Todo este imbróglio com o "Women on Waves" é, unicamente, mais um sinal da tacanhez que nos governa, da anedota crescente em que se transformam os gabinetes ministeriais, centralizados ou deslocalizados, tanto faz. Não adianta escrever muito sobre a bafienta moral da direita e a necessidade que os que a defendem têm de a impor pela força. Com a decisão de manter o navio holandês fora das 12 milhas, o Executivo mais não fez, porém, do que dar um tiro nos pés, reforçando a imagem que a opinião pública internacional tem do nosso atraso. Proporções salvaguardadas, a imagem de Portugal lá fora é comparável à que, noutros tempos em que se matava e morria em África, Rui Patrício foi vaiado na Assembleia Geral das Nações Unidas e Marcello Caetano foi apupado em Londres, organizando depois, em Lisboa, uma patética manifestação de desagravo.
P.S. Claro que não gosto nem um bocadinho do ministro dos Assuntos do Mar. E da Defesa, já me esquecia. Mas tenho-o como inteligente. Portanto, é um actor dos bons, ou seria incapaz de dizer, sem rir às gargalhadas, que deixar passar o "Women on Waves" poderia retirar autoridade ao nosso país, futuramente, no combate à pesca ilegal. Disse aquilo com a costumeira pose de estadista, sem vacilar. O disparate é tão grande, que o homem merece um Oscar.
Correcção: O navio chama-se "Borndiep". Erradamente, assumi que tinha o nome da organização Women on Waves. Fica feita a correcção e ficam pedidas as desculpas.
1 Comments:
É muito verdade o que escreveu. O que mais custa é o atestado de imbecilidade que nos querem passar os palhaços que só sabem meter água.
23:42
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