Uma vez mais à custa de Luís Filipe Menezes, a história da fusão entre o Porto e Gaia volta a ser falada. Quem me lê, sabe que eu não tenho nada a ver, em matéria de simpatias políticas, com o presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia. Aliás, nem é ele que aqui está em causa. O que se passa é que, como já vi umas bocas a respeito do assunto, que, além de desconhecimento histórico, denotam umas comichões algo esquisitas, pelo que, sem perder tempo com explicações, limito-me a reproduzir aqui um texto que, noutros tempos, escrevi noutro local. Parece-me natural que uma cidade cresça, e, se noutros casos pode haver dúvidas, a unidade do Porto e de Gaia é coisa muito, muito antiga.
"A ideia de juntar Porto e Vila Nova de Gaia numa só cidade é, diga-se, mero cumprimento de uma formalidade, já que ambas - as gentes de ambas, entenda-se - partilham desde sempre vivências culturais, económicas, sociais. A cidade, enquanto elemento vivo, não corresponde à divisão política que o rio (o Douro, não falemos aqui do outro) determina, pelo que a fusão é perfeitamente exequível e até desejável. E o alargamento do Porto até faria sentido para outras direcções, atendendo à continuidade urbana. Assim podem crescer as cidades, e basta recuar cerca de cem anos para lembrar que a Foz do Douro não fazia parte do Porto, onde entretanto se integrou com toda a naturalidade.
"Quando Luís Filipe Menezes fala no assunto, porém, parece haver uma dose de demagogia que retira brilho ao projecto. Mais do que um visionário, Menezes é ambicioso, o que nem é defeito, excepto se o que está em causa é a ambição pelo poder, se o que determina as propostas mais não é do que o assalto a um cargo. Mas a ideia merece ser intensamente debatida, não apenas a nível local mas no âmbito de uma extensa revisão administrativa de que este país evidentemente necessita, por uma série de problemas que a criação de novos concelhos para cumprir promessas eleitorais vai agravando. A fusão do Porto com Gaia demonstraria que assim tem de ser, pois não faz sentido colar, pura e simplesmente, um município urbano a outro onde subsistem muitas freguesias rurais. Se idealizo a fusão das cidades é a fusão das cidades que idealizo, para que o novo burgo possa ser gerido e planeado por uma lógica urbana, evitando prejudicar e ser prejudicado por freguesias como Crestuma, Olival ou Perosinho, entre tantas outras. Perder-se-iam eleitores e população na grande metrópole, é certo, mas, mesmo assim, ela ganharia um enorme peso suplementar, que tornaria gritantes as muitas carências estruturais ainda existentes."
1 Comments:
A fusão deverá ser de toda a AMPorto. Não para criar cargos para egos de Menezes ou outros, mas com os mesmos recursos fornecer os mesmo ou ainda mais serviços públicos. E tem que acontecer nos próximos 10 anos !!!
www.nortugal.blogspot.com
22:37
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