3 comments | sexta-feira, dezembro 30, 2005

Image hosted by Photobucket.com

Aprendi cedo que temos pouco tempo para cá andar, mas não creio que isso influencie a minha maneira de pensar a vida, supondo-me eu alguma vez a pensar convenientemente a vida. Não concordo com a perspectiva frenética de viver cada dia como se fosse o último, essa ideia é assustadora e, creio, emocionalmente precária. Mas isso sou eu, umas vezes pachorrento outras temerário, aqui tímido, ali desbocado. À espera que o sol brilhe como nunca, algumas vezes, encolhido para o mundo me cair em cima, outras. Todos seremos, aqui e ali, um pouco de tudo isso. Em cada um de nós cabe a complexidade do universo, mas somos também irrisórios, partículas ao sabor de uma espécie de acaso que nunca compreenderemos. É no terreno dos afectos que mora a verdadeira grandeza a que temos direito, nas pessoas de quem gostamos, nas pessoas que gostam de nós. Nos sorrisos que partilhamos, nas lágrimas que enxugamos, nas palavras que estão sempre presentes, mesmo se não ditas, mesmo se sussurradas ou silenciadas, mesmo se impossíveis...

Estou a divagar, aparentemente sem sentido, na esperança de encontrar os votos ideais para 2006 que aqui deixarei, a todos os que têm a simpatia de me visitar, nesta curiosa rede de afectos que é, também, a blogosfera. Há nisto uma espécie de ritualismo que, confesso, escapa à minha modesta racionalidade. Entendendo nós o tempo como uma dimensão contínua, que diferença poderá fazer uma divisão artificial? Por que haverá 2006 de ser diferente de 2005? Por que razão aquilo que desejamos para um novo ano não deve ser, afinal, aquilo que desejamos para todos os dias, todos os momentos? Enfim, não sei os porquês, até porque também eu estou, como qualquer outro, agarrado a essa referência cultural que nos leva a renovar votos à entrada de cada primeiro de Janeiro.

E continuo sem formular esse desejo que vos quero deixar (e a mim também). Há uma explicação. Só encontro uma palavra e temo que me confundam com uma candidata a miss qualquer coisa, à uma, ou, às duas, com um sacerdote de outra qualquer coisa. Porque não me chega desejar prosperidade, dias felizes, dinheiro, saúde, sucesso e todas as coisas positivas que possam ocorrer a quem come passas às doze badaladas. Porque preciso de condensar tudo numa só palavra e apenas me ocorre aquela de que falam as misses ou os seminaristas. Mas não é esta a hora de hesitar. Esta é a hora de desejar a todos os que lêem a Fonte das Virtudes, mas também a todos os que nunca aqui passaram, que 2006 possa ser o ano em que encontrarão a verdadeira
PAZ.

---------------------------------------------------------------

Uma boa maneira de passar o ano seria escapar às tontarias musicais do costume e dançar ao som de "La valse d'Amélie", de Yann Tiersen, que passa agora a tocar no cantante ali ao lado.

3 comments | quinta-feira, dezembro 29, 2005

Ontem, deitei-me com uma dor de cabeça tremenda. Acontece, às vezes, mas algo fez a diferença, talvez o cansaço, talvez a noite anterior muito pouco dormida. Senti frio, febre. Senti, realmente, que a tampa ia saltar, para que todo eu me esvaziasse lentamente nos lençóis até que nem a dor sobrasse. Tudo isso foi testemunhado, apenas, por um tecto, um chão, quatro paredes, uma janela fechada, uma porta. Veio, então, esse sopro de tristeza que fez voar a enxaqueca, mergulhando-me no sono da sobrevivência.

2 comments | quarta-feira, dezembro 28, 2005



José Mourinho, ao intervalo, põe os jogadores do Chelsea na ordem. Ouçam e divirtam-se. Chamo a atenção para a parte em que o Special One ameaça despedir Drogba...

2 comments | segunda-feira, dezembro 26, 2005

Um dos noticiários televisivos abriu, hoje, com 34 minutos de tsunami. Não cronometrei os dos outros canais. Quando não há sangue fresco para cativar as massas, usa-se sangue recesso...

3 comments | domingo, dezembro 25, 2005

Não acredito no Pai Natal. Tenho a sensação de que não existe, apesar de já me ter vestido como ele uma vez. Nesta altura do ano, as cartas que escrevíamos a pedir presentes eram bem diferentes das das crianças de agora. Mais modestas, porque não havia nessa altura a exposição ao marketing destes dias, e dirigidas não ao gordo das barbas brancas, mas ao Menino Jesus propriamente dito (além de que os presentes eram postos à volta da árvore de Natal, quando estávamos a dormir, e acordávamos no frenesim de as ir buscar).

Portanto - vamos ao que interessa -, o Menino Jesus fez-me chegar um DVD duplo com o filme "Tommy", de 1975, baseado no conceito de Pete Townshend e na música dos The Who. Enquanto eu e o meu irmão nos entretínhamos a ver os extras, ficámos ambos perplexos com uma afirmação do realizador, Ken Russell, dizendo que esta é a única ópera-rock alguma vez produzida. Discordámos ambos, pois "Jesus Christ Superstar" é muito mais ópera, pelo conceito dramático associado ao género, e é rock, com certeza (basta recordar que, no palco londrino, JC era encarnado por Ian Gillan, vocalista dos Deep Purple). Talvez o problema de Russell esteja em reconhecer mérito a Andrew Lloyd Webber, porque há sempre gente a quem a popularidade alheia desagrada, mas a (minha) verdade é que o autor de alguns dos musicais de maior sucesso dos últimos 40 anos está associado a várias das mais belas canções alguma vez escritas.

Encontro, assim, o pretexto para alterar a música disponível no cantante ali do lado. Não são os The Who nem é nada de "Jesus Christ Superstar", mas a arrepiante "The music of the night", um dos momentos mais fortes de "The phantom of the opera", aqui cantada por Loren Geeting. É só clicar na setinha do "play". Vai com dedicatória implícita, mas é para toda a gente que gostar.

4 comments | sexta-feira, dezembro 23, 2005

Image hosted by Photobucket.com

Já se sabe, citar o Abrupto, aqui, pressupõe boas causas. Passei por lá há pouco, vi uma referência ao View-Master, brinquedo que guardava num dos mais esconsos recantos da memória, e senti-me pequenino outra vez.

Assim sendo, perco toda a vontade de me pôr para aqui a dissertar sobre bons e maus significados da época em curso, aproveitando, também, para lembrar que este é um blogue alinhado. Portanto, aqui fica:

Direitos reservados

3 comments | quinta-feira, dezembro 22, 2005


Este gajo é o irmão aqui do rapaz e faz hoje anos. Jubilosos, como diria o outro, mas não revelo quantos. Registo, apenas, que é muito, muito mais velho do que eu, ou seja, grosso modo, já tinha 52 meses no lombo quando eu me lembrei de vir a este mundo. É, pois, com os votos de que faça bom uso da provecta idade que lhe deixo este abraço de parabéns, just for the record.

3 comments | terça-feira, dezembro 20, 2005

Foto de POS
Torre, Serra da Estrela

"Eu estava a olhar para si e lembrei-me que na Golegã não há neve", assim abordei o homem para que me dissesse umas tretas sobre a ida à Serra em dia feriado. Aquela gente chamara-me a atenção, todos com blusão vermelho a fazer propaganda ao negócio familiar, a Pizzaria Milénio, aqui fica o registo para quem for àqueles lados e não tiver ideia melhor para dar ao dente. Lembrei-me deles porque hoje, sentada a meu lado no balcão de um snack-bar, estava a outra face da neve à portuguesa. Dois aparentes executivos, ignoro se de sucesso, um portuense, outro lisboeta, que, a ser verdade o que dizem, passam a vida de um lado para o outro a esquiar e a fazer snowboard. Além da forma afectada como falavam, o que, entre gajos, me irrita suplementarmente, fiquei a pensar que, cada vez mais, estamos na mão destas pessoas que conhecem as estâncias de esqui todas, as praias dos resorts, os cruzeiros em paquetes de luxo e são incapazes, onde quer que vão, de se interessarem pela vida das pessoas, pela história dos povos ou por qualquer coisa que escape aos roteiros, gente que vai ao estrangeiro como quem entra num parque de diversões. A dada altura, claro, estavam a dizer mal da Serra da Estrela, sob aquele ponto de vista que lhes corre nas veias, isto é, entendendo a natureza como um potencial económico. Ou seja, a Serra existe apenas para ser rentabilizada. Com máquinas, pistas de dezenas de quilómetros, patati patata e os lucros a cairem direitinhos nos bolsos dos investidores espanhóis. Acho bem que se potencie o que há de bom, mas convém lembrar que a natureza é potenciada pelo respeito que deve incutir nas pessoas. Entre os yuppies e a Pizzaria Milénio, é fácil escolher, principalmente quando o apetite aperta.

4 comments | segunda-feira, dezembro 19, 2005

À falta de melhor postagem, faz-se um upgrade e dota-se a Fonte de música. Esta novidade podia ser assinalada com a voz de Al Jolson, com muita graxa na cara, mas a analogia com o primeiro filme sonoro não me interessa por aí além. Já que estamos naquela altura do ano, estreio a juke-box com "White Christmas", na voz de Bing Crosby. Talvez um dia eu volte a entusiasmar-me com o Natal...

Isto ainda é uma experiência. A selecção musical não será, pelo menos para já, a que eu gostaria: porque nem eu sei bem o que gostaria de aqui pôr e porque os condicionalismos técnicos me fazem cingir ao que pela Net for encontrando. Não sei ainda como fazer, mas talvez a canção mude semanalmente (o mais provável é que mude quando me apetecer).

Digam coisas, se para aí estiverem virados.

+++++++++++++++++++++++++++++++++

NOTA: Sobre isto das canções de Natal, vem mesmo a propósito este post da Rua da Judiaria.

2 comments | domingo, dezembro 18, 2005

Tomou-lhe a mão e beijou-a. Foi um segundo, antes de virarem costas e serem tragados pela avenida. Com o coração, ele moldou o tempo, prolongando pela vida esse fugaz instante. Com a cabeça, sonhou que ela faria o mesmo. Com as pernas, avançou pela noite. Os olhos, em estado líquido, já não viam detalhes, apenas traçaram um caminho qualquer através da escuridão, rumo à manhã que tardava.

1 comments | sexta-feira, dezembro 16, 2005

me

1 comments

1 comments

1 comments

2 comments

1 comments | terça-feira, dezembro 13, 2005

Foto de POS
Calçada das Virtudes, Porto

Tem estado parada, a minha pequena cruzada contra as pichagens que ajudam a destruir o nosso património, mas há uma explicação: a tinta conspurca, como se vê, a própria Fonte das Virtudes, isto é, chegou-me a tinta à pele, que é quase o mesmo que quando a mostarda trepa a alturas das fossas nasais. Como se não bastasse, há quem faça pontaria à Fonte com artilharia pesada, mas essa é a parte divertida, pois eu tratei, em boa hora, de atestar o canhão em causa com flores...

P.S. - Manuela, aquela de "destruir o nosso património" é mais um pretexto para um daqueles comentários cheios de links para aqui...

1 comments | domingo, dezembro 11, 2005

Foto de POS

Foto de POS

Foto de POS
Torre, Serra da Estrela

Conheço a Serra da Estrela desde sempre, mais no Verão do que no Inverno, já aqui falei das minhas raízes na Covilhã. E tenho uma paixão indelével pelo sítio, onde até as pedras têm nomes, como o Poio do Judeu, as Queijeiras ou a Cabeça da Velha... Se eu disser apenas "vou à Serra", é certo que não vou a mais lado nenhum. Brincar na neve é divertido, as fotos o mostram (são fracotas porque tiradas à pressa, fui lá em trabalho e as minhas ferramentas são o papel e a caneta, não a máquina fotográfica), mas o que mais me espanta é a relação da grande maioria dos portugueses com a neve, que já testemunhei algumas vezes. Sempre que há notícia de nevão, aí vão em romaria encosta acima, rolando até ao sítio onde os pneus começam a patinar. Regra geral, não têm qualquer experiência de conduzir em tais condições, muito menos levam correntes para pôr nas rodas. Algumas famílias vão prevenidas com farnel, montam o estendal ao frio e comem ali mesmo. A cada minuto que passe, os rissóis, os chouriços e a vinhaça começam a congelar, mas as imagens que recolhem, testemunhos da espantosa aventura, valem bem o desconforto, pela inveja que despertarão nos amigalhaços lá da terra. O que me espanta mais nestes visitantes da invernia é, porém, o momento em que decidem ir embora. Nove em cada dez, passe algum eventual exagero, recolhem neve às mancheias e depositam-na sobre o capot do carro, só depois descendo alegremente pela estrada. Nunca consegui perceber.

7 comments | sábado, dezembro 10, 2005

Foto de POS
Avenida dos Aliados, Porto

Já por aqui deixei escrito que, no meio de todo o sinuoso e conturbado processo que tem marcado a transformação na Avenida dos Aliados, as saídas da estação do metro resultam numa vantagem: o alargamento dos passeios laterais, visível nesta primeira imagem. É sobre isso esta nota, pois falha-me a capacidade de criticar seriamente (fazer uma leitura crítica, entenda-se, não dizer mal, "tout court") a intervenção em curso, o alegado "sizentismo" ou a circunstância de os dois monstros sagrados da arquitectura que ali actuam não serem, afinal de contas, renomados enquanto urbanistas.

Foto de POS
Avenida dos Aliados, Porto

Reconheço e valorizo, embora às vezes possa parecer que não, a luta dos que travam este combate contra a surdez intelectual do Executivo camarário, mas o grande problema da Avenida, na minha modesta opinião, é chamar-se "sala de visitas da cidade" a um espaço muito mais penalizado pela degradação cívica do que pelas retroescavadoras. Ou seja, qualquer protesto contra a alteração do desenho original deveria, também, enfatizar a necessidade e a urgência da mudança. Mantenho, portanto, que, sem mudar a vida das pessoas, tanto faz que haja canteiros ou não, passe a ligeireza de resumir isto à questão dos canteiros. Mas não resisto a mostrar o que o dinamismo humano faz a uma das praças mais belas do mundo, onde não há canteiros nem arvoredo.

Direitos reservados
Grand Place, Bruxelas, Bélgica

Claro que seria desonesto da minha parte supor que, no Porto, uma população apática e uma autarquia insípida pudessem aproximar a Avenida dos Aliados da ancestral tradição que pinta a Grand Place de flores. Apenas pretendo, pelo exagero, deixar claro que as cidades são, na essência, manifestações da vivência humana. E voltar a dizer que, em termos de vivência humana, o centro portuense está há muito transformado em quase nada.

Foto de POS

Foto de POS
Avenida dos Aliados, Porto

Rejeito qualquer conotação deste texto com visões elitistas, embora admita que o apelo à qualificação da Baixa possa dar ares disso. É que, se queremos que toda aquela zona se reconstitua como centro cívico da cidade, não podemos querer que continue a transformar-se em montra de misérias. Evidentemente - e que isto fique bem claro -, repudio quaisquer acções despóticas que se traduzam em afastar pedintes, arrumadores e outros excluídos da vista dos turistas e dos conterrâneos. Quero apenas dizer que a requalificação pouco frutificará se não houver políticas efectivas de combate à pobreza e à exclusão social.

Mas é evidente que a sala de visitas de uma cidade como o Porto tem de ser um espaço nobre, dinâmico, com ofertas de qualidade para os cidadãos, que impeçam a manutenção desse estatuto de ponto de passagem que se apossou da Avenida, condição que os principais defensores daquele espaço não admitem. De outro modo, não seria provável que o espaço mais importante da cidade tivesse sempre lojas devolutas, ou não utilizadas, recorrentemente usadas por candidaturas políticas.

Foto de POS

Foto de POS
Avenida dos Aliados, Porto

Na mesma linha, que espécie de sala de visitas é esta, onde proliferam espaços comerciais que, pelas regras do mercado, nunca conseguiriam subsistir na zona mais nobre de uma cidade que se quer de dimensão europeia?

Foto de POS

Foto de POS

Foto de POS
Avenida dos Aliados, Porto

Neste aspecto, seria injusto responsabilizar em exclusivo os que gerem a coisa pública, pois toda a Baixa está em crise por causa da resistência à mudança que sempre tiveram a generalidade dos senhores comerciantes, especialistas em choradinhos vários e incapazes de modernizar os negócios, quando tal se impunha, ou de agilizar os horários de funcionamento.

O alargamento dos passeios laterais é, claramente, uma oportunidade para fazer renascer a Avenida, e determinados espaços, como o reinventado "Guarany" ou o "Black Coffee" (este na Praça do General Humberto Delgado) podem servir como exemplos para a desejável proliferação de sítios de convivência social, pois é certo que, se na Avenida houver onde comer, onde beber, onde conversar, onde conviver, outras coisas virão por acréscimo. Tal depende, evidentemente, do dinamismo dos investidores privados, e esses apenas precisam de condições favoráveis, algo que não tem sucedido até aqui, ou os espaços supostamente nobres do comércio portuense não estariam ocupados com lojas de fancaria e saldos permanentes.

É que ao poder público não se pode pedir em demasia, até porque os que lá estão são os que agora puseram mais uma piroseira a tapar a estátua de Garrett.

Foto de POS
Avenida dos Aliados, Porto

0 comments

Foto de POS
Avenida dos Aliados, Porto

Proximamente, mais uma postagem sobre este assunto.

0 comments | quinta-feira, dezembro 08, 2005

Foto de POS
Em movimento, algures no IP 5, hoje

Now it's time to say good night
Good night Sleep tight
Now the sun turns out his light
Good night Sleep tight
Dream sweet dreams for me
Dream sweet dreams for you.

Close your eyes and I'll close mine
Good night Sleep tight
Now the moon begins to shine
Good night Sleep tight
Dream sweet dreams for me
Dream sweet dreams for you.

Close your eyes and I'll close mine
Good night Sleep tight
Now the sun turns out his light
Good night Sleep tight
Dream sweet dreams for me
Dream sweet dreams for you.

Good night Good night Everybody
Everybody everywhere
Good night.

0 comments

Foto de POS

Vestido de vermelho e branco, o homem anafado existe. Trepa pela varanda do meu vizinho de cima, deixando um rasto de cordel que só não puxo à custa de grande esforço. Ali, postada sobre o meu nariz, a prova de que o Pai Natal é um pindérico.

(visto da rua, está completamente entrançado em luzinhas que acendem e apagam...)

1 comments | quarta-feira, dezembro 07, 2005

Como eu imaginara, a conferência de Luís Miguel Duarte, que abriu o ciclo integrado na homenagem da Universidade do Porto a Artur de Magalhães Basto, foi uma delícia. É um historiador importante, um professor muito especial e uma mente aberta, completamente fora da tradicional torre de marfim em que se encerram tantos académicos. Mas pouca gente participou naquilo a que ele preferiu designar por charla sobre o Porto medieval. O horário não é o melhor (18 horas) e a divulgação está a ser praticamente nula, certamente por falta de jeito dos serviços de comunicação da Universidade. Pela parte que me toca, como prometi, aqui deixo o calendário das restantes palestras (apenas com os oradores e os locais, pois os títulos não foram comunicados):

16 de Dezembro, 18 h
Auditório da Reitoria da UP
Aníbal Barros Barreira

20 de Dezembro, 18 h
Ateneu Comercial do Porto
Gaspar Martins Pereira

10 de Janeiro, 18 h
Palácio da Bolsa
Jorge Fernandes Alves

17 de Janeiro, 18 h
Casa do Infante
Luís A. de Oliveira Ramos

0 comments

Image hosted by Photobucket.com
E cantaríamos ao som das estrelas, dançando à luz da brisa.

2 comments | domingo, dezembro 04, 2005

Direitos reservados

Como os mais atentos já terão reparado, sou uma cegonha. As penas e o bico estão mesmo a dizê-lo, a secura das ervas mostram-me no ambiente de que mais gosto, incluída estou no rol das aves migratórias, especializadas em voar atrás do Verão por esse mundo fora. Assim fazem as cegonhas desde o tempo em que todos nós, no reino animal, falávamos para defender os nossos direitos. O que agora lêem, da lavra do meu próprio bico (queriam que dissesse "escrito pelo meu punho"?...) é uma circunstância excepcional, janela discursiva que este blogueiro abre para eu poder falar de regalias perdidas, sonegadas à minha classe pela tão egocêntrica humana espécie.

Ora, dá-se o caso de eu ser uma cegonha em idade trabalhadeira. É que o sol, quando nasce, não é para nós todas. Algumas há, entre as quais me incluo, que passam o Inverno a cumprir esse expediente de transportar bebés que, conforme o ritmo e a localização das encomendas, entregamos com mais ou menos esforço. Hoje mesmo, horas antes de escrever estas palavras, vim directamente de Paris para o Porto, com a Matilde pendurada no bico. Trouxe-a com muito cuidado - sou uma profissional - e voei sempre sobre as nuvens, para que os raios de sol a iluminassem, longe deste frio que anda cá por baixo. Deixei-a bem aconchegadinha, nos braços da Cláudia e do Augusto. "Tão perfeitinha", disse o pai babado. Não me agradeceu, nem tempo teve para isso. Mal fazemos a entrega, erguemos o bico e, com um batimento certeiro das duas asas, subimos às alturas sem que notem a nossa presença. Mas os sorrisos que ainda pude ver naquelas caras deixaram-me feliz pelo dever cumprido.

Enfim, já estou a desviar-me do propósito inicial. A minha ideia era pedir aos senhores e senhoras humanos que, na hora de fazerem as encomendas, apontassem para entregas nos meses de Verão. Mas, afinal, já não quero nada disso. Ver sorrisos felizes compensa, e bem, as penas molhadas e o bico tiritante.


P.S. de POS - Agora, que a ave pernalta se calou, aproveito este restinho de espaço para dar os parabéns, à Cláudia e ao Augusto, pela tão esperada chegada da Matilde. Já está encaminhada para ser sócia do F. C. Porto (a urgência das coisas verdadeiramente importantes). Se a educarem bem, pode ser que não queira ser jornalista quando for grande. :-)

ADENDA: Entretanto, o Paulo arranjou uma foto da Matilde, que publicou no estaminé dele. Roubei-a e aqui a ponho.

Image hosted by Photobucket.com

1 comments

Resistente a postar coisa que se veja, invento trocadilhos saloios para títulos e tenho de os justificar. Enfim, a verdade é que o ar da cidade, nestes dias, assemelha-se a a uma esponja mergulhada nas profundezas atlênticas. Vai daí, há links (um dia escreverei linques, como já faço com blogues...) que desaparecem, dissolvidos na humidade, mas sempre outras novas leituras blogosféricas vão despontando. Linkar, mais do que cortesia, deve ser uma outra forma de blogar, isto é, também no que lemos ou por onde passeamos nos reflectimos. Há muitas actualizações a fazer, mas não é para já.

P.S. - CARÍSSIMA MANUELA, JÁ (tardiamente, que sou um portuense de trazer por casa) PUS OS ALIADOS ALI AO LADO!...

1 comments | quinta-feira, dezembro 01, 2005

Este post é a correr, muito menos, muitíssimo menos do que o título obrigaria. Artur de Magalhães Basto (1894-1960) é uma das maiores figuras do Porto, a eterna grande referência da historiografia sobre a cidade. Com tempo e disponibilidade mental, talvez possa também, aqui, honrá-lo com a merecida dignidade. A urgência deve-se, também, à circunstância de a blogosfera que se ocupa do Porto, myself incluído, não ter ainda feito, ao que me parece, referência à homenagem que está a ser promovida pela Universidade do Porto. Até 29 de Janeiro, está patente, na galeria da Biblioteca Almeida Garrett, uma exposição sobre o notável historiador e divulgador (essa dupla faceta tão importante e tão menorizada pelos académicos), comissariada pelo meu caríssimo professor António Barros Cardoso. Haverá um ciclo de conferências de que tentarei dar notícia (não tenho aqui o programa), que arrancará na próxima terça-feira com uma palestra do historiador Luís Miguel Duarte (altamente recomendável, muito muito recomendável, também prof. do Je), na Casa do Infante, creio que ao fim da tarde, isto é, de cor e sem qualquer certeza, por volta das 18 horas.