0 comments | sexta-feira, março 31, 2006

Foto de Pedro Correia
Foto de Pedro Correia

Há quatro anos, em Dresden, eu e o Pedro Correia, depois de mandarmos o serviço para o jornal, divertíamo-nos no bar do hotel, frente a um funcionário pouco simpático, a fazer comentários pouco abonatórios a respeito do dito, em Português, enquanto emborcávamos as nossas "grosse bier", e ríamos perdidamente. Coisas de putos. Aliás, é frequente que nos saudemos assim: "Como é que estás, miúdo?"

(e tem ele menos uma dezena de anos do que eu)

Soube, há cinco-dez minutos, que ganhou, com a foto que reproduzo acima, o Prémio Fotojornalismo Visão, a mais importante distinção, em Portugal, para repórteres fotográficos.

Fiquei tão feliz por ele, tão comovido, que me senti na obrigação de assinalar aqui o momento, mesmo sem autorização (o raio do chavalo tem o telemóvel desligado).

Reproduzo, para que fiquem em arquivo, os dois primeiros parágrafos do comunicado oficial. Por ti, Pedro, com o meu forte abraço:


"Pedro Correia, 28 anos, é o grande vencedor do 6º Prémio Fotojornalismo VisãoBES. Repórter do Jornal de Notícias, o galardoado fotografou sentimentos de tristeza e comoção durante o funeral de um agente da PSP morto na Amadora a 20 de Março de 2005.

"De entre 204 fotógrafos, com 5815 fotografias, Pedro Correia vence, também, na categoria Reportagem, com oito imagens a preto e branco tiradas durante o cortejo fúnebre do agente. Paulo Alves, 23 anos, foi um dos três polícias mortos em serviço na Amadora, ano passado."

Adenda: outro grande abraço para o Leonel de Castro (a loira), que venceu na categoria "Notícias", com uma foto de incêndios que não tenho aqui, para reproduzir.

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O inexcedivelmente atento blogue Flores e Abelhas chamou-me a atenção para o site de Margarida Rebelo Pinto. É de chorar por menos.

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A saloiice é sempre um "fait-divers", pelo que esta aberração não me incomoda. Só deixa de ser folclore no eventual momento em que um tribunal dê razão à virginal ofendida. Aí, teremos motivos para sair à rua, bloquear as linhas dos comboios, barricar as estradas.

Diz o Manuel António Pina que blogues não são com ele, pois já produz um, com posts diários na última página do JN. O de hoje tem a ver com o assunto e tomo a liberdade de o reproduzir aqui.

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"A marca registada

"Parece que alguém descobriu que os livros de Margarida Rebelo Pinto são copiados uns dos outros, com páginas inteiras repetidas, e se prepara para, por sua vez, publicar um livro sobre o assunto. Só que a visada e a sua editora interpuseram em tribunal uma providência cautelar para impedir a publicação da obra (João Pedro George, "Couves & Alforrecas. Os Segredos da Escrita de Margarida Rebelo Pinto") pois a revelação do "segredo" seria como revelar, por exemplo, a receita dos pastéis de Belém, e portanto lesiva "dos direitos (...) de propriedade industrial (sic) da escritora", até porque "Margarida Rebelo Pinto" é uma "marca registada" que não pode ser usada sem autorização (o que quer dizer que esta crónica também está à margem da lei...). O equívoco de "Couves & Alforrecas" é que se apresenta como obra de crítica "literária", quando a coisa é do âmbito da Inspecção das Actividades Económicas. Se algum consumidor dos produtos impressos da marca em causa se sentiu defraudado com o autocopianço deveria, em vez de escrever livros, ter-se queixado à DECO, que todos os dias dá conta, sem providências cautelares, da má qualidade de marcas tão ou mais "registadas" que a de Marg... que aquela que não pode ser dita sem autorização..."

Manuel António Pina

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Sobre esta questão dos emigrantes repatriados, há algo que, a meu ver, não tem sido suficientemente notado. É que o Portugal de Abril e da Europa é, ainda, o país de onde foge gente, a salto, para sítios como o Canadá.

0 comments | quinta-feira, março 30, 2006

Somewhere, in the deepness of my soul, lies a beam of shining light, keeping me warm even in the coldest days and nights. Nothing else it is, I must say, than the vivid memory of your everlasting smile. For you, I change the sound in Cantante, hoping this song by the great Tom Waits can make you feel the warmth you make me keep in my tiny heart.

1 comments | sábado, março 25, 2006

Foto de POS

Alguns dias com o blogue a seco, sem razão especial, resultam em falhas. Há que corrigi-las. Há tempos que eu queria fotografar com algum método, aqui para a FdV, vários aspectos do Porto que não cabe em postais ilustrados, designadamente a degradação de edifícios na zona histórica. Ora, e ainda bem, o Carlos Romão decidiu fazê-lo com uma qualidade a que dificilmente posso aspirar. A par d' A Cidade Surpreendente, que todos conhecemos bem, criou A Outra Face da Cidade Surpreendente. Uma não existe sem a outra, ambas merecem aplauso.

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Nota: Logo, será tempo de mudar os relógios para a hora de Verão. Mas o Verão nem perto está, e a Primavera tarda em manifestar-se. Para atrair algum calor, ponho a tocar, no Cantante, uma versão ao vivo do tema Itapuã, de Caetano Veloso. Lindo (penso eu de que).

10 comments | terça-feira, março 21, 2006

Foto de POS
Paranhos, Porto

...e porque nem sempre a vida é feita de sonetos, assinalo a data, de forma pouco ortodoxa, com o "Poema temperamental", de Joaquim Pessoa. Sem ofensa.


Poema temperamental

Ó caralho! Ó caralho!
Quem abateu estas aves?
Quem é que sabe? quem é
que inventou a pasmaceira?
Que puta de bebedeira
é esta que em nós se vem
já desde o ventre da mãe
e que tem a nossa idade?
Ó caralho! Ó caralho!
Isto de a gente sorrir
com os dentes cariados
esta coisa de gritar
sem ter nada na goela
faz-nos abrir a janela.
Faz doer a solidão.
Faz das tripas coração.
Ó caralho! Ó caralho!
Porque não vem o diabo
dizer que somos um povo
de heróicos analfabetos?
Na cama fazemos netos
porque os filhos não são nossos
são produtos do acaso
desde o sangue até aos ossos.
Ó caralho! Ó caralho!
Um homem mede-se aos palmos
se não há outra medida
e põe-se o dedo na ferida
se o dedo lá for preciso.
Não temos que ter juízo
o que é urgente é ser louco
quer se seja muito ou pouco.
Ó caralho! Ó caralho!
Porque é que os poemas dizem
o que os poetas não querem?
Porque é que as palavras ferem
como facas aguçadas
cravadas por toda a parte?
Porque é que se diz que a arte
é para certas camadas?
Ó caralho! Ó caralho!
Estes fatos por medida
que vestimos ao domingo
tiram-nos dias de vida
fazem guardar-nos segredos
e tornam-nos tão cruéis
que para comprar anéis
vendemos os próprios dedos.
Ó caralho! Ó caralho!
Falta mudar tanta coisa.
Falta mudar isto tudo!
Ser-se cego surdo e mudo
entre gente sem cabeça
não é desgraça completa.
É como ser-se poeta
sem que a poesia aconteça.
Ó caralho! Ó caralho!
Nunca ninguém diz o nome
do silêncio que nos mata
e andamos mortos de fome
(mesmo os que trazem gravata)
com um nó junto à garganta.
O mal é que a gente canta
quando nos põem a pata.
Ó caralho! Ó caralho!
O melhor era fingir
que não é nada connosco.
O melhor era dizer
que nunca mais há remédio
para a sífilis. Para o tédio.
Para o ócio e a pobreza.
Era melhor. Com certeza.
Ó caralho! Ó caralho!
Tudo são contas antigas.
Tudo são palavras velhas.
Faz-se um telhado sem telhas
para que chova lá dentro
e afogam-se os moribundos
dentro do guarda-vestidos
entre vaias e gemidos.
Ó caralho! Ó caralho!
Há gente que não faz nada
nem sequer coçar as pernas.
Há gente que não se importa
de viver feita aos bocados
com uma alma tão morta
que os mortos berram à porta
dos vivos que estão calados.
Ó caralho! Ó caralho!
Já é tempo de aprender
quanto custa a vida inteira
a comer e a beber
e a viver dessa maneira.
Já é tempo de dizer
que a fome tem outro nome.
Que viver já é ter fome.
Ó caralho! Ó caralho!

Ó caralho!

Joaquim Pessoa

6 comments | segunda-feira, março 20, 2006

Foto de POS

Foto de POS

Foto de POS

Foto de POS

Foto de POS

Foto de POS

Foto de POS

Foto de POS
Praça de Mouzinho de Albuquerque, Porto

Há liberdade no voo das gaivotas, sonho nas asas que planam ao sabor do vento. Arrepia, por vezes, ouvir os grasnidos de um bando misturados no rumor das ondas. Porque só com mar há plenitude nestas aves, só sobre a água nos povoam o imaginário. Em terra, são diferentes, deslocadas, bizarras. Mas não são inadaptadas. Deixou de fazer sentido, há muito, essa máxima de que gaivota em terra significa tempestade no mar. A verdade é que gaivota em terra quer dizer que há comida em terra, mesmo que lixo. Não é o caso. Este homem, dia sim dia não, vai à Rotunda da Boavista dar de comer às gaivotas. Lamenta não ter peixe, apenas aparas de carne que recolhe num ou noutro talho. Faz o que faz por amor aos animais, porque se convence de que o mar não tem peixe, porque a administração de Leixões proibiu que lá se alimentassem as aves. Elas sabem. Vão-se juntando por ali antes de começar a distribuição do banquete. Os transeuntes estranham, receiam os bicos recurvados, assustam-se quando todas voam em debandada. O homem, a cada dois dias que passam, faz o que julga ser uma boa acção. Tem um desejo duplo: uma pequena banca e uma faca melhor, para se cansar menos. Talvez isso o faça feliz. Diz que já chegaram a comer-lhe da mão e sorri. Feliz nessa recordação, parece não precisar de mais.

2 comments | sexta-feira, março 17, 2006

Isto anda mau para o bloganço. Hoje, temi pela integridade física da FdV, e estive mesmo mesmo a apanhar o avião rumo à costa do Pacífico, para dizer umas verdades aos senhores do Blogger. Concluí, afinal, que não devia incomodar-me. Assim sendo, ao cabo de 8907897329 tentativas de postar algo, optei apenas por mudar a música disponível no Cantante. Canta Adrian Belew, enquadrado pela inconfundível guitarra de Robert Fripp. São os King Crimson e o tema Neal and Jack and Me, do ábum Beat, de 1982.

7 comments | quinta-feira, março 16, 2006

Não vi reacções, na blogosfera portuense, à negociata finalmente levada a cabo por Rui Rio, que resulta na transformação do Palácio do Freixo em Pousada de Portugal. Legitimado pela maioria absoluta, pôde vingar, agora, as vezes em que tal projecto foi chumbado pelo executivo camarário. É uma negociata triste, indiciadora de que, para quem governa a cidade, os fins justificam os meios.

Quero clarificar que sou fã das pousadas e, também, das pousadas históricas. Muitos monumentos portugueses estão em bom estado, visitáveis, porque foram recuperados para esse efeito. Neste caso, a coisa é um bocado diferente. Foi a cidade que, há anos, recuperou o edifício de Nasoni, que agora vai ser entregue de mão beijada para que, juntando-se o bloco das antigas Moagens Harmonia, seja montada no Porto a maior de todas as pousadas portuguesas.

Ora, o senhor presidente da Câmara Municipal precisava de dar utilidade ao edifício, na posse do município, mas não soube o que haveria de lhe fazer. Ou não quis saber. Para pôr aquela zona apta a receber turistas, dois museus vão ser desmontados e deslocados: o Museu da Ciência e da Indústria e o Museu Nacional da Imprensa. Ora, estamos a falar do Porto, onde a ideia de "museu da cidade" implica (mal, a meu ver) espaços diferenciados, dispersos. Núcleos que supostamente se integram nesse todo, mas que não passam de tijolos deslavados de um edifício invisível. A cidade merece um verdadeiro museu, baseado em conceitos modernos de museologia, evidentemente centrado num local específico, que constitua uma memória perene nos visitantes. A minha primeira escolha, para esse efeito, era, claro, o edifício da Alfândega Nova, recuperado para a realização de uma cimeira e para o qual não acharam melhor aplicação do que Museu dos Transportes e Comunicações, com todo o respeito que as comunicações e os transportes me merecem. Mas este espaço em que se inclui o Palácio do Freixo seria, também, uma opção interessante para o Museu da Cidade. Não tão boa, porque está bastante deslocado do centro, mas claramente adequada. Parte do esforço público, a recuperação do edifício barroco, já tinha sido feita, pelo que era expectável que fosse destinado a utilização pública.

O Porto merece, com toda a certeza, uma pousada. E em espaço histórico, com certeza. Por que razão não insistiu a cidade numa ideia de que há anos se falava (excelente ideia, digo eu), a de recuperar o Convento de Monchique para acolher tão importante empreendimento hoteleiro? Os exploradores do equipamento davam à cidade uma contrapartida válida (a recuperação de património) os turistas ficavam bem servidos, dentro do centro histórico, e poderiam, até, gabar-se de ter dormido ali, onde a Teresa do "Amor de Perdição" terminou a passagem por este mundo. Claro que essa ideia não avançou. Lá saberão os senhores importantes e iluminados por que assim foi.

3 comments | domingo, março 12, 2006

Foto de POS

Muito tempo antes de os neoliberais transportarem o termo “colaborador” para as empresas, esquivando-se a essa dolorosa circunstância de chamar trabalhadores aos que trabalham, já a gente dos jornais usava a palavra para designar os que faziam jornalismo sem serem jornalistas, de papel passado e reconhecimento salarial. Eu, como tantos, comecei por ser colaborador desportivo do “Jornal de Notícias”. Chamo aqui essa circunstância na hora de homenagear o último colaborador da velha guarda, pequeno no físico mas enorme na estatura que o obriga a sair pela porta grande. Ao fim de 42 anos, é impossível que deixe de ter o JN misturado na corrente sanguínea, mas as circunstâncias determinaram-lhe a hora de parar. Vamos, espero que muitos, jantar amanhã com ele. Chama-se Manuel Nunes.

Há uma diferença substancial, porém, entre os colaboradores como eu fui durante dois anos, aqueles que tentam a entrada numa profissão, e os da casta do Sr. Nunes, movidos por uma camisola que decidiram vestir, à margem de outras carreiras, orgulhosos de participar em algo que admiram e sempre ajudaram a construir. Alguns deixaram de cá aparecer porque a senhora da gadanha os levou. Lembro os que desapareceram nestes meus 16 anos de JN: Augusto Cardoso, o grandioso Cardosão; Alves da Silva, o mais madrugador em todo o JN; António Martins Mendes, o decano, atropelado quando rumava à Redacção, já perto dos 90, falecido uns anos depois. Manuel Nunes sai cheio de vida. Porque a vida não se enche dele nem a vida dele termina nesta porta por onde sai.

Trato-o muitas vezes por “presidente”, pois é isso que ele é. O homem que tem dedicado tanta da sua vida ao Sporting Clube Vasco da Gama, que tem feito pela juventude de uma das tantas zonas carenciadas do Porto, com o basquetebol, mais do que tantos e tantos programas saídos das cabeças de madres teresas e padres américos de gabinete. No Parque das Camélias, cujos campos de básquete ficaram cobertos há dois anos, ao cabo de uma muito longa batalha, várias gerações encontraram alternativas àquilo a que os psicólogos chamam comportamentos desviantes.

No JN, Manuel Nunes vem do tempo em que a secção desportiva era formada por dois ou três profissionais, apoiados num batalhão de colaboradores. É o último desse tempo, o último resistente entre tantos homens válidos que, por tuta e meia e com muito orgulho, mesmo não sendo os mais eruditos, contribuiram decisivamente para que aquela casa que tanto amavam se tornasse um fenómeno na Imprensa portuguesa. Manuel Nunes ainda ama o JN e não saberá viver de outro modo. De todos os que conheci, dessa velha guarda, talvez seja o que sempre senti mais vibrante com essa ideia, cada vez mais perdida em todo o lado, de pertencer a uma família de gente que trabalha para o mesmo objectivo. Foi sempre ele o maior entusiasta da festa dos colaboradores desportivos, religiosamente celebrada a cada 10 de Junho. Foi sempre ele, talvez fruto de uma vida desportiva a lidar com jovens, quem melhor fez a ponte entre várias gerações. Foi sempre ele o mais afável de todos.

Amanhã, vamos jantar com ele. Para o celebrar. Não é uma despedida, pois já prometeu que continuará a passar por cá. Sai porque sai, porque a renovação é absolutamente natural. Não é homem de cobrar dívidas, nem admitirá que elas existem, mas a verdade é que representa esse grupo de homens a quem um grande jornal tanto deve, estejam ou não desactualizados (também nós estaremos), sejam ou não dispensáveis (também nós seremos). Por tudo isso, sou eu quem se orgulha de poder, amanhã, brindar com ele ao futuro. E ao nosso JN.

3 comments | sábado, março 11, 2006

Faço aqui o primeiro link para O Espectro, justamente porque acabou. Embora por lá passasse de quando em vez, interessava-me muito pouco enquanto blogue. O fim decidido por Constança Cunha e Sá e Vasco Pulido Valente diz bem, pelos termos em que foi justificado, da falsidade de tudo aquilo. "Não temos tempo para o fazer como ele deveria ser feito", dizem. E daí? Um blogue deve, acredito, ser algo que sai do interior das pessoas, evidentemente inconstante, saudavelmente inexplicável. Quando querem cumprir uma agenda para a qual não têm tempo, estão a assumir que os propósitos transcendiam a mera circunstância de ter um blogue. Isso, para mim, é nada.

0 comments | sexta-feira, março 10, 2006

Foto de POS
Praça de Mouzinho de Albuquerque, Porto

Mais um caso de arte rupestre no Porto. Está assim há muito tempo, o monumento à Guerra Peninsular, mas os responsáveis pelo património aprenderam muito antes a técnica de fechar os olhos.

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"Mas não se pense que a produtividade é baixa porque os trabalhadores portugueses trabalham pouco. Pelo contrário. O que acontece é que o trabalho é pouco eficiente e, na grande maioria dos casos, não é por culpa dos trabalhadores."

Não, não foi Carvalho da Silva. Foi mesmo Cavaco Silva, ontem, no discurso de tomada de posse. Qualquer dia, aparece por aí um bispo a apelar ao casamento gay...

7 comments | quarta-feira, março 08, 2006


Homenagem # 2

Amanhã, muita coisa muda. Portugal deixa de ter o melhor presidente da República que a democracia gerou. São frequentes, em determinados sectores de opinião (e da blogosfera, pois), as críticas a Jorge Sampaio. Vêm em especial da direita e caracterizam-se, muitas vezes, por essa triste incapacidade de localizar a linha que separa a crítica da deselegância. Presumo que muita gente, nestes dias que vivemos, tenha problemas em admitir que há pessoas decentes. Dizer que Sampaio é decente é, em tempo de tanto lixo, o mais rasgado dos elogios. E é isso que ele é.

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Homenagem # 1

Não tenho grande simpatia pelos dias disto e daquilo, mas entendi que devia assinalar, na Fonte das Virtudes, o Dia Internacional da Mulher. Como não me apetecia dissertar sobre o assunto, certo sendo que apenas escreveria banalidades, entendi homenageá-las com música. E reflecti alguns minutos sobre qual deveria ser a minha escolha. Primeiro, pensei em canções que falam do sofrimento das mulheres, como "Only women bleed", de Alice Cooper *, ou "Mulheres de Atenas", de Chico Buarque. Devemos lutar, todos os dias, pela igualdade de direitos das pessoas (o género não monopoliza as causas de desigualdade), mas não me pareceu apropriado despejar aqui lamechices. Há coisas que já não deveriam usar-se. Vai daí, veio-me à memória esta música de Lou Reed, intitulada Women e retirada do álbum "The Blue Mask", de 1982.


Women - Lou Reed

I love women, I think they're great
They're a solace to the world in a terrible state
They're a blessing to the eyes, a balm to the soul
What a nightmare to have no women in the world

I love women
I love women
I love women
We all love women

I used to look at women in the magazines
I know that it was sexist, but I was in my teens
I was very bitter, all my sex was on the sly
I couldn't keep my hands off women, and I won't till I die

I love women
Ah, I love women
We love women
We all love women

A woman's love can lift you up, and women can inspire
I feel like buying flowers and hiring a celestial choir
A choir of castratis to serenade my love
They'd sing a little bach for us and then we'd make love

I love women
I love women
We all love women
We love women

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* O tema "Only women bleed" integra o álbum "Welcome to my nightmare", de 1975. É uma canção um pouco longa, atendendo à lógica dos blogues, mas gosto muito dela e da sonoridade que tem, clara marca do produtor Bob Ezrin. Está ali ao lado, no Cantante, para quem quiser ouvir.

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... dia de homenagens na FdV.

0 comments | terça-feira, março 07, 2006

Nunca mais estranharei quando, ao sair da estação do metro, ouvir um polícia a cantar, para outro, "Recordar é viver", talvez o maior sucesso de Vítor Espadinha. Surpreendi-me ontem. E isto não tem nada a ver com o "Brokeback mountain".

17 comments | segunda-feira, março 06, 2006

Foto de POS
Túnel da Ribeira, Porto

...dizer mal do "Brokeback mountain". Não é por nada, ainda nem vi e acho, até, provável que goste. Mas os consensos forçados e politicamente correctos fazem-me cá uma azia...

0 comments | domingo, março 05, 2006

Foto de POS

Um pouco de azul, não sei se mais azul, um pouco de longe, aqui tão perto, um pouco de rio que mergulha no oceano. Poucas palavras, todas ditas no horizonte que se vislumbra. Todas caladas em voz alta. Lindo, o horizonte. Sentidas, as palavras.

0 comments | sexta-feira, março 03, 2006

...silêncio aqui.

0 comments | quarta-feira, março 01, 2006


Esclarecimento metodológico
Fui ao Google, teclei "blasphemy" e fiz uma busca de imagens. Dos 8670 resultados, escolhi (vá lá saber-se porquê) a que reproduzo.

Objectivo
Mandar um abraço colectivo (isto vai por iniciais) a CAA, CL, GS, LR, JCD, JM, JPLN, PMF, S e SM pelo segundo aniversário do Blasfémias.