Casa dos "bolinhos de amor", EN 15, Penafiel
Onde estou há gente, vozes, berros, por vezes, telefones a tocar, televisores ligados para ninguém. De quando em quando, uma gargalhada. Rostos sorridentes, rostos carrancudos. Sempre o ruído da maquinaria informática, subtil e persistente a limar os ossículos do ouvido. Há luzes fluorescentes, ar condicionado, fumo. O meu e o dos outros. Temos janelas mas vemos paredes, houve já quem se lembrasse de regar plantas de plástico, falsas como o chão e como o tecto. Papéis muitos, de jornal e de outras gramagens, amontoados aqui, alinhados acolá, escritos, rabiscados, imaculados...
No meu monitor há outros ares, flores verdadeiras, chão de pedra, banco corrido. A imagem do meu "desktop", que vai variando, é agora esta que vos mostro, mais uma roubada com o telemóvel (sempre aquilo serve para alguma coisa). Faltam os ditos "bolinhos de amor" e a garrafa de verde branco caseiro, isento dos rigores normativos que, às vezes, também servem para estragar o vinho. Comi-os e bebi-o.
Nota: a imagem foi feita por mim, em colaboração com o olhar do J. Paulo Coutinho, que também partilhou o capricho gastronómico.
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