Desliza-me o pensamento entre dimensões contraditórias, voga entre o tempo e a vida, entre as oportunidades desencontradas e os momentos desgarrados. Não digo que necessitasse de um outro eu, apenas de outras circunstâncias. Às vezes. Há uma espécie de dor controlada, uma estranha tomada de consciência tirada dos instantes em que, sabendo-o, somos do que não é nosso. É como estar de pé no parapeito e conseguir um estranho equilíbrio de forças, saltando em frente e, ao mesmo tempo, a aplicar em sentido contrário a força que nos mantém numa firme instabilidade. Não se trata de qualquer estado depressivo. Não me estou a subestimar, nem aos ensinamentos do tempo que passa. É apenas uma espécie de perplexidade cómica, algo como sonhar com a chave do totoloto um dia depois de ter sido sorteada.
Repararam que ando um bocado piegas? Ilusão vossa. Isto passa.
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