Aí está! Custou balúrdios, demorou seis anos a ser construída e alimenta toda a sorte de sentimentos. Mas aí está, inevitavelmente marcante, concreta, palpável. A Casa da Música é daqueles empreendimentos que dão visibilidade às cidades, é uma prova de vida. Claro que este nosso Porto precisa de muito mais. O centro histórico, pintado com a fachada de património mundial, degrada-se contínua e inexoravelmente, o metro (chamemos-lhe assim) tarda em ser verdadeiramente funcional e tem um tarifário obsceno, a gestão autárquica continua a ser pequenininha e birrenta (não há alternativa à vista), o processo de desertificação progride sem que alguém faça algo palpável contra isso, a vida cultural, por obra do poder local, já teria sido declarada inútil e alienante, as pessoas fecham-se nos guetos domésticos e arejam pelos centros comerciais, a pobreza desfila ante a indiferença...
Mas aí está a Casa da Música. Pode ter defeitos, com certeza que os tem, mas faz com que o mundo olhe para esta cidade, algo que talvez não acontecesse desde o dia em que se esperava que a Ponte da Arrábida caísse, só porque nunca ninguém antes se atrevera a fazer tamanho arco de betão.
Que nunca se calem as vozes críticas, perfeitamente legítimas, mesmo que pouco mais veiculem do que rancores pessoais. Mas como eu gostava que esta cidade vivesse muitos momentos como o de hoje. Momentos de vida. Momentos de afirmação. De orgulho.
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