Ora bolas!
Ando a dormir...
Então não é que me esqueci de dizer que estamos na semana do portal netemprego e dos 26 mil portáteis para as escolas portuguesas? Será que tenho o direito de ter um blogue?...
Ora bolas!
Na semana em que Sócrates anunciou a cobertura total do país em banda larga a uma plateia de alentejanos tradicionais, sem que nisto possa ler-se algo de pejorativo, apenas a circunstância de, muito provavelmente, estarem pouco interessados na largura da dita, nessa semana, dizia eu, a mesma semana em que dez milhões de portugueses, cães e gatos incluídos, passaram a ter uma caixa de correio electrónica nos CTT sei lá para que habilidades... onde é que eu ia? Ah!... Esta semana estou avesso ao choque tecnológico, pois não me está a apetecer blogar.
Lá por eu querer que o tal de Felipão volte para a Lagoa dos Patos, embrulhado nas vestes da Senhora do Caravaggio e nas notas que por cá vai amealhando, a verdade é que aqueles gajos representam Portugal. Aos olhos de todo o mundo, foi Portugal que se qualificou para os quartos-de-final daquela coisa alemã. Também aos meus olhos. Também eu vi aquela batalha campal, também eu sofri - eu e o JP, acompanhados por queijo, presunto e maduro tinto - até que esse russo de má semente baixou a cortina sobre a tragicomédia que encenou. E fiquei contente. Não quero discutir até que ponto foi, ou não, justo. Os rapazes aguentaram tudo e também tiveram sorte. Mas os jogadores holandeses, que foram velhacos em muitas ocasiões, mereceram todo o azar que lhes calhou. Agora vêm os ingleses, e só me apraz dizer que seria bonito ver a equipa nacional aviar, em duas penadas, os dois povos europeus que mais nos afundaram no marasmo de onde nunca sairemos. Só um outro povo contribuiu mais para isso, este a que pertencemos: circunstância que também é tida em conta pela selecção, pois tanto sofrimento é pura penitência, ao gosto dos que inventaram o milagre de Fátima.
Alguns apontamentos fotográficos da Avenida dos Aliados, dando conta de que os génios também esquecem.
Algures pelos idos de setenta, creio que já depois de os cravos terem espingardado, havia, no Leixões, um jogador chamado Fernando. Esta recordação poderá parecer bizarra, estranho que sou ao clube de Matosinhos e estranho que me ele é, mas tem explicação. Esse Fernando era o rei dos repetidos, em cromos que comprávamos/surripiávamos, envolvendo manhosos rebuçados que íamos buscar a uma manhosa mercearia, algures em Paranhos. Talvez exagere, mas, em cada dez guloseimas que iam para o lixo - tão enjoativas se haviam tornado -, quatro ou cinco traziam o boneco mal impresso desse Fernando.
Esta nota é para ficar aqui como um lembrete, para que volte ao assunto, em tendo disposição. Hoje percorri, a pé, a Avenida dos Aliados de Siza, Souto de Moura e Rio. Se a parte Rio me causa natural apreensão, pois é sempre de esperar o pior, admito que nunca me quis envolver na contestação ao projecto dos dois arquitectos, pelos motivos que aqui fui expondo, mas, também, porque acreditava que os arquitectos poderiam surpreender-me. Hoje, estou convencido de que estive errado. Aquilo é o deserto. Não há bancos (dos de sentar, que os outros lá permanecem), as pombas concentram-se, em massa, na Praça da Liberdade, onde há árvores mais frondosas (excepto as que são abatidas pelas gaivotas), não há incentivos a estar, apelos à fruição do espaço por cidadãos de todas as idades (não está tudo pronto, suponho, mas parece-me que aquilo não terá muito mais por onde andar). O charco, ao cimo da avenida, é patético. Repito: o charco. Salvam-se os candeeiros de iluminação pública. Mas tanto estardalhaço para que apenas se aproveitem os lampiões é muito pouco.
Post retirado do Viagem pelas ruas da amargura, simplesmente porque já lá está tudo e, assim, é mais fácil (mantenho os "bolds" postos pelo Paulo).
«Último parágrafo da crónica de Miguel Sousa Tavares no “Expresso” de hoje
(aqui reproduzido por não ser assinante):
«“Ao contrário da maioria das opiniões, não penso que os actuais males de
que padece a nossa informação tenham que ver com maus jornalistas. Essa
parece-me uma acusação demasiado fácil para ser deixada no ar,
sem sequer se tentar perceber as razões que impedem o bom jornalismo. E estas, a
meu ver, são, essencialmente, duas: as dificuldades crescentes no acesso
à informação e a debilidade económica das redacções
para fazerem, já não digo um jornalismo de investigação, mas ao menos um jornalismo de rigor. Estamos a cada vez mais reduzidos a um
“jornalismo sentado”, à espera do toque do telefone ou da denúncia de fontes não
identificáveis. E feita por uma nova geração de jornalistas miseravelmente paga, mal ensinada e mal treinada, sem condições
sérias de trabalho e sem nenhuma motivação para cumprirem o sonho, a vocação e o
sentido de missão que os levou a quererem ser jornalistas. É uma profissão
nobre, que o ar dos tempos vai aos poucos reduzindo a um estatuto de
desilusão e impotência. Mas disso, quem quer saber?”»
Avançam e recuam, por estratégia e com critério, para que neles recaia o prazer futuro.