| quarta-feira, abril 21, 2004

Em casos como esta história do apito dourado, um dos insanáveis males, porque inevitável, é a febre na recolha de comentários. Numa fase em que ninguém sabe nada de mais, há, normalmente, o comentário boçal e o comentário banal. O boçal é o que aplaude o que ainda não é para aplaudir, do estilo “eu bem dizia que o sistema anda para aí” ou “o mal mora para cima do Mondego”, o banal é o que se congratula com as acções da polícia, como se agir não fosse a obrigação deles. A seu tempo, resguardados da febre mediático-imediatista, surgirão factos merecedores de comentários minimamente construtivos. Para já, vão-se ouvindo as atoardas do costume, como o discurso que clama pela limitação de mandatos dos dirigentes desportivos, como se de instituições públicas se tratasse (safa, que até pareço liberal!...). Claro que não pensariam assim se não houvesse um clube dominador, no futebol português, e se esse domínio não se confundisse com o (longo, é certo) consulado de determinado dirigente.

P.S. – Defendo há muito, isso sim, a limitação de mandatos no poder local, mas isso é outra história.