| sábado, abril 17, 2004

Disse à TSF o maior saltimbanco do populismo erudito, a propósito de José Saramago: "Não me parece que num momento em que desenvolve uma teoria sobre o voto em branco, que é antidemocrática, seja a melhor altura para o primeiro-ministro ir almoçar com ele". Nem do romance nem do que tenho ouvido depreendo que Saramago ande para aí a apelar ao voto em branco. Dele (do voto em branco) partiu, apenas, para uma criação literária, panfletária ou o que se lhe queira chamar. Porém, apelidar as teorias desenvolvidas no "Ensaio Sobre a Lucidez" de "antidemocráticas", como que a dizer que o eleitorado precisa de rédea curta, para respeitar sem reservas o sacrossanto sistema partidário e, por arrasto, alguns parasitas que nele pululam, faz-me lembrar as atitudes de personagens do próprio romance, que talvez o ilustre eurodeputado ainda não terá lido.