A emoção é muito forte! Já chorei, já bebi (muito), já buzinei até avariar a buzina do carro...
Obrigado!...
Começo por pedir a compreensão dos eventuais leitores do Fonte das Virtudes, pois há afazeres que, temporariamente, me estão a afastar da blogosfera. Não há aqui qualquer espécie de abandono, apenas a possível gestão dos recursos mentais. Mas quero, também, deixar aqui duas linhas sobre as caixa de comentários. Nos tempos do Cerco do Porto, cheguei a ter uma coisa dessas, que retirei, quando verifiquei que proliferavam os comentários insultuosos, que não podia apagar. Fi-lo porque, efectivamente, o masoquismo não é o meu forte. Entretanto, já aqui neste vosso estabelecimento, as mudanças no Blogger fizeram-me abrir o meu espaço aos vossos comentários, porque tenho a possibilidade de apagar os que, sendo exclusivamente ofensivos, dêem conta das qualidades dos seus anónimos autores. Ora, sucede que eu próprio vou fazendo, aqui e ali, comentários a textos publicados noutros blogues. Porém, ainda há pouco verifiquei, no Blasfémias, que alguém escreveu uma imbecilidade qualquer, assinando POS. Naturalmente, não tenho a presunção de deter o exclusivo das iniciais, pode sempre haver por aí um Paulo Osvaldo da Silva ou um Ptolomeu Olegário Sampaio. Quero apenas dizer que estas situações devem lembrar-nos de que, na blogosfera, é frequente que parecê-lo não equivalha a sê-lo. Fora isso, tudo bem.
Que grande exibição do nosso Deco! Lá terá ele de ir embora...
Esquecia-me de mencionar a exibição artística de Lucílio Baptista. Tivesse ele sido tão sério a mostrar cartões aos de vermelho como foi com Jorge Costa, os dez do F.C. Porto teriam acabado em franca superioridade numérica.
Lerpámos. Paciência. Mesmo dominando o jogo de há pouco, no deplorável estádio de Oeiras, dois momentos patéticos do Nuno e uma infantilidade do Jorge Costa deitaram tudo a perder. Acontece.
Escrevi, ontem, que haveria explicações sobre a mudança de rosto do Fonte das Virtudes (por que raio se faz link para o próprio blogue?...), ao fim de tão pouco tempo de vida. Vai daí, para cumprir o prometido, tenho de despejar aqui qualquer coisa. Passo a ter links directos para os textos, que não havia no template anterior, e introduzo as caixas de comentários. Bem sei que não há nenhuma multidão de leitores atentos a esta coisa, mas, se quiserem comentar, é para isso que aquilo serve. Desde já, previno que, enquanto director, editor executivo, editor e carregador de pianos do Fonte das Virtudes, eliminarei quaisquer mensagens eventualmente ofensivas, sem que disso dê cavaco a ninguém. Que mais posso dizer. O azul. E aquele olhar alucinado, feito de propósito para aqui pôr. Falta ainda dar um acerto na coluna aí do lado, mas tenho de ter pachorra para perceber esse novo sucedâneo da escrita cuneiforme a que chamam HTML. That's all, folks!
O energúmeno que escreve, com semanal regularidade, em avançada página par do "Expresso" é uma conquista de Abril. Só a plena liberdade de expressão permite - e muito bem - que exista a possibilidade de os escritos desse cavalheiro chegarem ao conhecimento do público, provocando, inclusivamente, espasmos de satisfação em toda uma tribo de incondicionais adeptos. Não tenho por hábito passar os olhos pela purulência verbal segregada por João Pereira Coutinho, mas a leitura de um texto do "blasfemo" Rui A. fez-me espreitar o dito escarrador a duas colunas. Ser provocador, tout court, sem dignidade nem respeito pelo próximo, é uma forma aviltante de ganhar a vida. O pedantismo desgovernado, que permite ataques gratuitos ao digno exercício da cidadania, é asqueroso. Mas livre, porque houve Abril.
Isto ainda precisa de uns acertos. Virão mais tarde, tal como as explicações para esta cirurgia estética.
Também os blogues ganham vida própria. Quer isso dizer que nos hipnotizam, que nos transformam, que em nós despertam um instinto de jogo ou competição. A febre de clicar naquele botãozinho que diz “publish”, por vezes, atraiçoa-nos, levando-nos a embarcar em teias de falsidade. A pressa pode tornar-nos indelicados, pode levar-nos, perdoem a metáfora, a protagonizar execuções sumárias por dá cá aquela palha. Falo na primeira pessoa do plural, assumindo que também, aqui e ali, possa enfermar dessa maleita. Na blogosfera portuguesa, há dois casos paradigmáticos. Em primeiro, aqui há tempos, a admissão pelos menos atentos de que um blogue estapafúrdio podia, realmente, ser da autoria de Anabela Mota Ribeiro, admissão essa acompanhada de muitas tiradas pouco simpáticas. Hoje, a notícia veiculada pelo “Expresso online” sobre alegadas declarações do jurista Pedro Amorim, entretanto liminarmente desmentidas, clamando pelo fim dos blogues. Como sucede habitualmente na blogosfera, esta situação foi, em vários locais, acompanhada ao segundo, da justa indignação ao alívio pelo desmentido. Eu mesmo, se não tivesse tomado conhecimento da situação já depois do desfecho, teria aqui verberado contra a suposta imbecilidade. Como vi o fim do filme, poupei-me a esse constrangimento. Com isto, quero notar que os leitores de blogues (geralmente, somos nós que nos lemos uns aos outros) têm sempre de ter alguma benevolência. Isto é um jogo, uma pequena corrida, uma diversão. Joga-se e corre-se com coisas sérias, mas a coisa deve ser interpretada por aquilo que é. Não mais. Se assim for, evitar-se-ão muitas zangas escusadas. Um jornal, claro está, tem outras responsabilidades. Um jornalista, enquanto tal, tem outras responsabilidades. É mais importante evitar as precipitações, se bem que ninguém seja imune ao erro. Quando assim é, desmente-se sem delongas, à luz da lei e da deontologia. Com dignidade. Isso foi feito.
A blogaria (blogalhada? blogueiragem?..) nacional moderniza-se. Está tudo, num corre-corre, a tirar dos baús do Blogger novas farpelas, presumo que das colecções Primavera-Verão. Atentos à meteorologia, trocam a samarra pela tanga. O Terras do Nunca, por exemplo, passou a ser um farol entre nuvens. O aspecto é menos vermelhusco, mas o texto continua alinhado à esquerda. Valha-nos isso.
Dizem os entendidos que o problema está em dar os parabéns antecipadamente. Se precisarem de o confirmar, telefonem para os programas da manhã das televisões, cada qual com sua vidente, todas (as videntes) especializadas nas mais secretas artes do oculto. Bolas! Já estou a divagar... Dizia eu que as felicitações antes da hora são, desde o alvor dos tempos, uma das mais temidas formas de invocar os malignos espíritos que espreitam das profundezas. Daí que o atraso é, nestas matérias, nada mais que um sinal da mais avisada prudência. Assim, o Jorge Marmelo não levará a mal, julgo eu, que um dia tenha decorrido entre o primeiro aniversário do Apenas um pouco tarde e este textículo com que assinalo, em jeito de solidariedade tripeira, a efeméride. "Começou a gatinhar, indeciso, com um nome diferente. Foi, depois, muitas e diversas coisas. Há-de ser outras ainda", escreve. A gente espera pelas novas coisas, mesmo que apareçam salpicadas pelo frescor das florinhas cor-de-rosa que lhe cobrem o tejadilho do carro.
No mais, musa, no mais, que a lira tenho destemperada e o teclado enrouquecido, desperta o post adormecido que há em mim, acende neste template a chama divina e faz do fêquêpê campeão europeu.
Na ordem do dia, as alterações ao Código da Estrada ontem aprovadas em Conselho de Ministros são, numa primeira análise, nova amostra da apetência dos governantes portugueses (todos) para lidar com os problemas legislando. Fazem leis por cima de outras, ao lado, confusas, radicais, superficiais, bem feitas, mal feitas, adequadas, disparatadas, por aí fora. O drama da sinistralidade rodoviária é algo merecedor da unidade nacional, bem mais do que o Euro 2004 ou a candidatura de António Vitorino a todos os cargos que se forem disponibilizando. Por tal, há que segurar as emoções e não criticar à pressa o agravamento das multas (será que vai mesmo haver mais e melhor fiscalização?...) ou a manutenção de limites de velocidade, que alguns vêem como castradores da perícia que julgam ter ou do automóvel que puderam comprar. A carnificina que se vive nas estradas portuguesas não se coaduna com esses argumentos, que noutra realidade até poderiam ser razoáveis (convenhamos que andar a 120 km/h na auto-estrada pode ser exasperante). O que se passa é que, como muitos comentadores já têm dito, a raiz do problema está na generalizada falta de civismo em que nos movimentamos. Como combater isso? Complicado. Hoje de manhã, enquanto dava sucessivas voltas a um quarteirão, fervilhando internamente por não encontrar um lugar de estacionamento, ouvia o Fórum TSF, consagrado ao assunto, e fiquei ainda mais incomodado quando um ouvinte/participante veio com a velha ladaínha de que tudo deve ser resolvido na escola. Há falta de civismo? Os professores que ensinem, que é para isso que os educadores das criancinhas pagam impostos. Isto é, julgo eu, um dos mais profundos disparates que afectam Portugal. Esta ideia de que toda a tarefa da educação passa pelos professores. Porque é evidente que, muito mais do que nos bancos escolares, é em casa que se formam as pessoas. Filhos de pais desinteressados desinteressados ficam. Filhos de pais labregos labregos ficam. Filhos de pais irascíveis irascíveis ficam. Claro que isto não é necessariamente linear. A formação não reflecte exclusivamente o ambiente doméstico, como não decorre apenas dos currículos escolares. Porém, num tempo em que os pais se desinteressam mais, porque para aí têm sido empurrados por esta barbaridade da vida ultracompetitiva, há que reflectir com mais seriedade na falta de civismo. Resultará ela também, eventualmente, de alguma espécie de matriz genética portuguesa, mas isso não esconde causas mais importantes e palpáveis, como o ritmo de vida desenfreado, a sacralização da economia que a tudo obriga, a degradação obscena do poder de compra dos portugueses, a cultura do reality-show e da telenovela, a necessidade de ser competitivo para alcançar aquilo a que alguns chamam sucesso... A verdade é que as pessoas não são felizes, e isso, através de muitos caminhos, reflecte-se no comportamento dos automobilistas.
Tenho acrescentado à lista aqui do lado alguns novos links, a que não vou fazendo referência, para não engrossar escusadamente o caudal da Fonte das Virtudes. Porém, quero aqui deixar duas notas. A primeira vai para o Walter Rodrigues, do Forum Comunitário, que, com muita simpatia, relatou ter aqui encontrado razões para rebuscar as suas próprias memórias do Porto. A segunda diz respeito ao A Baixa do Porto, que, sem ser um blogue tradicional (é o fórum que o Forum Comunitário não é), merece o espaço ali ao lado, por promover o debate sobre questões prementes da cidade. Verifico lá algumas divergências de opinião, reflectidos em recados ao promotor do espaço, sobre as vantagens e desvantagens da inclusão de links para outros blogues tripeiros, entre os quais esta modesta chafarica (este modesto chafariz, queria eu dizer). Cristina Santos, habituée d' A Baixa do Porto e adversária da inclusão dos links, escreve, dirigindo-se ao mentor da iniciativa: "Os outros tratam o Porto de forma genérica,se me permite não me parece adequado". Longe de mim estar a imiscuir-me na gestão de um espaço que apenas me diz respeito enquanto leitor. Quero apenas dizer que este blogue, o meu, é tripeiro, na justa medida em que eu o sou. Mas não é sobre o Porto ou o F. C. Porto. A prevalência dos temas é reflexo das minhas disposições momentâneas, pelo menos das que para aqui quero trazer. E um blogue (weblog, diário na rede, ou na teia), na minha opinião, não é mais do que isso, seja ele individual ou colectivo: um repositório de estados de espírito, de ideias avulsas, de delírios, aqui e ali apimentados com polémicas inconsequentes, uma tribuna livre em que o estatuto editorial é moldável às fases da Lua, ao posicionamento de Saturno ou ao funcionamento do aparelho digestivo do autor. É sério, porque o meu nome está ali ao lado, mas não pretende ser referência de coisa nenhuma, tampouco temático.
Já devia estar habituado, mas, neste momento, a emoção é muito forte. O nosso destino tem nome de difícil pronunciação. Porém, já sabemos há muito que há equipa para as situações difíceis.
Trabalho precário. Rescisões por mútuo acordo, sob pressão e rotuladas de amigáveis. Desemprego crescente. Salários miseráveis, de há muito incompatibilizados com a inflação. Valorizar a economia como fim, mascarando-a de meio, e ignorar as pessoas que vão sofrendo. Minar o princípio da contratação colectiva, iludindo uns poucos com rebuçados individualmente distribuídos, até ao dia em que deixem de servir. Divisão semeada entre pares. Iniquidade. Coisas do egoísmo e da ganância. Coisas a combater hoje e todos os dias.