Muito relativa é essa verdade de que da discussão nasce a luz. Por vezes, quando somos tentados a debater, percepcionamos o perigo de apenas estarmos a permitir à parte antagónica que empole o que cremos serem atoardas, ou seja, contribuímos para engrandecer aquilo com que não concordamos, pois pior do que um burro só um burro com visibilidade acrescentada. Nenhuma validade é, por isto, retirada à premissa de que cada um tem o direito de expressar a respectiva opinião. Mas não é verdade que todas as opiniões sejam válidas. Não há ninguém que, numa ou noutra circunstância, nunca tenha pensado, a propósito de algo que ouviu ou leu: “Que barbaridade”, “este gajo é um imbecil”, “é do mais desonesto que tenho visto”, “que grande besta”, “falas do que não sabes”, “cantas bem mas não me encantas”, “o que tu queres sei eu”, “falas de barriga cheia”, “quem te viu e quem te vê” e por aí fora...
Sabendo, à partida, que a discussão dá em nada, perguntamos aos nossos botões: Vale a pena tentar explicar alguma coisa? Nem sempre.
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