10 comments | terça-feira, junho 07, 2005

Isto não é má vontade. Nem bairrismo. Mas hoje ouvi, no programa matinal de notícias da RTP, algo que me deixou banzado, ainda por cima numa rubrica intitulada "Bom Português". Não foi calinada, admito, mas foi novidade para estes ouvidos. Falavam do quê (q, 17.ª letra do alfabeto) e chamaram-lhe "quê de nove". Percebi à primeira, há para ali uma parecença gráfica, q = 9... Mas, convenhamos, "quê de nove" é algo como "ésse de cinco" (S = 5) ou "éle de um" (l = 1). Bem sei que são coisas que se dizem aos meninos, para aprender a distinguir as letras (desnecessário, diga-se, pois a única confusão possível seria com a letra C, que se lê cê). Também eu aprendi dessa maneira, mas era "quê de haste" ou "quê de cauda". "Quê de quá-quá" (arghhh!...) já ouvi muitas vezes, "quê de nove" é que nunca, até porque a letra em causa não aparece na palavra nove. Presumo que seja um expediente lisboeta, que nem provoca um espanto assim tão grande. Afinal, a simplificação verbal em voga na capital faz com que, por exemplo, cabide sirva para designar cabide e cruzeta, que, como muitos saberão, são coisas completamente diferentes.

10 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Por que razão "q de nove" é "linguajar olissiponense"? Estranho (pre)conceito...

20:58

 
Blogger POS said...

Pode ser, pode ser. Mas ouvi pela primeira vez a gente de Lx. Na verdade, gosto é de fazer estas pequenas provocações, que não têm de ser levadas muito a sério.

Presumo que este Anonymous seja o mesmo que me veio fazer, pessoalmente, um comentário idêntico...

21:42

 
Anonymous Anónimo said...

É certo que sou natural do Douro Sul, apesar de ser um Sul rente ao Douro. É certo que, por isso, não pertenço à pura casta dos tipos do Norte. Mas é certo que desde criança que sei da existência do tal q de nove. Serei dina de habitar o Porto?

21:32

 
Anonymous Anónimo said...

Queria dizer "digna", claro.

21:34

 
Blogger POS said...

Cara Anonymous, claro que é digna de habitar o Porto, como qualquer pessoa. Não levemos estas coisas tão a sério... Talvez eu seja precipitado e ignorante, como ignorantes são todos aqueles que me mostraram desconhecer tal coisa, numa pequena sondagem, entre gente supostamente esclarecida, que fiz antes de escrever o post.

15:33

 
Blogger POS said...

E "pura casta dos tipos do Norte" é coisa que não me passa pela cabeça. Sou portuense, nunca fui outra coisa, aqui nasci. Mas as minhas raízes estão nos distritos de Castelo Branco e de Leiria. Ou seja, se o importante fosse o sangue, eu seria geneticamente mouro. Este bairrismo é uma coisa mais política, assente na noção de inúmeras desigualdades promovidas pelo buraco negro que é Lisboa. Há ainda a questão do futebol, que só tem interesse enquanto manifesdtação tribal e animalesca, mas civilizadamente animalesca, se é que tal definição faz sentido.

15:38

 
Anonymous Anónimo said...

Estamos de acordo. Estas coisas não são mesmo para levar a sério. Mas gosto muito de saber das suas origens e fico a aguardar pela fotografia. Pode ser tipo-passe.
Para terminar, um pequeno mas importante desacordo. Essa de achar que todos têm o direito de habitar o Porto... A começar pelo nosso desvairado autarca...
Desculpe o anonimato, mas tem muiiiiito mais graça.

23:22

 
Anonymous Anónimo said...

Ai, ai, ai!...

15:11

 
Anonymous Anónimo said...

Blog mais desparatado, tentam tratar de assuntos sérios e só sai é borrada, essa treta de seres contra os de Lisboa por tudo e por nada é um bocado triste! E eu sou Portuense...

20:41

 
Blogger POS said...

Prezado João Maior, apenas posso aconselhá-lo a prosseguir o caminho que trilha, permitindo-me dar-lhe dois conselhos: aprenda a ler, compreendendo, e a escrever, respeitando.

Saúde!

14:57

 

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