Há um tipo de patriotismo tipicamente americano, que pouco diz aos europeus. Não porque sejamos menos patriotas (teremos de sê-lo?...), mas porque não andamos cá apenas desde 1776 e o tempo encarrega-se de nos pôr um pouco de tino na cabeça. Esse patriotismo, exacerbado quando a direita americana governa (a equipa do falecido Reagan trabalhou em força com esse propósito), manifesta-se de várias formas. Uma delas é a necessidade que os americanos têm de proclamar a nacionalidade aos quatro ventos, onde quer que estejam. Outra é a mão sobre o coração quando toca o hino. Outra são as casas enfeitadas com a bandeira das “broad stripes and bright stars”. Ora, Portugal, pelo menos aqui a minha cidade (não tenho circulado pelas terras pátrias), está que nem a América. Em cada casa, cada janela, cada varanda, o estandarte verde-rubro veste-nos de um patriotismo que em nada deve ao cultivado pelo Uncle Sam himself. Porquê? Porque vamos ter cá um campeonato de futebol. Ou seja, o Euro-2004 é a única forma de levantar alto o nosso patriotismo à americana, que no resto do tempo fica enfiado na gaveta. Como sabem os leitores, gosto de futebol. Porém, o nosso patriotismo não teria de ser tão folclórico. Evito, porque me causa grande pena, pensar que só a selecção nos faz sentir portugueses. Mas devo estar enganado. A culpa, se calhar, é da dupla Figo/Belmiro, que anda para aí a vender bandeiras ao desbarato, quando fariam melhor em distribuir comida aos portugueses que passam fome e nem casa têm para pendurar a bandeira.
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