vou a tempo. Hoje é o Dia Internacional da Língua Materna. Passe a "heresia", assinalo-o com Português do Brasil, no Cantante, onde passa a ouvir-se "Língua", de Caetano Veloso.

Gosto de sentir a minha língua roçar
A língua de Luis de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar
A criar confusões de prosódias
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior
E deixe os portugais morrerem à míngua
"Minha pátria é minha língua"
Fala Mangueira!
Fala!
Flor do Lácio Sambódromo
Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode
Essa língua?
Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas
E o falso inglês relax dos surfistas
Sejamos imperialistas
Vamos na velô da dicção choo choo de Carmem Miranda
E que o Chico Buarque de Holanda nos resgate
E - xeque-mate - explique-nos Luanda
Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo
Sejamos o lobo do lobo do homem
Adoro nomes
Nomes em Ã
De coisas como Rã e Imã
Nomes de nomes
Como Scarlet Moon de Chevalier
Glauco Mattoso e Arrigo Barnabé e Maria da Fé e Arrigo Barnabé
Flor do Lácio Sambódromo
Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode
Essa língua?
Incrivel
É melhor fazer uma canção
Está provado que só é possível
Filosofar em alemão
Se você tem uma idéia incrível
É melhor fazer uma canção
Está provado que só é possível
Filosofar em alemão
Blitz quer dizer corisco
Hollywood quer dizer Azevedo
E o Recôncavo, e o Recôncavo, e o Recôncavo
Meu medo!
A língua é minha pátria
E eu não tenho pátria: tenho mátria
E quero frátria
Poesia concreta, prosa caótica
Ótica futura
Samba-rap, chic-left com banana
Será que ela está no Pão de Açúcar?
Tá craude brô você e tu lhe amo
Qué queu te faço, nego?
Bote ligeiro
Nós canto-falamos como quem inveja negros
Que sofrem horrores no gueto do Harlem
Livros, discos, vídeos à mancheia
E deixa que digam, que pensem, que falem.

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Pelos vistos, a questão da sonhada Ordem dos Jornalistas está, finalmente, a assumir os contornos de polémica blogosférica. Como em tudo, há gente mais e menos esclarecida, mais e menos emotiva... mais e menos de tudo. Mas este post, necessariamente rápido por falta de tempo, é apenas focado no sinal menos. O debate em torno da Ordem parece ser, afinal, um ataque à Direcção do Sindicato dos Jornalistas (SJ), da qual não possuo, evidentemente, qualquer procuração. Regra geral, salvo honrosas excepções, confundem tudo. Confundem, por exemplo, a Direcção do SJ com o Conselho Deontológico (CD), quando, como também já foi explicado, em caixas de comentários e pelo João Morgado Fernandes, que são coisas distintas, eleitas separadamente. Mesmo pessoas directamente afectadas por declarações patéticas do presidente do CD, como se vê aqui, confundem um pouco as coisas.

Mas não é isso que me importa, neste momento. Irritam-me os ataques pessoais, a partir do momento em que os considero injustos. Por isso, quero aqui dizer que trabalho com o Alfredo Maia há muitos anos, bebemos a nossa cerveja vespertina de vez em quando, tenho o maior prazer em comer com ele à mesma mesa, coisa em que a selectividade é sagrada. Em múltiplas circunstâncias, que para aqui não são chamadas, tenho concordado com ele, em tantas outras, que também não são chamadas para aqui, tenho discordado. Num ou noutro caso, digo-o sempre de viva voz, em privado ou em público. Porém, há algo de que não duvido. O Maia é alguém com uma capacidade de trabalho fora do comum, extremamente dedicado a uma causa colectiva em que acredita e pela qual tantas vezes se sacrifica, até no que à qualidade de vida respeita. Não merece, evidentemente, estar sujeito aos sinuosos ardis de alguns, aos ataques fáceis de outros, à ignorância de tantos outros. Mas também está habituado a essas coisas, pelo que a situação não me preocupa assim tanto. Só gostava que todos entendêssemos, pelo menos de vez em quando, que há sempre pessoas atingidas no meio destas coisas, pelo que temos de ter muita certeza do que dizemos, se não quisermos ser injustos.

0 comments | domingo, fevereiro 19, 2006

Eu tinha (quase) decidido não escrever sobre este assunto, para não manchar o blogue com os delírios do Adriaanse. Mas, enfim... aqui fica:

Como é que esse sujeito, que não conheço de lado nenhum, tem o desplante de me provocar alarvemente, de cada vez que põe a jogar essas entidades designadas, nos meios futebolísticos, por Hugo Almeida (enjoo muito grande no meu tom de escrita) e Jorginho?....

(para não falar do resto)

P.S. - A autoria é do Augusto C., meu companheiro no estabelecimento que me emprega, mas há algo que tem de ficar aqui registado: Em dia de acesa competição televisiva, por causa de uma trasladação que levou às lágrimas os pios corações portugueses, foi a TVI que conquistou o milagre, ao conseguir que Co Adriaanse falasse Português.

(Pronto, uma espécie de Português. Bom, pelo menos sabe dizer inverdades (jargão parlamentar) em Português, pois usou várias vezes a expressão "eu penso".)

P.S. #2 - Vamos à frente! Até os comemos!...

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Numa caixa de comentários de um blogue desses que estão ali à direita, um diálogo terminou com o pedido de chocolates como oferta de tréguas. Apesar de não ser nada comigo, ocorreu-me, de imediato, o título "Buddha and the Chocolate Box", que, como já repararam, corresponde a um álbum de Cat Stevens, evidentemente anterior à metamorfose do músico em Yusuf Islam. Deixo aqui "Oh very young", o tema de abertura desse disco, de 1974.



Oh very young
What will you leave us this time
You're only dancing on this earth for a short while
And though your dreams may toss and turn you now
They will vanish away like your daddy's best jeans
Denim Blue fading up to the sky
And though you want him to last forever
You know he never will (You know he never will )
And the patches make the goodbye harder still

Oh very young
What will you leave us this time
There'll never be a better chance to change your mind
And if you want this world to see a better day
Will you carry the words of love with you
Will you ride the great white bird into heaven
And though you want to last forever
You know you never will (You know you never will )
And the goodbye makes the journey harder still

Oh very young
What will you leave us this time
You're only dancing on this earth for a short while
Oh very young
What will you leave us this time

0 comments | sábado, fevereiro 18, 2006

Deixei aqui, há dias, a promessa de escrever sobre essa ideia, a meu ver desnecessária e potencialmente perniciosa, de criar uma "Ordem dos Jornalistas". Uma ideia que nada tem de novo, que vai pairando sobre a classe há muito tempo. Há bocado, numa volta pelos blogues, vi que há, até, fora da classe, quem se preocupe em entrar na guerrilha contra o Sindicato dos Jornalistas, ignoro se por inocência ou se por sermão encomendado. Como a Fonte das Virtudes não é sobre jornalismo nem para jornalistas, vou tentar não me alongar em excesso sobre o assunto.

Coloca-se, desde logo, a pergunta sacremental: a quem pode interessar a criação da dita ordem? Há sempre a quem estas coisas interessem, nem que seja àqueles que, por mera vaidade, vejam nisso uma espécie de elevação do estatuto. E esses são muitos, por mais idiota que tal motivação possa parecer. Mas é possível que haja, também, os que nisso vêem vantagens pessoais de outra ordem. É questão de ver quem têm sido os defensores mais acérrimos da ideia, ao longo dos anos, e procurar um fio condutor. Não fiz esse trabalho, mas, assim de cor, ocorre-me que vários apologistas da ordem acumulam as funções de jornalista com a docência em cursos de jornalismo. Ora, num simples exercício especulativo, isso poderá levar-nos ao entendimento de que uma das mais apetecíveis funções da ordem, a haver ordem, é regular o acesso à profissão. E se dois e dois ainda forem quatro...

Escrevi aqui, a 4 de Janeiro último, que "o jornalismo asséptico é mau jornalismo, e a segurança da opinião pública reside na diversidade dos olhares". Essa é uma ideia que se enquadra, perfeitamente, no problema de que hoje me ocupo. Existe, entre muitos dos que ensinam jornalismo, a ideia de que, para se aceder à profissão, as licenciaturas que ministram devem ser prerrogativa. Nada tenho, evidentemente, contra os cursos de jornalismo. Até subscrevi, há tempos, uma petição em defesa da manutenção dos ditos nos curricula académicos portugueses. Porém, fazer jornalismo não é o mesmo que exercer medicina, advocacia ou arquitectura. A vida do jornalismo depende da tal diversidade dos olhares, e essa diversidade resulta da individualidade de cada um, evidentemente, mas também das diferentes origens, dos distintos percursos formativos, da universalidade das redacções. Contrariar isso é ir ao encontro do pensamento único e, consequentemente, aniquilar a liberdade de Imprensa.

Há, depois, aqueles que aparentam preocupar-se muito com as questões da deontologia, pedindo mecanismos de controlo, órgãos fiscalizadores, mecanismos de penalização. Há-os dentro e fora da classe. A esse respeito, quero notar que o jornalismo, como todos saberão, toca de forma muito própria a emotividade das pessoas, gera ódios entre pares, presta-se demasiado à subjectividade das avaliações que são feitas. Ou seja, há um risco muito elevado de constituição de elites de poder, nessas desejadas estruturas de controlo, que facilmente podem assumir decisões arbitrárias, em função de uma qualquer espécie de interesse. Ora, a deontologia, em jornalismo, é obrigação primeira do jornalista, e os princípios éticos dizem respeito à estatura moral de todo e qualquer cidadão. Há atropelos? Claro que há. Muitos. Mas muitas são, também, as razões que obrigam a alguma prudência na análise destas questões.

Queixam-se muitos cidadãos de que os jornalistas prevaricadores gozam de total impunidade. Se assim for, a impunidade é comum a todos os outros prevaricadores, pois são inúmeros os mecanismos legais que regem o jornalismo (a Lei de Imprensa, o Estatuto do Jornalista, a Constituição, o Código Penal...). Ou seja, ou é a lei que não funciona ou são as pessoas que a fazem não funcionar. Mas há outro aspecto que não é despiciendo: fazer jornalismo, salvo escassas excepções, decorre do vínculo a uma entidade patronal, as empresas de comunicação social, elas mesmas um mecanismo de controlo e condicionamento da actividade. Por um lado, há mecanismos de responsabilização de sobra. Por outro, nenhuma empresa quereria estar sujeita a que os seus trabalhadores mais importantes (acreditemos que os jornalistas são o elemento mais importante na feitura de um jornal) fossem regulados por uma entidade externa, que pusesse e dispusesse da aptidão para trabalhar dos seus funcionários. Seria mais um passo, está bom de ver, rumo à precariedade laboral.

As ordens profissionais são, a meu ver, resquícios do estado corporativo de antanho Se as profissões liberais lidam bem com isso, óptimo para elas. Mas a liberdade de Imprensa decorre, em grande parte, da liberdade individual, em especial a liberdade de pensar, de discernir. A ideia de juntar todos num corpo é, portanto, contrária a esse espírito. O que não obsta, naturalmente, a que os jornalistas se organizem. Quando as pessoas criticam o Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas, querendo com isso dar ideia de algo que vai mal com a classe estão, desculpem-me a franqueza, a ser um bocado obtusas (claro que não, claro que o que querem é descredibilizar, abrindo outros caminhos.... mas façamos de conta que são obtusas). Porque, como o nome do referido órgão indica, é parte integrante de uma associação sindical, ou seja, apenas fala para os associados, como o sindicato, em tese, apenas representa os associados, se bem que tenha vasta história de lutar por todos, incluindo os que não querem ser sindicalizados. Mas não é uma organização de toda a classe, não é de inscrição obrigatória, não detém poder sobre os que a integram. Quem não gosta não entra, ou, claro, é livre de fundar outro sindicato (nada na lei faz com que um sindicato detenha exclusividade), ou ainda, se entender, um clube recreativo, uma banda filarmónica, uma confraria báquica ou uma comissão promotora de jogos florais.

Esta conversa aborrece-me um bocado, pois o cheiro a podre sente-se à distância. A uma grande distância. Por isso, e como já me estendi em demasia, deixo-vos o slogan de há alguns anos.

SOU JORNALISTA. NÃO ME METAM NA ORDEM!

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Assisti, no Ateneu Comercial do Porto, ao debate sobre Ota, TGV, noroeste peninsular e blá blá blá. Fui em trabalho, pelo que não escreverei aqui sobre o assunto. Só quero registar o momento risível da noite, coisa absolutamente colateral: a indescritível expressão do blasfemo CAA, soerguendo-se, em rápida lentidão, e buscando, boquiaberto, o deputado socialista Renato Sampaio, que acabara de proclamar o êxito financeiro do Euro 2004. Não sei se teve mais graça a cara do blogueiro ou a convicção do parlamentar, mas não consegui conter o riso.

4 comments | quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Foto de POS
Fevereiro de 2006

Cá estou outra vez, de volta à Fonte apenas para marcar presença. Trago comigo o Sancho, evidentemente lindo e, como bom retriever que é, com algo na boca, que não uma peça de caça (não me agrada isso de andar por aí aos tiros, mas - incongruência! - comer as peças de caça já é outra história). Apetece-me escrever sobre jornalismo, mas não parece que o vá fazer já. Não é para criticar a paranóia securitária que levou ao triste e grave episódio de ontem, na Redacção do "24 Horas", pois já muitos o fizeram. O que me está a fazer cócegas é que começam, alguns, a saltar para serem notados, empunhando a peregrina ideia da "Ordem dos Jornalistas". Sou contra, está visto, e, um dia destes, escreverei aqui sobre o assunto.

Para já, mudo novamente a música do Cantante. "Summertime", de George e Ira Gershwin, na voz de Peter Gabriel (retirado do álbum de homenagem a Larry Adler - como é que chama um tipo que toca harmónica?... -, "The Glory of Gershwin", de 1994).

6 comments | sábado, fevereiro 11, 2006

Nem tudo é mau. Uma espreitadela aqui deu-me a pista para alojar música na Net. Mudo já o Cantante! Ouve-se lá, agora, David Bowie. A canção, que acho magnífica, chama-se "Slip away" e é do álbum Heathen, de 2002. Espero que gostem, claro.

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Foto de POS
Rua do Ouro, Porto

Este blogue poderia reclamar da ridicularia, mera guerrilha política, que tem sido a questão do túnel rodoviário que une a Rua de Ceuta ao Jardim do Carregal/Rua de D. Manuel II (desculpem, mas a designação "Túnel de Ceuta" irrita-me, talvez por tantas vezes a ter ouvido da boca de Rui Rio). Poderia virar-me contra os administradores do Município, se tal valesse de alguma coisa, poderia protestar contra o Ministério da Cultura (a montanha pariu um rato). Poderia apelar aos engenheiros e físicos que por aqui, eventualmente, passem, para que me esclareçam, demonstrando se o piso de paralelepípedos, que agora pretendem pôr em frente ao Museu Nacional de Soares dos Reis, provocará, ou não, maior trepidação, que poderá afectar o edifício e o espólio que guarda. Vendo bem as coisas, este blogue poderia dedicar-se à pesca, mas a verdade é que isso não me atrai minimamente.

4 comments | sexta-feira, fevereiro 10, 2006

“A estrutura de algumas destas fontes é notável (...)

“A segunda é a das Virtudes; compõe-se de um alto frontispício adornado de antigas pirâmides e firmado em bancos de pedra que o rodeiam. A copiosa água que dela sai por duas carrancas gigantescas, lavradas na mesma pedra, enche em menos de um minuto o maior cântaro. Ao seu lado estão dois profundos tanques em que diariamente lavam roupa de vinte a trinta lavadeiras. Em uma lâmina de mármore vermelho tem gravados estes versos:

«FONS SCATET ILLUSTRI VIRTUTUM NOMINE DICTUS: QUI SITIT, HAS LYMPHAS ABSQUE TIMORE BIBAT. ATE CAVERNOSO DE PUMICE DEGENER IBAT : OBSTABANT PIGRA LIMUS ET UMBRA MORA. PUBLICA CONSPICUAS EXPENSA DUXIT IN AURAS UTQUE LOCO FLUERET COMMODIORE DEDIT. INDE VIAM STRAVIT, DEJECITQUE ORDINE SEDES, GRATIA TAM GRATIS MAIOR UT ESSET AQUIS.

“Esta fonte deu o nome à porta da cidade chamada das Virtudes, e assim mesmo aos Assentos, que ficam ao seu lado em um alto da parte oriental, e que se dilatam pela distância de 222 passos. Em toda a cidade, não há sítio nem mais ameno nem mais agradável; porque, além da sua bela posição adornada de regulares edifícios, gozam os olhos, de um só golpe, vista de cidade, de mar, de rio, navios, montes, campinas, quintas e palácios. O grande paredão, que presentemente se está fazendo, para com ele se formar uma praça correspondente à beleza e magnificência desta agradável situação, será um monumento eterno do patriótico zelo que Rodrigo António de Abreu e Lima, cavaleiro professo na Ordem de Santiago, inspector da marinha do Douro, administrador-geral dos portos secos das três províncias do norte e actual juiz da alfândega, mostrou em obrigar o senado da Câmara a fazer esta obra interessantíssima à régia utilidade e recreio público.”



Acabaram de ler, se para isso tiveram pachorra, um excerto da célebre "Descrição Topográfica e Histórica da Cidade do Porto", dada à estampa em 1788 pelo padre Agostinho Rebelo da Costa. Este homem era, como se vê por alguns detalhes, um pouco exagerado. Por vezes, inventava, por outras adjectivava generosamente, mas a obra que deixou é, desde que encarada com o devido distanciamento, uma referência incontornável para a historiografia sobre o Porto. A passagem que reproduzi respeita, evidentemente, à Fonte das Virtudes e ao paredão erguido ao lado, sobre o qual assenta o conhecido Passeio das Virtudes. Trago-a para aqui como nota introdutória a um grito de revolta contra a indigência que nos rege, à cidade e ao património. Por causa do que vi quando lá fui, ontem de manhã.

Foto de POS
Calçada das Virtudes, Porto (todas as fotos)

O chafariz que dá nome a este blogue, sobre o qual escrevi logo nos primeiros tempos, é Monumento Nacional desde 1910, podendo a classificação ser consultada, online, no site do Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR). Construído no primeiro quartel do século XVII, ocupa posição destacada naquilo que foi o vale do Rio Frio e insere-se no conjunto que permitiu a classificação do centro histórico portuense como Património Cultural da Humanidade. Está, agora, como aqui se mostra. Por causa de incompetências várias: da sociedade, que abdicou de formar cidadãos (a regra não é geral, evidentemente); das forças de segurança, que, por culpa própria e alheia, não policiam devidamente; da Câmara do Porto, que patrocina o desleixo, permitindo o estacionamento desordenado de automóveis, quando deveria garantir um perímetro de segurança em redor do monumento, até para salvaguarda dos visitantes que se interessem por estas coisas; do IPPAR, que, eventualmente, nem sequer sabe que um Monumento Nacional, à sua guarda, está neste estado.

Foto de POS

Foto de POS

Foto de POS
Recordo-me, com isto, de uma académica de relevo me ter dito, certa ocasião, que, a propósito da descoberta de um importante elemento patrimonial de cariz religioso, numa cidade de Portugal de cujo nome não quero recordar-me, tentou sensibilizar o município para a importância do achado. Não falou com nenhum membro eleito, mas teve pela frente um funcionário tido como muito importante e próximo do senhor que mais mandava (principescamente pago, rezam as más línguas), que lhe terá respondido da seguinte forma: "Agora, vamos resolver os problemas do presente, só depois é que olhamos para os do passado".

Ora essa é uma postura que, com certeza, não condiz com quem quer orientar os destinos de uma cidade como o Porto. Portanto, é desejável que o Executivo de Rui Rio, alertado para a situação, tome medidas. Pressionando o IPPAR (ao menos que haja um atrito válido, que não a nebulosa questão do túnel dito de Ceuta), porque, como defendem os especialistas, a forma de lidar com actos de vandalismo sobre o património passa, em primeiro lugar, pela rápida reposição da normalidade (a normalidade possível, dependendo das condições técnicas para eliminar as pichagens), mas, também, pondo ordem no lamentável panorama do estacionamento, eventualmente motivado por um estabelecimento de ensino ali existente (onde está sedeado o Agrupamento de Escolas de Miragaia). Quando cheguei lá, devia decorrer um intervalo, pelo que à porta da escola estava um grupo razoável de rapazotes, daqueles de bonés nas indiferentes cabeças, que (maldade minha, quiçá) podem bem ser dos que gostam de andar por aí com sprays de tinta a estragar o que é de todos. Aliás, como mostro a seguir, a entrada da escola é, ela mesma, montra dessas capacidades artísticas

Foto de POS

Esta é apenas uma das muitas vergonhas que povoam o centro histórico de uma cidade que é património mundial. Outras por aqui aparecerão. Devo concluir, porém, dizendo que, às vezes, sou tentado a reconhecer que os que vêem no património edificado apenas calhaus poderão ter, afinal, algum pingo de razão. Explico porquê. Para obter determinado enquadramento fotográfico, subi o talude que leva à base do paredão, que mostro imediatamente a seguir, também ele palco de outras misérias.

Foto de POS

Reparam, evidentemente, nos nichos que ocupam toda a extensão do muro. As imagens que se seguem mostram o interior dos primeiros três.

Foto de POS
Um homem a dormir

Foto de POS
A despensa desse homem

Foto de POS
A latrina, onde nem falta o papel... de jornal.

Com isto, creio que não tenho mais nada para dizer.

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Entendeu o conhecido (?) bruxo de Fafe ir a pé, do estádio do Vitória Sport Clube até ao santuário do Sameiro, isto é, de Guimarães a Braga, carregando uma cruz e as fotografias de todos os jogadores do clube que lhe alimenta o coração e que, nos dias que correm, anda pelas ruas da amargura. Ouvi-o na TSF, explicando que parava, de cinco em cinco quilómetros, para fazer algumas orações e defumar os jogadores, cumprindo um ritual qualquer que não sei aqui explicar. Mas o verdadeiro bruxo é o bruxo prudente. Deixo aqui a fala do próprio: "Atenção que o Guimarães, se tiver de descer de divisão, também desce, como os outros".

Pois.

1 comments | quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Ligar a televisão, logo depois de acordar, tem que se lhe diga. Hoje, poucos minutos passavam das dez, levei de chofre com o programa da manhã da RTP. A bem da cultura, estava em curso um momento musical inolvidável. Mónica Sintra, outrora a rainha da dor de corno, título conquistado à custa de temas como "Afinal havia outra" ou "Na minha cama com ela", dava mostras de ousadia sentimental, predispondo-se a encontrar o céu na terra. Não resisti a captar os versos do refrão:

Tu és tu, eu sou eu,
Está na hora de voltar a ser feliz,
Tu és tu, eu sou eu,
Escutar o que o meu coração diz.

Abençoada televisão pública, que dá à arte um sentido, incutindo ao povo essa atitude positiva de ir em frente, escutando a voz intrépida do coração. Abençoada Mónica, cuja existência me era indiferente antes de, hoje de manhã, se tornar penosa, por tão bem interpretar o sentimento geral deesta nação bacoca.


Dou de barato que me perdoarão não pôr a tocar, na Fonte das Virtudes, o novo êxito de Mónica Sintra. Como compensação, mudo a frequência do Cantante, deixando lá a Méditation, da ópera Thaïs, de Jules Massenet. Ignoro quem é o/a solista, qual a orquestra, etc. etc. Já sabem...

P.S. - Tenho algo mais importante para postar, sobre esta cidade do Porto, mas ainda tenho de digerir melhor a amargura que me sobrou de um passeio matinal.

3 comments | quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Porque somos ocidentais, podemos admitir que é possível pôr em confronto, no mesmo campo, uma equipa de futebol e outra de futebol americano. A coisa resultará algo confusa. Serão de esperar atitudes diversas em resultado de concepções diversas, mas, havendo acordo entre as partes e seguindo a experiência em frente, sempre existirão pessoas capazes de aí ver saudável entretenimento, conquanto sirvam pipocas na bancada e façam um espectáculo de cheerleaders ao intervalo. A imaginação dita os limites, e uma sessão de strip-tease na Assembleia da República, com table dance para o primeiro-ministro, poderia ser encarada como ousadia estética, pelo menos enquanto a polícia não desmobilizasse as artistas. Os absurdos exemplos constituiriam, reconheça-se, exercícios de liberdade de expressão e de criação, pouco importando se entendidos ou apreciados pelo público. Não creio que se passe o mesmo com os cartoons dinamarqueses. Tentarei explicar porquê.

Por mais que a economia nos una a todos, não importa agora se em torno da prosperidade ou da miséria, nunca a globalização será um fenómeno de mentalidades. As diferenças entre civilizações, mais do que meras divergências culturais, assentam em distintos esquemas mentais, valores contraditórios, leituras opostas, formas de reagir adversas, simbologias dissonantes. Por exemplo, querer impor a democracia de tipo ocidental no Iraque ou, ainda mais, no Afeganistão, choca com o entendimento dos povos, pelo que é algo apenas sustentável pela forte presença militar alienígena, ou seja, pela coacção, ou seja, pela ausência de democracia. De igual modo, a liberdade de criação, que para nós é inalienável, pode, para outros, ser desprovida de sentido, incompreensível. Mais: responsabilizar toda uma nação, ou um estado, por atitudes de indivíduos ou de grupos restritos, como a criação e a publicação dos cartoons de Maomé, é, aos nossos olhos, uma tontaria, mas é algo absolutamente legítimo, do ponto de vista dos que um pouco por todo o lado vão manifestando a fúria que deles se apossou.

Não importa, para esta discussão, se os islamitas revoltados são, ou não, instrumentalizados, para servir objectivos de lideranças político-religiosas (a mistura é evidente e, claro, resulta de concepções de estado bem distintas, em que a laicidade equivale a blasfémia). Importa, porém, deixar claro que são instrumentalizáveis, mais devido a padrões mentais do que a fenómenos de opressão ou pobreza.

É claro que, como ainda ontem me diziam, também a má arte é arte, e negar-lhe o direito a existir põe em causa alguns dos nossos valores fundamentais. Não quero entrar pelo caminho do gosto, e cada um pode criar o que lhe apetecer, bem como qualquer publicação pode publicar o que lhe apetecer, partindo do pressuposto de que uns e outros poderão ser responsabilizados, pela sociedade ou, até, pelos tribunais, se for caso disso. Estou, aqui, a falar em abstracto, mas passo já à concretização. E pergunto se o jornal tinha o direito de publicar os cartoons, para responder de imediato que sim. Publicou, assim o entendeu, e as consequências existem, não as podemos ignorar. Tudo, na vida, resulta de escolhas, e os jornais são, de uma ponta a outra, resultados de escolhas. Editar é, em primeira análise, escolher, conceito que, em si, encerra as duas posturas possíveis em face de uma matéria: publicar e não publicar.

A escolha de não publicar, que a cada dia é feita nas redacções de todo o mundo, não é, necessariamente, um gesto de autocensura, de cedência a pressões ou de desistência. Pode ser (deve ser), muito simplesmente, o resultado da ponderação. E a ponderação, num caso destes, teria de passar pelas reacções que eventualmente seriam desencadeadas no universo muçulmano, ou, se preferirem, nos sectores mais radicais do Islão. Ao não publicar os cartoons, estariam os responsáveis editoriais do jornal a abdicar de princípios fundamentais? Creio que não. Por uma razão muito simples. A intransigência na defesa da liberdade de criação e de expressão faz todo o sentido no nosso universo mental, ou seja, de “ocidental” para “ocidental”, mas existe sempre a possibilidade (a possibilidade, repito) de não o fazer num quadro civilizacional que nos é estranho, por mais que digamos conhecê-lo ou compreendê-lo. Mais do que divergências de opinião, poderemos ter pela frente desencontros inevitáveis de mentalidades.

A água e o azeite não se misturam, o que não obsta a que beneficiemos de uma, essencial à vida, e de outro, preponderante na nossa dieta, o que quer dizer que ambas as substâncias encontraram em nós uma forma de convivência. Ora, isso, se aplicado a pessoas, decorre da noção do outro e da noção de que nós mesmos somos, para os demais, esse outro. Aplica-se a pessoas e aplica-se a povos. Aplica-se a estados e a civilizações. A credos e a ideologias. Está sempre presente a necessidade de encontrar equilíbrios, a partir do respeito, da não interferência na esfera da intimidade alheia, da humildade. Tempos houve em que o mundo islâmico dava lições de tolerância e progresso civilizacional à cristandade. Tal deveria ser suficiente, se o carácter pedagógico da memória funcionasse, para que algum pudor nos impedisse (ao Ocidente) de querer impor ao mundo uma escala de valores que nem nós mesmos sabemos respeitar inteiramente no seio do nosso grande quintal. Ou seja, a presunção de que ocupamos um patamar mais alto na escala civilizacional é, por si, sintoma de menoridade intelectual. E é isso que impera quando alguém, sem questionar minimamente a complexidade disto tudo, proclama bem alto o ascendente moral de uma escala de valores em que se revê.

Editar deve ser, portanto, agir de acordo com estas noções. Não creio que isso tenha sucedido. A publicação dos cartoons foi legítima, já o disse, tal como é, para mim, primordial a liberdade que os autores tiveram para os fazer. Isso não me impede, porém, de pensar que houve um mau trabalho de edição, porque imprudente e sobranceiro.

Temos, pela liberdade de acção que a vontade nos confere, todo o direito de enfiar o braço num ninho de vespas enfurecidas, mas o bom senso, se o tivermos, determina que o não façamos. Os nossos governos não devem abdicar dos nossos valores, mas é verdade que a diplomacia pode, por vezes, implicar determinadas cedências (Galileu viu na vida um valor maior e retractou-se). Urge, portanto, que tenhamos consciência de que o outro, esse mundo que nos é estranho porque, também, temos dificuldade em compreender diferentes esquemas mentais, vê-nos a todos como braços de um só corpo. Todo o corpo corre, por isso, o risco de ser picado pelas vespas que só um braço atiçou, algo que um pouco de ponderação poderia ter evitado.

2 comments | domingo, fevereiro 05, 2006

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A não perder. O Porto.

Imagem roubada ao J. Paulo Coutinho

2 comments | sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Há dias, quis ter ido na onda, pondo a tocar na Fonte o Introitus do Requiem de Mozart. No dia, não consegui, mas, como diz o ditado, mais vale tarde do que muito mais tarde. Aqui fica. [no cantante mantém-se Giordano]




Fui buscar o link ao Mau Tempo no Canil. Já estava para ser posto ali ao lado há tempos, mas a recente contratação do jmf torna a ligação obrigatória.

1 comments | quarta-feira, fevereiro 01, 2006

As deambulações pela blogosfera obrigam-me, claro, a chocar com o fait-divers do momento, uma polémica sobre amiguismos, favorecimentos, compadrios ou fretes (o filtro de linguagem deste blogue impede-me de usar o melhor do jargão jornalístico) na aldeia literária portuguesa, concretamente no universo da crítica. Muitas vezes, as polémicas interessam-me, apenas, para apreciar como os envolvidos polemizam. No caso, só encontro uma evidência: este homem desanca todos os outros com tão refinada pontaria, que, sem hesitar, apenas concluo que eles gostam, ou não insistiriam.

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Novos caminhos para a leitura deste blogue.


Via Blasfémias.

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É quarta-feira n'A Cidade Surpreendente.

P.S. - Recebi o abraço e retribuo.