

Hoje tentei, uma vez mais, dar-me ao trabalho de ler a croniqueta da idolatrada (por alguns) Helena Matos. Como pode endeusar-se coisa tão má?, pergunto eu. Coisa tão básica, adianto. Coisa tão parola, no sentido urbano do termo. É que, enquanto leio, começam a "dar-me os nervos", como diria Eusébio.
Lembra-nos o blasfemo CL que Rui Rio também é vice-presidente da Comissão Política Nacional do PSD. A situação do país ganha contornos cada vez mais graves. Torna-se, realmente, imperativo o recurso a eleições antecipadas.
E se arranjassem um regime de excepção para que Rui Rio possa ser o novo presidente da Câmara de Lisboa? Já que da capital vêm, desde a primeira hora, rasgados elogios ao autarca cá da terra, a ideia era capaz de vingar. Pensem nisso. Força, Portugal! É vosso! Basta querer. Obrigado!
Parece que Santana Lopes poderá ocupar o lugar de Durão. Como vivo no Porto, não votei contra ele.
Parece que Durão Barroso poderá abandonar o barco para se pôr na Comissão Europeia. Não me apetece fazer analogias com histórias de roedores e embarcações, façam-nas vocês. E quem sou eu para sugerir que, quando as perspectivas de um mau resultado eleitoral ganham forma, a impoluta e consensual grandeza europeia vem a calhar?
O excelente Terras do Nunca faz um ano. Atinge a veterania bloguística sem que tal lhe pese na pena, ou no teclado. Os leitores (eu) agradecem.
Até hoje, neste blogue e no precedente, só se falou de Luiz Felipe Scolari para dizer mal. Agora, há que dizer bem, pois o homem está a dar cartas, quer na escolha da equipa, quer na leitura do jogo e na forma de agir, a partir do banco. Mas não estou a dar o braço a torcer: ou o homem tem dupla personalidade, ou repetiu as experiências do Dr. Jeckill, ou há ainda muita coisa que está por explicar.
Um cravo vermelho na boca, no que à tradição sanjoanina diz respeito, é velho símbolo carregado de erotismo, imaginem os leitores porquê. Digo sanjoanina, por motivos evidentes, mas o símbolo é relacionado com os restantes santos populares, faz parte das muitas tradições pagãs associadas ao solstício de Verão e mantidas em festividades que de religioso têm pouco mais do que a designação. Houve uma coincidência, portanto, que, segundo história não propriamente confirmada, levou uma florista lisboeta a pôr essas flores de época nos canos das espingardas que derrubaram o Estado Novo. Nesse ano de 1974, escreveram-se coisas como as que agora transcrevo:
Nada tem jorrado desta fonte. Lamento. Há afazeres que me têm afastado de tudo, inclusivamente dos computadores, o que, nestes tempos, poderá parecer estranho. Não se pense, porém, que o estiolamento possa sugerir que a fonte secou. Muito pelo contrário, está apenas a carregar baterias.
Evidentemente, poucos são os eleitores que votam a pensar na Europa. Em todos os quadrantes políticos, incluindo a coligação de direita. Os resultados de hoje são uma clara mostra de descontentamento com os que nos desgovernam e que, é bom que fique dito, não podem desculpar-se com a abstenção, pois não o fizeram em situações que lhes foram favoráveis. Basta lembrar, por exemplo, os dois referendos com que contribuiram para agravar o atraso de Portugal.
E os bloguistas de direita, sempre tão rápidos a reagir às questões da actualidade, estão, maioritariamente, com problemas de acesso à Internet. Les pauvres...
Não resisto a citar FJV, em crónica publicada no meu jornal:
Scolari não presta, já toda a gente sabe, excepto Gilberto Madail e uns quantos comentadores. A selecção nacional não tem qualquer tipo de coerência táctica, não tem fio de jogo, não tem nada. Pôr a titular um especialista em banco dos suplentes, caso de Rui Costa, é deitar fora uma substituição. O mesmo em relação a Fernando Couto e até no que respeita ao sacrossanto Luís Figo, que, a dada altura, pareceu ter desistido de jogar.
É isto que se arranja. E não disse que queria ser pintor. Nem uso bigode.
À margem do choque que sempre uma morte inesperada constitui, o assunto do dia assusta-me. Porque me assusta a incontornável (?) febre imediatista em que andamos. Febre dos media, dos comentadores, dos políticos, da própria vida.
Uma vez mais à custa de Luís Filipe Menezes, a história da fusão entre o Porto e Gaia volta a ser falada. Quem me lê, sabe que eu não tenho nada a ver, em matéria de simpatias políticas, com o presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia. Aliás, nem é ele que aqui está em causa. O que se passa é que, como já vi umas bocas a respeito do assunto, que, além de desconhecimento histórico, denotam umas comichões algo esquisitas, pelo que, sem perder tempo com explicações, limito-me a reproduzir aqui um texto que, noutros tempos, escrevi noutro local. Parece-me natural que uma cidade cresça, e, se noutros casos pode haver dúvidas, a unidade do Porto e de Gaia é coisa muito, muito antiga.
Há um tipo de patriotismo tipicamente americano, que pouco diz aos europeus. Não porque sejamos menos patriotas (teremos de sê-lo?...), mas porque não andamos cá apenas desde 1776 e o tempo encarrega-se de nos pôr um pouco de tino na cabeça. Esse patriotismo, exacerbado quando a direita americana governa (a equipa do falecido Reagan trabalhou em força com esse propósito), manifesta-se de várias formas. Uma delas é a necessidade que os americanos têm de proclamar a nacionalidade aos quatro ventos, onde quer que estejam. Outra é a mão sobre o coração quando toca o hino. Outra são as casas enfeitadas com a bandeira das “broad stripes and bright stars”. Ora, Portugal, pelo menos aqui a minha cidade (não tenho circulado pelas terras pátrias), está que nem a América. Em cada casa, cada janela, cada varanda, o estandarte verde-rubro veste-nos de um patriotismo que em nada deve ao cultivado pelo Uncle Sam himself. Porquê? Porque vamos ter cá um campeonato de futebol. Ou seja, o Euro-2004 é a única forma de levantar alto o nosso patriotismo à americana, que no resto do tempo fica enfiado na gaveta. Como sabem os leitores, gosto de futebol. Porém, o nosso patriotismo não teria de ser tão folclórico. Evito, porque me causa grande pena, pensar que só a selecção nos faz sentir portugueses. Mas devo estar enganado. A culpa, se calhar, é da dupla Figo/Belmiro, que anda para aí a vender bandeiras ao desbarato, quando fariam melhor em distribuir comida aos portugueses que passam fome e nem casa têm para pendurar a bandeira.