Rua do Ouro, Porto
Estivessem as águas geladas e nelas buscaria calor. Descia sempre ao Douro, quando lhe chovia por dentro e as veias levavam ao corpo o frio da alma. Bebia memória no que via, transeunte entre os que se transformavam em paisagem, fisgados sem perceber nos anzóis da rotina. Meia hora de passeio e a jornada podia prosseguir, estimulada pelo salitre do mar lá adiante, a meia dúzia de braçadas, embalada pelos voos de sonho a par das gaivotas. Naquele dia, ziguezagueando entre canas deixadas ao acaso, sentiu-se também paisagem, efémera como o sol a espreitar entre as nuvens. Lacrimejou um sorriso, cumprindo-se na rotina que o abraçara suavemente.
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