Ponta Delgada, S. Miguel
Tantas são as peculiaridades anedóticas da blogosfera portuguesa!... Quando França interditou aos estudantes o uso de símbolos religiosos, toda a gente tinha opinião. Agora, que o nosso Governo mandou retirar os crucifixos da escolas públicas, parece-me que estão todos calados que nem ratos.
Antes que concluam alguma coisa, devo esclarecer que, para mim, as duas situações são claramente distintas. Se em França estava a jogar-se com a individualidade dos alunos, seja opção ou imposição, a medida agora conhecida em Portugal é um reflexo necessário da separação entre o Estado e a Igreja. De tal forma a decisão me parece óbvia que, quando vi as notícias, só perguntei, na ignorância de quem já saiu da escola primária há uns tempos: "O quê? Ainda há crucifixos nas salas?!...".
Hoje foi dia de reacções, com as excelências reverendíssimas episcopais a atirarem-se ao ar, vendo desvanecer-se mais um pouco do incontestado poderio construído ao longo dos séculos. Mas houve uma outra reacção, que talvez esteja associada ao silêncio de muitos blogues, em particular por parte de alguns liberais que andam a engolir sapos. O candidato Cavaco está "surpreendido". Passo a citar, do "Correio da Manhã": "Nos termos constitucionais, há uma separação entre o Estado e a Igreja, mas não se pode ignorar que na sociedade portuguesa predominam os valores do Catolicismo".
Serão estas opiniões que qualificam um presidente da República? Como já tornei público, com a minha cruz é que ele não conta.
3 Comments:
Viva,
Concordo. Em primeiro lugar sublinhaste, e bem, que a situação francesa e a portuguesa são bem distintas porque uma é do foro privado e a outra é do foro público.
Quanto a Cavaco será que vou ser mesmo obrigado a ouvir este tipo de comentários por 10 anos. Vou dormir agarrado ao crucifixo para ver se não me acontece essa desgraça...
Abraço,
22:28
Se o crucifixo nunca me atormentou, e como o POS, também julgava ter desaparecido das salas de aula, passa a atormentar-me a possibilidade de numa quinta-feira qualquer, um Presidente da República Portuguesa, poder pedir ao Primeiro-Ministro de Portugal, a reposição do dito.
19:04
E quando nos parece que já tudo foi dito sobre um determinado assunto, eis que parece que nunca chega tudo o que se diga...
Obrigado a todos
AMNM
14:35
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