1 comments | segunda-feira, julho 24, 2006

Amílcar Paulo era visita diária lá de casa e vice-versa, chegadíssimo amigo do meu Pai. Há muitos anos, no tempo em que as Pessoas eram vivas. Qualquer pessoa que saiba alguma coisa sobre o Judaísmo, em Portugal, ouve o nome desse homem sem indiferença. Cresceu no tempo dos judeus ainda secretos e a esse secretismo se manteve fiel, de algum modo. Mas foi um dos grandes estudiosos dos marranos, desvendou e publicou muitos dos segredos dessa gente (também a gente dele) que (em Trás-os-Montes, em Belmonte...) lhe abriu as portas. Foi um grande amigo de Israel, através dele conheci, ainda miúdo, judeus de todas as paragens. Gente boa, amiga. Um deles - pasmem os ignorantes -, professor universitário e cidadão americano, dos maiores maiores mãos-largas que já conheci. Desde miúdo convivi, de algum modo, com Israel. Desde miúdo aprendi a admirar as coisas boas do Estado de Israel. Mas não levei com um menorah na cabeça, ficando por tal impossibilitado de a utilizar. Se sei ter um olhar crítico em relação aos que acusam Israel de tudo e de nada, o mesmo sucede em relação aos que tomam o partido do Magen de David e rotulam todos os que têm opinião contrária de anti-semitas. Geralmente, são estes os mais intolerantes. Os grossos, os malcriados (um passeiozito pela blogosfera portuguesa é elucidativo). São grossos e malcriados porque são ignorantes. São ignorantes porque só os ignorantes crêem garantidamente que o não são. A História, se alguma coisa nos mostra, é que nada pode resumir-se à existência de bons e maus. E ensina-nos a necessidade do distanciamento, a importância do discernimento. A não ser para os que, na História, apenas escolhem um acontecimento qualquer para marcar o início dos tempos que lhes interessam. Pode ser o holocausto, pode ser o rapto de dois soldados israelitas... Aprenderam, provavelmente, com gente como o animador televisivo José Hermano Saraiva, que vê na História, como li numa entrevista qualquer, o mero testemunho do que se passou. Porém, como assim aprenderam, sempre viverão sem perceber nada do que os rodeia.

1 Comments:

Blogger MCP said...

E dessa ignorância se vão alimentado estes esquemas de chico-esperto de meia dúzia de tipos que acham que podem mandar no mundo.E até conseguem.
Por isso a história se repete, porque as razões profundas permanecem. Indefinidamente. Se já não há muita gente que pense, menos há quem o faça com um mínimo de distanciamento.
Para isso é preciso imaginação, espírito crítico - coisas que não se educam, podem sempre ser perigosas...

PS: Parabéns pela qualidade dos textos. Muito bem feitos.

21:10

 

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