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domingo, março 25, 2007
Se mais fosse preciso, o suspense com que chega ao fim essa pessegada dos Grandes Portugueses, em torno da votação em Oliveira Salazar, chega para demonstrar o péssimo serviço público que está a ser prestado pela RTP, no momento em que anda mergulhada num exagero de auto-elogio a propósito do 50.º aniversário. Verdadeira ou não, legítima ou mera desinformação posta a circular como estratégia de marketing, a pseudopopularidade de Salazar pode encerrar múltiplos perigos, que se centram num simples conceito: num país onde impera a desistência a e a dormência do pensamento, mergulhado numa crise que faz a maioria da população apertar o cinto e pô-lo ao pescoço, é demasiado fácil o enraizamento de sonhos messiânicos, em torno de salvadores paternalistas que reponham/imponham a ordem e o pátrio fervor montado nas caravelas. Nem para ensinar o concurso serviu, já que os documentários foram fracotes, atendendo à matriz panegírica a que todos tinham de obedecer, e os debates foram condicionados, de forma a tirar impacto às poucas vozes críticas (seriamente críticas) que escaparam ao crivo dos produtores (o tratamento dado a Luís Reis Torgal foi sintomático). Escolher o "Grande Português", para qualquer pessoa que se interesse minimamente pelas coisas da história, é um absoluto disparate. Como jogo, é admissível, e, em verdade, não passa de um jogo. O problema está na circunstância de as pessoas não o entenderem como tal, ou não fosse este um país em que um outro jogo, o futebol, é o maior dos desígnios nacionais.
Etiquetas: Grandes Portugueses
1 Comments:
Tens razão Pedro. Assisti, acho, à totalidade da última edição do "Grandes Portugueses" e não podia ter ficado mais arrepiado. Entre os falantes, acho que só mesmo o Jaime Nogueira Pinto e o Paulo Portas (este por falta de comparência...) ficaram satisfeitos. E aquela declaração final do Dacosta deixou-me estarrecido, acho que poucas vezes um jornalista foi tão expressivo, sentido, veemente, taxativo. Vou ter uma péssima noite, estou certo...
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