0 comments | segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Tenrinho seria se me surpreendesse com as folias do rei momo que habita a Quinta da Vigia. Demite-se porque não está agarrado ao cargo e recandidata-se porque não foge às responsabilidades. Alegadamente. Dizendo-se perseguido pelo partido que governa o país, vai criando no eleitorado que o sustenta (saberão os madeirenses porquê) a nítida imagem do inimigo "colonialista" e rotulando desde logo a oposição interna que poderia ter (fraca, talvez, sempre incipiente), cortando as veleidades dessas forças aliadas aos malfeitores. E pisca o olho aos descamisados do continente, solidarizando-se no combate ao centralismo lisboeta. Assim, não vá dar-se a ínfima possibilidade de o tiro lhe sair pela culatra, prolonga o mandato até 2012. O centralismo lisboeta existe, sim, mas não se combate subvertendo a democracia e transformando-a em mecanismo de uma autocracia legitimada. Bastou apertar a torneira que tão copiosamente tem feito jorrar fundos sobre a região autónoma, accionada por pressões a que nos habituámos e com a eterna complacência (ou receio) do poder central, para voltarmos a ouvir o rugido alarve da sanha anticontinental. Agora, os colonialistas saberão com quantas bananas se faz uma canoa. Uma canoa que não deve inspirar confiança, pois precisa do Estado português para se aguentar à tona do Atlântico. Uma canoa feita de folclore e fogo de artifício, julgo eu que alheia ao sentimento dos madeirenses, que se julgarão portugueses e não pobres oprimidos sob a canga da potência colonial (potência colonial, isto?...). Mas voltarão, decerto, a dar o aval à boçalidade.

Nem sou dado a essas coisas do patriotismo, mas parece-me adequado, neste momento, deixar aqui a enorme Dulce Pontes, cantando "O Amor a Portugal" sobre o tema de "C'era una volta il West", do genial (tantos adjectivos) Ennio Morricone.