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quarta-feira, fevereiro 07, 2007
Até parece que passo a vida a ver televisão, mas enfim... Chamou-me a atenção, ontem, o primeiro documentário sobre os finalistas desse passatempo dos Grandes Portugueses. Afonso Henriques visto por Leonor Pinhão. Eu não voto, mas, se já era verdade que nunca votaria no primeiro rei, mais certo seria agora que o não fizesse. Houve imprecisões várias, mas isso é inevitável quando se fala de alguém de quem a posteridade sabe, realmente, muito pouco. Algumas imprecisões mais ingénuas, como omitir que a versão contada do "milagre de Ourique" foi fabricada no século XVII, já que, originalmente, não tinha sido o próprio Cristo crucificado a aparecer ao monarca, mas S. Tiago... Mas essas imprecisões pouco importam, já disse. A figura, envolta na bruma dos séculos, presta-se a isso. Porém, há exageros insuportáveis, como a preocupação de tentar "demonstrar" que Portugal só o foi após a conquista de Lisboa...
Vindo de quem vem, não surpreende, ou não vivesse a autora ao serviço do benfica. É que pouca gente se lembraria de abrir um programa sobre D. Afonso Henriques com imagens de Eusébio da Silva Ferreira...
Etiquetas: Grandes Portugueses
5 Comments:
Certamente o D. Afonso Henriques foi o primeiro benfiquista e nós é que não sabemos...
18:14
Nota Mental: A Leonor Pinhão não tem mesmo salvação... Obrigado meus deus audiovisual, por ontem por me teres guiado para o meu DVD, em vez do 1º canal e evitar o vómito... já chega a campanha do referendo..
19:30
O sr. também cometeu imprecisões.
A Tradição do Milagre de Ourique data já do Século XIV(bem medieval), e tudo indica que vêm do tempo do próprio Rei Fundador. É verdade que o tempo colou-a muito à Tradição da Aparição de São Tiago de Leão e da Galiza. Independentemente do Juramento que foi encontrado no século XVII, a Tradição do Milagre data das crónicas medievais do Século XIV, e está bem viva em Ourique e em Panóias desde sempre(apesar de andarem a especular sobre lugares mais ao centro).
Um Facto: Portugal só foi devidamente reconhecido com a aquisição de Lisboa e Santarém. Existe ainda a Tradição de São Vicente, que liga o Fundador a Lisboa.
Saudações cordiais
14:38
Caro homónimo,
Se bem que um post num blogue não tenha ambições de precisão, não estou a dar com as imprecisões. Sobre o milagre, apenas disse que foi transformado numa aparição de Cristo no século XVII, acrescento que pelos autores da "Monarchia Lusitana" (presumo que o próprio frei Bernardo de Brito), cuja preocupação de provar a legitimidade da coroa portuguesa, em tempo de dominação filipina, passou largamente pela reconstrução dos mitos fundadores. Quanto à fundação de Portugal, como bem informado que mostra ser, deverá saber que é uma insanável questão que divide a historiografia. Há quem escolha a via tradicional e o tratado de Zamora, há quem prefira a "oficialidade" da bula "Manifestis probatum" (se bem que o Papa não fosse exactamente a ONU), há quem escolha o momento em que o jovem Afonso se armou cavaleiro, há quem pugne por escolher como marco a batalha de S. Mamede... veja lá que até há quem já queira ver Portugal na doação do Condado Portucalense ao conde D. Henrique... A conquista de Lisboa é uma nova versão, a tradição de S. Vicente fica sempre bem. Realmente, isto dos santos é que abençoa um país. Não fosse, antes de Afonso Henriques, o sagaz Diego Gelmirez, bispo de Compostela, ter roubado a "cabeça de S. Tiago" que vinha a caminho de Braga, não era preciso ter ido buscar o S. Vicente nem haveria corvos nas armas de Lisboa...
Saudações cordiais
23:36
Caro Pedro,
Haveria sim senhor.
E a tradição possui bases verídicas sim senhor. É um altissímo símbolo alquímico de Osíris e de Ressureição. Penso que Santiago está, como também deve supor, profundamente ligado a Prisciliano e à Gallaécia e Lusitânia em geral.
Ainda:
Data para a fundação política: 1128, em São Mamede - Guimarães.
Data para a Fundação Espiritual: 1139, em Ourique - Panóias.
Abraço
12:12
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